A nova menina-prodígio do desporto português

A jovem tenista Michelle Brito quer chegar a número um do ranking. Depois de conquistar o mundial júnior, prepara-se para começar a triunfar no circuito internacional

 

O ténis português está à beira de ter uma atleta de nível internacional. Com 15 anos, Michelle de Brito, que no final do ano passado se sagrou campeã mundial júnior, pretende chegar ao topo do ténis feminino em dois-três anos.

A jovem portuguesa, que em Janeiro participou em Hong Kong num torneio de exibição, confessou à MACAU que em breve espera lutar pelos triunfos nos mais consagrados torneios do circuito internacional. “O objectivo de todas as tenistas é ser a número um do mundo, portanto, gostava de atingir essa meta. Sei que é preciso percorrer um longo caminho e para conseguir isso só tenho que continuar a trabalhar muito”, confessa numa manhã de sol nos courts do Victoria Park.

Apesar da sua juventude, tem já vários êxitos no currículo. Aos nove anos foi a mais jovem campeã portuguesa de sub-12 e atingiu as meias-finais de sub-14. Aos 12 conquistou à russa Sharapova o título da mais nova a vencer o campeonato mundial de juniores Eddie Herr International em sub-16. Aos 14 anos tornou-se na sétima jogadora mais nova de sempre a ganhar uma partida no WTA Tour, chegou aos quartos-de-final no famoso Roland Garros (Grand Slam Junior) e sagrou-se campeã mundial júnior.

Com nove anos despertou o interesse de Nick Bollettieri, que já formou tenistas como Boris Becker, Andre Agassi, Peter Sampras, as irmãs Serena e Venus Williams, Maria Sharapova, Monica Seles e Martina Hingis. Em poucos meses trocou Lisboa pela Florida, onde ainda hoje reside.

 

“Espero um dia ganhar o Estoril Open”

 

Na academia mais famosa do ténis mundial, Michelle Brito tem crescido como jogadora e confirmou que se trata de uma atleta com grande potencial. Agora, já não treina diariamente na Academia, mas nos courts do complexo onde vive com o pai, a mãe e os irmãos gémeos. “De vez em quando ainda passo pela Academia, mas o meu pai foi sempre o meu treinador principal. Dá-me todo o apoio”.

Na actual temporada, Michelle Brito vai disputar dez torneios profissionais, entre os quais o Estoril Open. “Há muito que quero jogar no Estoril Open, que considero ser a minha casa, pois antes de ir para os Estados Unidos tinha o hábito de ir ao Jamor assistir ao torneio”, nota com um sorriso nos lábios. A jovem portuguesa, que está muito feliz por regressar às origens, não esconde que sonha vencer a médio prazo o Estoril Open.

A residir nos Estados Unidos há cinco anos, afasta categoricamente a hipótese de mudar de nacionalidade. “Não quero ser e não vou ser americana. Gosto de ser portuguesa”, garantiu, sublinhando que “gostaria de representar Portugal nos Jogos Olímpicos”. Em Pequim não vai ser possível, mas, provavelmente, em Londres. Em 2012, Michelle Brito espera ser uma das líderes do ranking mundial.

 

Seis horas de treino por dia

 

O dia-a-dia de Michele Britto é muito agitado. Treina três horas de manhã e outras tantas à tarde. O dia termina sempre com uma sessão no ginásio de 90 minutos. Entre as 11h30 e as 15h30 desloca-se ao Edison Academic Center. “Não é fácil conciliar os torneios com os estudos, mas tenho sido boa aluna”, nota.

Gosta de ler, de nadar, de ir ao cinema, de ouvir música. Não esconde que é fã de Justin Timberlake, que ouve com regularidade no iPod que a acompanha para todo o lado, sobretudo nas viagens que tem que fazer para participar nos torneios que preenchem parte da sua vida.

O pai mostra-se satisfeito com a evolução de Michelle. “O serviço está a melhorar muito. É agressiva, ataca muito, gosta de aproveitar as bolas mais curtas para concluir o ponto”, explica.

Michelle Brito, que não gosta de perder, é uma filha que não dá muitos problemas. O único senão é o tempo que passa em frente ao espelho e a escolher a roupa de marca, que gosta de vestir. “Só é difícil fora do campo, pois demora muito tempo a sair da cama e a arranjar-se para ir treinar”, revela o pai, que confessa alguma saudade de Portugal e da comida portuguesa. “Nem televisão portuguesa temos na Florida”, comenta António Brito.

Michelle Brito vai aproveitar a presença no Estoril Open para matar saudades, sobretudo da avó que reside no Restelo. E para pôr o português em dia, pois é cada vez mais difícil expressar-se na língua materna. “O inglês é o idioma de comunicação. Só agora, que está cá o Gastão Elias (outra promessa do ténis português que está a trabalhar na Academia de Nick Bollettieri) é que usamos o português”, observa António Brito.