“Um angolano em Macau”

Diz que “a seguir ao Vinicius de Moraes”, o poeta-cantor brasileiro, é “o único preto-branco” que existe. Na verdade, seguir o rasto da sua identidade implica uma viagem de geografias distantes, um mundo repleto de diferenças

 

Angola (Luanda) é a terra de origem de Alexandre Correia da Silva – Xana, para os amigos – e o lugar da juventude. Aos 17 anos de idade estava em Portugal para se licenciar em Direito. Nos doze anos que passou por terras lusas trabalharia nos ministérios da Agricultura e das Finanças. Em 1980 chega a Macau para ficar, na altura, como Inspector das Actividades Económicas.

 

Actualmente dedica-se à advocacia, profissão que exerce com sucesso, sendo um dos advogados do norte-americano Steve Wynn, o magnata do jogo em Las Vegas que alarga o seu império em Macau.

 

Dedica “o máximo de tempo” ao exercício da presidência da Associação Angola-Macau, pois as origens, diz, guardam-se perto. Quando lhe sobra algum tempo joga golfe, apenas pelo prazer. “Puro swing”, sem negócios por perto. O futuro? “Já fiz três filhos, plantei uma árvore e escrevi um livro de histórias para os meus filhos…” Talvez o regresso a Angola.

 

 

 

E Luanda aqui tão perto

 

 

 

Quando foi apresentada a Associação Angola – Macau (AAM) ao público, Alexandre Correia da Silva, o seu primeiro presidente, lançou o desafio para a união das associações lusófonas de Macau numa única federação, ressalvando que cada uma deve ocupar o seu espaço e intervir nas áreas que considerem ser necessárias.

 

Nas suas palavras, as grandes linhas de acção da Associação que criou passam por, em primeiro lugar, “fazer os angolanos em Macau sentirem-se em casa”, pois o processo de adaptação a uma realidade completamente diferente levanta dificuldades que requerem um apoio continuado. Em segundo, há que dar a conhecer outra Angola, “uma outra imagem do país para além da guerra”, longe dos estereótipos da pobreza terceiro-mundista. “A guerra já acabou, já não é verdade”, diz Correia da Silva. “O país está a refazer-se”.

 

Para revelar essa imensa Angola, para lançar um olhar mais profundo à terra rica em recursos e as gentes de uma cultura tão diversa quanto ancestral, a AAM aposta forte em diversas actividades, desde recreativas, culturais e desportivas até às informativas ou de simples convívio.

 

A apresentação pública da AAM decorreu  no passado dia 9 de Julho, no salão Lagoon do hotel Landmark, em Macau. Depois de um jantar que contou com duas centenas de pessoas, entre elas o embaixador angolano em Pequim, João Manuel Bernardo, realizou-se uma festa onde cerca de 400 pessoas dançaram ao som da música do DJ Madabaya, um dos animadores mais populares das noites angolanas.