Para além das nuvens

Yunnan, ou na sua tradução literal, lia sul das nuvens" é melhor descrita como uma terra de diversidade, sendo a província chinesa que alberga o maior número de minorias étnicas - que perfazem cerca de um terço da população - e a mais vasta biodiversidade do país.
Para além das nuvens

Localizada no extremo sudoeste da China, Yunnan faz fronteira com o Mianmar (antigo Burma), o Laos e o Vietname, com os quais partilha o Rio Mekong.
A noroeste é contornada pela Região Autónoma do Tibete, a norte pela Província de Sichuan e a este pela Região Autónoma de Guanxi e pela Província de Guizhou.
Yunnan, que corresponde a cerca de quatro por cento do território nacional, estende-se por uma área de 394 mil quilómetros quadrados – área sensivelmente idêntica à da Alemanha – e tem cerca de 44 milhões de habitantes – perto de metade da população alemã.
Atravessada pelo trópico de Câncer, no extremo sul, e pelas cordilheiras do Tibete, a norte, Yunnan oferece visões tão díspares como a de uma floresta subtropical ou picos montanhosos cobertos de neve, de uma beleza natural única no globo. Yunnan foi imortalizada pelo romance de James Hilton, Horizontes Perdidos, onde o autor descreve as idílicas paisagens de Shangri-Ia, na região Oeste da província.
É na variedade de climas e ao ritmo das estações que se rege a economia da província, assente maioritariamente na produção agrícola – de tabaco, de cana-de-açúcar e de diversas plantas únicas no país, muitas das quais utilizadas como ingredientes da medicina tradicional chinesa. Também desempenham um papel importante a exploração mineira de alguns dos mais importantes recursos naturais nacionais, como os metais não ferrosos, e, mais recentemente, o lucrativo sector do turismo, que em 2004 rendeu receitas no valor de 4,6 mil milhões de dólares norte-americanos.
Uma das províncias menos desenvolvidas do Continente, Yunnan foi englobada no programa económico de “abertura ao mercado Oeste”, lançado em 1999 pelo Governo Central, para revalorizar o interior rural e as regiões ocidentais do país. Ac tualmente é uma das nove províncias que, juntamente com as duas regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong, constituem o bloco económico da Região do Grande Delta do Rio das Pérolas, vulgo ‘9+2″. Um projecto que visa dinamizar a cooperação regional afirmando-se com um primeiro mercado de consumo comum do Continente.

Dada a sua localização geográfica, Yunnan desempe nha desde tempos remotos o papel de elo ligação entre a China e a região do Sudeste Asiático. As Rotas da Seda faziam aqui uma paragem obrigatória, trazendo consigo todo um espólio cultural que ainda pode ser observado nos nossos dias. Actualmente Yunnan constitui um importante pólo na cooperação entre a China e os restantes países da ASEAN e também com o resto do globo.

 

Minorias

 

Yunnan alberga 25 minorias étnicas, cada uma com os seus usos, costumes, dialectos e, inclusivamente, religiões que passam pelo islamismo, taoismo e budismo. As suas raízes genealógicas remontam, entre outros, aos manchus e aos tibetanos. Compostas por pelo menos oito mil elementos e distribuídas por vários pontos da província – algumas em isolamento quase total – as minorias representam mais de 30 por cento da população de Yunnan.

Gastronomia

 

Dada a diversidade étnica da província, a gastronomia de Yunnan é uma amalgama de tradições. Em termos de especiarias, pode ser comparada em pujança ao paladar picante da vizinha província de Sichuan. Um factor que distingue a culinária de Yunnan é a profusão, nos pratos tradicionais, de flores, de cogumelos e espécies silvestres diversas.

Kunming

 

Fundada em 765 A.C. com o nome de Tuodongcheng, a cidade de Kunming assumiuse, desde a sua mudança de nome, durante a dinastia mongol de Yuan (1271-1368), como o centro político e económico da província de Yunnan. É ladeada por montanhas por todos os lados excepto pelo sul, onde é banhada pelo vasto Lago Dian – que serviu de modelo para a construção do Palácio de Verão em Pequim. O enquadramento geográfico criou um microclima que rendeu a Kunming a designação de Cidade da Primavera. Admite-se que Marco Polo tenha visitado a cidade no séc. XIII e descrito as suas maravilhas

A Floresta de Pedra

 

A uma centena de quilómetros de Kunming, capital de Yunnan, agigantase a Floresta de Pedra (Shilin), uma das maravilhas naturais do mundo. Blocos maciços de rocha cinzenta a perder de vista no horizonte apontam para os céus assumindo as mais diversas formas esculpidas pelo desgaste da erosão milenar. Investigações científicas apontam para que, há 270 milhões de anos, a área estivesse completamente submersa

Dali

 

