Macau nas “Duas Reuniões” Sob o signo da diversificação

Nas reuniões da Assembleia Popular Nacional (APN) e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), que decorreram de 3 a 13 de Março, falou-se mais de Macau do que em anos anteriores

 

Nas reuniões da Assembleia Popular Nacional (APN) e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), que decorreram de 3 a 13 de Março, falou-se mais de Macau do que em anos anteriores. O décimo aniversário da RAEM e a futura transição para o novo governo coincidem com um momento em que é preciso reestruturar parte do tecido económico. Diversificar foi a palavra mais ouvida.

Na sessão de abertura da APN, no discurso do primeiro-ministro Wen Jiabao, foi salientada a necessidade de se “promover um nível apropriado de diversidade na economia da RAEM”. A afirmação do primeiro-ministro acontece na sequência da mensagem deixada na visita realizada, em Janeiro, a Macau pelo vice-presidente Xi Jinping. Além da importância dada à diversificação da economia, Wen salientou que Macau deve, juntamente com Hong Kong, aprofundar a integração no espaço do Delta do Rio das Pérolas a vários níveis. Além da anunciada construção da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai, o primeiro-ministro referiu que vai entrar em funcionamento um projecto de utilização do yuan como divisa para as trocas comerciais no espaço Macau-Hong Kong-Guangdong. O Governo Central também se comprometeu a dar um forte apoio às empresas de pequena e média dimensão de capitais de Macau e Hong kong com negócios e investimentos em Guangdong – companhias que estão a sofrer bastante com os efeitos da crise financeira internacional.

Na reunião entre representantes das duas regiões administrativas especiais à APN e CCPPC, o vice-presidente Xi Jinping entrou em mais detalhe quanto à concretização do que foi delineado por Wen Jiabao. Também no seguimento da mensagem que deixou na visita à RAEM em Janeiro, Xi sublinhou a importância do desenvolvimento conjunto da Ilha da Montanha para a diversificação da economia de Macau e para o reforço da cooperação com Zhuhai e a província de Guangdong. Nesse sentido, as autoridades da RAEM e da província vizinha deverão elaborar um plano de desenvolvimento conjunto da ilha adjacente a Macau.

Em declarações à Revista Macau, a deputada pela RAEM na APN, Paula Ling, sublinhou o alcance da mensagem forte que o Governo Central transmitiu no que diz respeito ao futuro do desenvolvimento de Macau. No entender de Ling, “a integração económica de Macau na realidade do Delta do Rio das Pérolas e a criação de sinergias com diversos agentes económicos vizinhos tem como objectivo “ultrapassar as lacunas decorrentes da exiguidade do território da RAEM que se quer próspera e economicamente desenvolvida”. Em concreto a diversificação deve, aos olhos de Leonel Alves, membro da CCPPC, por um lado, “ser potenciada com um investimento imediato, mas estruturado, na educação e na formação profissional”, e por outro na especialização em serviços concretos, como “nas áreas jurídica, tradução, ensino de línguas, temos de desenvolver competências e aproveitar a nossa posição privilegiada de plataforma de contacto entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.