Um homem completo

Empresário, pintor e calígrafo, filantropo e patriarca de uma das mais importantes famílias chinesas de Macau, Chui Tak Kei faleceu no dia 24 de Outubro. Durante várias décadas foi uma das figuras mais destacadas da comunidade chinesa de Macau. Com Ma Man Kei e Ho Yin (pai de Edmund Ho) manteve sempre contactos com os representantes da administração portuguesa, tendo desempenhado papel de relevo na resolução do chamado caso “1,2,3”.

 

Presidente da Associação de Beneficência Tong Sin Tong e vice-presidente da Associação Comercial, Chui Tak Kei dominava a língua portuguesa. “Foi dos primeiros líderes chineses de Macau a perceber o papel de Macau no diálogo entre a China e Portugal. Os portugueses perderam um grande amigo”, nota Carlos Marreiros, que recorda as suas facetas de pintor e calígrafo. O Museu de Arte Nacional da China adquiriu algumas das suas obras.

Carlos Marreiros destaca também o papel de Chui Tak Kei no apoio à cultura. “Foi um dos grandes impulsionadores do Festival de Artes de Macau e, quando dirigi o Instituto Cultural, contei sempre com a sua colaboração”.

Natural de Macau, onde nasceu em Julho de 1911, Chui Tak Kei foi empresário da construção civil. Era presidente honorário da Associação dos Construtores Civis de Macau. “Um construtor de grande ética e rigor, que honrava sempre os seus compromissos e respeitava todos os que trabalhavam com ele”, sublinha Carlos Marreiros.

No campo político foi vice-presidente da Assembleia Legislativa de Macau. Em 1988 foi substituído no cargo por Edmund Ho. Integrou também o Conselho Consultivo da Fundação Oriente, o Conselho Consultivo do Governador de Macau e desempenhou funções no Leal Senado de Macau. Membro da Comissão Preparatória da Região Administrativa Especial de Macau e da Comissão de Selecção que elegeu o primeiro Chefe do Executivo, da Comissão de Redacção da Lei Básica e director da Associação Promotora da Lei Básica.

“A vida de Chui Tak Kei foi um exemplo de amor à sua Pátria e a Macau. Foi notável a sua dedicação e empenho no processo do regresso de Macau à China, especialmente, na elaboração e fase de consulta da Lei Básica de Macau”, refere Edmund Ho na mensagem de condolências enviada à viúva e restante família.

O Chefe do Executivo enalteceu a figura do empresário e político, destacando o seu “espírito empreendedor no domínio da intervenção cívica, da filantropia, da cultura, da educação e do desporto”. Para Edmund Ho, “o seu legado ímpar e sentido nobre ficarão na memória e no coração de todos”.

Foi condecorado pela administração portuguesa com medalhas de Mérito Filantrópico e Cultural e a Comenda da Ordem do Mérito e de Grande Oficial da Ordem do Mérito.

No início deste ano, Chui Tak Kei recebeu a Medalha de Honra Grande Lótus, a mais alta condecoração concedida pelo Chefe do Executivo por ocasião das celebrações do estabelecimento da RAEM. A Medalha de Honra Grande Lótus foi-lhe entregue pela sua imagem e bom nome, tanto na Região como no exterior e pela prestação de serviços de grande relevância para o desenvolvimento da RAEM.

Ao longo da sua vida, Chui Tak Kei, que tinha 96 anos, dedicou muito tempo à filantropia. “Durante a Guerra do Pacífico ajudou muitas pessoas”, recorda Carlos Marreiros. “Contribuiu muito para as áreas como a caridade, a cultura, a educação ou o desporto. Deu-nos muito apoio no desenvolvimento de serviços para ajudar o próximo”, lembra o deputado Leong Heng Teng.

Chui Tak Kei era pai do deputado José Chui Sai Peng e tio do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Fernando Chui Sai On, e do deputado Chui Sai Cheong.