Menn Chow

Trocou os números pela arte. Já expôs e sabe que é isso que quer fazer da sua vida. Menn Chow acredita que o conhecimento é a chave para o sucesso na vida. A arte é a sua vida e é para ela que vive. Agora está em Macau, um dia talvez Paris, quem sabe...

Como é que a arte apareceu na sua vida?

Estudei Gestão de empresas. Em 2006 comecei a estudar design de moda, e dois anos depois, design de imagem pessoal. Há quem pense que só nos devemos centrar numa área. Mas eu acho que devemos enriquecer os nossos conhecimentos, sobretudo em áreas de que gostamos e das quais pouco sabemos. É isso que tento fazer. Adoro arte. Procurei um emprego nesta área e cheguei à Creative Macau através de um anúncio num jornal. É o espaço ideal para qualquer amante da arte. Pelo convívio que tenho com artistas, designers e mesmo visitantes, só tenho a ganhar. Além disso a Lúcia Lemos, coordenadora do Centro, tem-me incentivado bastante para criar, mesmo não tendo eu grande formação na área.

 

O vestido “Tower” que apresentou na mostra Extravagances foi a mais recente criação, mas não foi a primeira…

Em Agosto já tinha participado na exposição Cosmopolitan Macau, com a obra “Imported Rose”. Foi uma combinação entre um vestido e um poema sobre o que penso das raparigas, de diferentes países, que acabam por vir trabalhar para Macau, uma cidade cada vez mais cosmopolita. Algumas, como se sabe, têm histórias muito tristes. Neste trabalho tentei retratar a vida destas mulheres através de um vestido branco com uma mensagem: “Eu tenho qualidades interiores positivas.”

Em Dezembro junto-me a mais um projecto na área da moda. O tema é “The Importance of Being Earnest”, que é uma peça que li para o meu curso de mestrado.

 

Pensa fazer da arte uma forma de vida?

Agora estou a estudar literatura, a arte da escrita. Isso enriquece os meus conhecimentos e dá-me perspectivas de futuro. Posso fazer mais coisas.

 

Onde procura inspiração?

Tudo o que me rodeia é uma fonte de inspiração: um programa de televisão, um livro ou uma pessoa. Tudo neste mundo pode ser estudado e provocar uma ideia. Pessoalmente adoro os artistas europeus e a forma como se focam numa ideia e a desenvolvem.

 

Macau é actualmente um bom local para se dedicar às artes?

Eu acho que o Governo tem apoiado a educação artística. Há mais espaços de arte em Macau e estão a surgir novos talentos, sobretudo jovens. Mas para ser honesto, viver apenas da arte, em Macau, é ainda muito duro, sobretudo se não se conseguir vender o trabalho fora de portas. Falta ainda muito para que a sociedade olhe para a arte como algo que faz parte do quotidiano. A arte não é apenas para as gentes ricas, mas para todos.

Há muitos sítios com exposições mas o problema é que temos de andar à procura, não é como em Hong Kong. No Soho, por exemplo, basta caminhar um pouco e logo se encontra centenas de galerias privadas.

 

Todos temos um sonho. Qual é o seu?

Quero criar, sobretudo coisas de que gosto. E, quem sabe, daqui a dez anos mudar-me para França e continuar a desenvolver o meu trabalho artístico. Há uns anos queria criar a minha própria marca, mas hoje acredito que tal não me iria permitir viver como eu desejo…

 

Por quê essa paixão por França?

Gosto muito do Reino Unido e da França. São locais que nunca me vou fartar de visitar. Em Paris, se uma pessoa passar três dias a visitar apenas museus, galerias e centros de design, não se cansa. Antes pelo contrário, passa-se a gostar mais e mais.