Algarve na China profunda

Na cidade de Lijiang, na recôndita província de Yunnan, é possível comer minchi ou galinha à portuguesa. Trata-se de um restaurante, de nome Algarve-Sol, aberto por um jovem empresário de Macau que um dia resolveu mudar de vida

Algarve-Sol é o nome deste restaurante de comida de Macau na cidade histórica de Lijiang que o Chefe do Executivo da RAEM fez questão de visitar na sua recente deslocação à província de Yunnan. O proprietário é um ex-corrector da bolsa, Victor Leung, jovem empresário da RAEM que se apaixonou à primeira vista, em Fevereiro de 2004, pelo estilo de vida pacato da cidade. Dois meses depois de ter visitado Lijiang, Victor juntou as suas poupanças e partiu rumo a Lijiang para abrir o restaurante a que resolveu dar o nome de “Café Algarve-Sol”, nome inspirado numa viagem que fez ao Algarve, a região mais a sul de Portugal. O nome deve ter igualmente sido sugerido pela existência em Macau, desde há décadas, do café-restaurante Algarve Sol, muito popular entre a comunidade macaense. A jovem na fotografia é a sua esposa, que conheceu já em Lijiang, com quem namorou durante nove meses antes de se decidir casar e se radicar de vez. O espaço está localizado numa mansão de características tradicionais numa rua do centro histórico da cidade especialmente dedicada à restauração em regime de parcerias público/privadas. Um mecanismo implementado pelo Governo local para promover a indústria turística da cidade que vive do reconhecimento da UNESCO como Património da Humanidade, justificado pelos mais 800 anos de história de Lijiang, antiga escala obrigatória da “Rota do Chá” no Sul da China.
O novo restaurante foi alvo das atenções tanto por parte dos residentes de Lijiang – que se prestaram desde o início a apoiar o projecto – como dos muitos turistas estrangeiros que ali afluem, transmitindo à cidade o que Victor descreve como “o ambiente UNESCO”. Quanto às opções do cardápio, caracterizam-se pela variedade e o “exotismo” não faltando nele nem o tradicional “minchi”, nem a típica “galinha à portuguesa”da gastronomia macaense.
Quanto à decoração do espaço, que empresta ao restaurante/bar/café um ambiente de intimidade, resultou da generosidade de um artista plástico natural de Kunming, um habitué do “Algarve-Sol”, que se ofereceu para pintar a estilização de um sol numa tela de grandes dimensões, que reflectisse o conforto informal associado ao nome do estabelecimento.
No ano passado, o restaurante recebeu a visita da secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, cuja apreciação do restaurante terá sido bastante favorável. Com efeito, na primeira oportunidade que teve, durante a sua visita oficial a Yunnan, para participar no 3º Fórum para a Cooperação e Desenvolvimento da Região do Grande Delta do Rio das Pérolas (RGDRP), o Chefe do Executivo, Edmund Ho, encaminhou toda a sua comitiva oficial de 30 elementos para o “Algarve-Sol”. Aproveitou a pausa para tomar um café e trocar dois dedos de conversa com o seu conterrâneo em terras distantes.
Finalmente, a iniciativa de abrir um restaurante de Macau em Lijiang parece não ter sido uma má ideia. Pelo menos isso é sugerido pelo facto de, nos últimos tempos, outros restaurantes de Macau já terem aberto as portas em Lijiang, num elogio implícito ao espírito pioneiro de Victor Leung.