Dali é uma cidade de história e cultura.
Estrategicamente localizada na encruzilhada das rotas para o Mianmar e o Tibete e a dois mil metros acima do nível do mar, Dali foi durante séculos o centro do poder da região e o ponto de intercâmbio entre o Sudoeste Asiático e a China. Fortes, templos e torres de culto polvilham a paisagem da cidade.
O próprio Kublai Kan, famoso líder militar mongol e imperador da China do século XIII, deixou ali uma placa a assinalar a sua conquista

 

Lijiang

 

A cidade antiga de Lijiang (Património Mundial) é um labirinto de pavilhões em tijolo, telhados adornados e pátios interiores e exteriores, geometricamente desenhados.
Fundada no séc XIII, Lijiang passou a fazer parte da lista de património mundial da UNESCO em 1997, tendo estado na base da decisão o facto de a sua arquitectura ser caracterizada por “uma mistura de elementos de diversas culturas que foram entrando em contacto ao longo de vários séculos”

 

 Shangri-la

 

Rezam as investigações chinesas que a expressão mítica de Shangri-Ia, sinónima de paz e harmonia pela via do isolamento, terá as suas raízes no extremo Oeste de Yunnan. É que o romance de James Hilton, “Horizontes Perdidos”, que conta a história de três pilotos americanos que se despenham na rota sino-indiana e que apresenta pela primeira vez ao Ocidente a expressão “Shangri-Ia”, coincide com os registos oficiais de Yunnan. Pelas paisagens idílicas das montanhas espelhadas em lagos de águas cristalinas, admite-se que o autor descrevia a cidade de Zhongdian, junto à fronteira com o Tibete

Banna

 

A região de Banna, ou Xishuangbana, localizada na ponta Sul de Yunnan, junto às fronteiras com Mianmar e Laos, abriga os 20 mil quilómetros quadrados de floresta tropical de Yunnan. Enquanto habitat natural do elefante asiático e de uma espécie protegida de símios únicos no Sudoeste Asiático bem como de mais cinco mil espécies vegetais, Bana é conhecida como o “Reino das plantas e dos animais” ou simplesmente por “A esmeralda do trópico de Câncer”.

Agricultura e biologia

 

A agricultura e a biologia aplicada à farmacêutica são, por excelência, as principais indústrias de Yunnan. O tabaco, a canade- açúcar e a cultura de algumas ervas medicinais únicas no país e utilizadas na medicina tradicional chinesa constituem as principais exportações da província.
Um dos produtos mais representativos é o Sanqi (falso Gingseng) cultivado há mais de 400 anos. O ‘Compêndio de Medicina”, redigido na dinastia Ming (séc. XVI), alerta para que ‘não seja trocado nem por ouro” quando o descreve como o melhor tonificante do sangue.

Reservas minerais

 

A indústria mineira representa o segundo pilar económico da província.
As reservas minerais de fósforo são as maiores da China e as segundas maiores do Mundo. Ao nível nacional, a província contém os maiores jazigos de zinco, chumbo, estanho, cádmio, índio e tálio.
O valor potencial dos depósitos dos mais de 150 tipos de minerais descobertos na província foram avaliados pelo Governo Central em cerca de 375 mil milhões de dólares norte-americanos.

Revitalização do interior rural

 

Yunnan é uma das províncias mais carentes do interior rural chinês. Em 2004 o Produto Interno Bruto da província atingiu os 37 mil milhões de dólares norte-americanos – já constituindo um aumento anual na ordem dos 11,5 por cento. No mesmo ano o PIB per capita situou-se nos 840 dólares norte-americanos, ocupando o 29° lugar no ranking nacional. liderado por Xangai. Yunnan é um dos principais focos do plano de revitalização dos meios rurais lançado no início deste ano no âmbito do 11° plano quinquenal de desenvolvimento da China, tendo como objectivo equilibrar a disparidade económica entre o interior do país e as províncias costeiras.

Projectos on-line

 

Mostrando a sua adesão às novas tecnologias, Yunnan criou diversas páginas electrónicas, como, por exemplo. a www.
investyunnan.org, onde são especificados os projectos públicos – nas indústrias agrícola e mineira e não só – a que o investidor estrangeiro se poderá associar. Essas páginas apresentam igualmente informação sobre os incentivos destinados a atrair o investimento do exterior. Todos os procedimentos, documentação adequada e descrição da actual conjuntura económica e comercial da província podem ser encontrados on-line. É ainda dado destaque à emergente indústria transformadora e ao recém-criado parque de alta tecnologia.

Investimento precisa-se

 

Para além da agricultura, a reflorestação, a pesca e indústrias afins, Yunnan também precisa de investimento que lhe permita exportar outra das suas mais-valias, a energia eléctrica. Dotada já de uma vasta rede infra-estruturas hidroeléctricas, a província pretende ligar as suas redes de distribuição à província de Cantão e, num futuro próximo, ter condições para fornecer energia aos países com os quais faz fronteira. Outras indústrias em que é encorajado o investimento estrangeiro são as têxtil, química, farmacêutica, mecânica, dos transportes e das comunicações, além da prospecção e exploração de recursos minerais. O investimento estrangeiro é ainda encorajado em sectores como o turismo e o entretenimento.