Chang Hexi, secretário-geral do Fórum Macau

Bom conhecedor da realidade lusófona e fluente em português, Chang Hexi é o novo secretário-geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Entusiasmado com este novo desafio, já lá vão mais de duas décadas desde que partiu para Lisboa para aprender a língua de Camões. Desde então nunca mais parou e faz agora de Macau a sua nova casa

 

Já lá vão cerca de 24 anos quando, ainda estudante, Chang Hexi rumou a Portugal para estudar português na Faculdade de Letras de Lisboa. O primeiro capítulo começava a ser escrito e desde então passou longos anos fora da China a preencher as páginas que lhe faltavam. Moçambique, Guiné-Bissau e Angola foram alguns dos destinos que se seguiram e que ainda hoje fazem com que o novo homem-forte do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa sinta saudades dos países lusófonos.

Os primeiros passos foram iguais ao de tantos outros estudantes da China. O Governo Central enviou-o para aprender português e “nada melhor do que o fazer em plena Lisboa”. Os primeiros tempos não foram fáceis, mas Chang Hexi também não os descreve como difíceis: “Foram de adaptação, como acontece em várias situações.”

Corria o ano de 1985 e o jovem estudante via-se obrigado a comunicar maioritariamente em inglês. Mas com o passar dos meses as barreiras linguísticas foram caindo e o gosto pela língua portuguesa foi crescendo à medida que interagia com a população local. Em apenas quatro anos Chang aprendeu a dominar o idioma de Camões. Estavam lançadas as bases para o então recém-formado dar o pulo para África, continente que iria descobrir enquanto percorria alguns dos países lusófonos.

Hoje em dia, Chang Hexi não se inibe de dizer que conhece “bem” os países de expressão portuguesa, “especialmente os africanos” onde passou mais de uma década na secção económica e comercial das respectivas embaixadas chinesas. Angola foi o último endereço que deixou há muito pouco tempo. Com este currículo as mais-valias parecem óbvias: reúne experiência no campo da economia e intercâmbio comercial, já trabalhou em vários países lusófonos e fala fluentemente português.

 

Enriquecimento cultural

 

Os alicerces para ocupar o novo cargo são fortes e assentam numa experiência “óptima e enriquecedora”. “Irá facilitar o trabalho que terei de desempenhar em frente ao Fórum Macau, esperando contribuir para promover ainda mais as trocas económicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa”, sublinha. Chang Hexi começou a desempenhar funções no final do mês passado, substituindo Zhao Chuang que liderou o Fórum cerca de dois meses antes de falecer em meados de 2008.

Embora tenha estado por duas vezes em Macau para acompanhar as Conferências Ministeriais, em 2003 e 2006, esta é a primeira vez que se muda para o território para cá ficar a trabalhar. Afirmando-se pronto para abraçar este “novo e estimulante” desafio, Chang Hexi não esconde que as recordações dos países por onde passou se mantêm bastante vivas na sua memória. Especialmente as amizades. “Por onde passei tive sempre muito apoio, tanto profissional como pessoal. Fiz amizades muito fortes e, como se diz, a amizade entre povos é muito importante”, refere.

É este o espírito de apoio e cooperação que Chang Hexi pretende trazer para a plataforma que serve de ligação entre a China e os países lusófonos, um espírito que, aliás, já tem pautado a actuação do Fórum. Macau, sem dúvida, “é o melhor palco para o fazer”, particularmente se se tiver em conta os desígnios do território. “Tem ligações comerciais com centenas de países e tem a grande vantagem linguística que torna o território muito próximo dos países lusófonos”, acrescenta.

Por agora, Chang está ainda a conhecer os cantos à casa que irá liderar pelos próximos tempos, procurando adaptar-se o mais rapidamente possível. O “empenho e os esforços conjuntos” são os caminhos apontados para o reforço da cooperação, num futuro que se antevê “brilhante”, conclui.