Juntos na Montanha

O empenho demonstrado pelas partes envolvidas (as duas regiões administrativas especiais e a Província de Guangdong) no sentido de serem dados passos concretos na realização do desígnio da cooperação regional foi uma das tónicas do Fórum do Rio das Pérolas, realizado no mês de Abril em Macau. Por outro lado, o Chefe do Executivo Chui Sai On convidou formalmente Hong Kong a participar nos projectos da Ilha da Montanha (Hengqin) e ambas as partes vão promover conjuntamente as indústrias criativas
Juntos na Montanha

Vontade há muita, mas é preciso passar do plano das intenções para o trabalho no terreno para levar avante o desenvolvimento conjunto do Delta do Rio das Pérolas. No final de Abril, foram várias as personalidades que estiveram em Macau para participar na terceira edição do “Fórum do Rio das Pérolas” e na “Cimeira da Megalópole Mundial do Delta do Rio das Pérolas – o Presente e as Perspectivas do Futuro”, evento que permitiu partilhar ideias e discutir soluções.
E o primeiro a lançar o mote foi mesmo o secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, logo no discurso de inauguração. A ideia é simples: se tanto se fala em cooperação e diversificação do tecido económico, há que dar as mãos, e criar um mecanismo para coordenar e promover o sector das convenções e exposições a nível regional. Se o sector em Hong Kong já está maduro, se em Guangdong está em crescimento e se a RAEM também o quer consolidar, a solução deve invariavelmente passar pela união de esforços.
Este é apenas um exemplo específico, mas que pode facilmente ser adaptado a todo o mecanismo de cooperação. Isto é, a união de esforços permitirá acima de tudo poupar recursos e evitar sobreposições. No fundo, todos terão a ganhar se funcionarem como um só.

“Para Macau se transformar num verdadeiro centro mundial de turismo e de lazer precisa de outros elementos de qualidade elevada [além do sector do Jogo].” – Francis Tam (Macau)
Segundo Francis Tam, a RAEM terá de se focar em certas áreas, concretizando a aspiração de se tornar num centro de turismo e lazer internacional, constituindo com Zhuhai uma grande zona metropolitana. “O sector do jogo é apenas um dos elementos de turismo e de lazer. Para Macau se transformar num verdadeiro centro mundial de turismo e de lazer, precisa de outros elementos com qualidade elevada, maior diversificação e mais características atractivas”, afirmou o governante.
“Macau deve desenvolver a área de entretenimento, moda, cultura e arte e realizar convenções de pequena e média dimensão”, frisou o secretário. Se as parcerias entre as três partes devem ser facilitadas, acrescentou, Macau pode ainda contribuir para “abrir mercados nos países lusófonos”.
Ou seja, as três regiões devem identificar as suas especificidades e trabalhar no campo da complementaridade. Assim, as fraquezas individuais podem ser suprimidas. Ideia partilhada também por Henry Tang, secretário-chefe para a Administração de Hong Kong.

Ganhos mútuos

Para o governante da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), o Delta do Rio das Pérolas desempenhou sempre o papel de pioneiro na reforma e no processo de abertura da China. Hoje em dia, salientou, os processos estão já consolidados, mas ainda carecem de aperfeiçoamentos. Desafios existem em todas as fases, há é que saber encontrar soluções, disse Henry Tang.
Hong Kong tem o seu papel a desempenhar nestas relações tripartidas e Tang assume que é preciso acelerar o passo rumo à meta desejada, especialmente quando o objectivo é criar uma zona com qualidade de vida irrepreensível, o ambiente devidamente protegido e os pilares económicos necessariamente diversificados e sofisticados.
Assim, referiu durante o seu discurso, Hong Kong não pode bater com a porta e fazer tudo dentro das suas fronteiras. “Hong Kong é uma economia virada para o exterior. Temos de saber cooperar com as outras regiões para nos desenvolvermos adequadamente”, frisou.

 

“A consolidação de laços regionais entre Guangdong, Hong Kong e Macau e a cooperação estreita dos últimos 30 anos aprofundaram as interligações (…) entre os três territórios.” – Lei Ulan (Guangdong)

 

O sector dos serviços continua a ter um peso importante na economia da RAEHK, região que deve fortalecer o estatuto de centro financeiro mundial. E a lição parece já estar estudada. “Temos de maximizar o nosso potencial financeiro, aperfeiçoando os nossos instrumentos financeiros e de gestão”, explicou Henry Tang.
Após o seminário, o secretário-chefe para a Administração de Hong Kong disse aos jornalistas que o Chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On, convidou formalmente Hong Kong para participar no desenvolvimento da Ilha da Montanha (Hengqin). Ambas as partes acordaram ainda na promoção conjunta das indústrias criativas, avançou Tang.
Recentemente, o Governo da RAEM anunciou a criação de mais um grupo de trabalho para concretizar o projecto de integração regional, seguindo o quadro para a cooperação entre Guangdong e Macau. A ideia é reforçar o trabalho em áreas que vão desde a criminalidade transfronteiriça à exploração da Ilha da Montanha e à criação de infra-estruturas.

Futuro brilhante

Nesta nova era, o futuro promete ser “muito próspero e brilhante”, realçou Lei Ulan, vice-governadora da Província de Guangdong. “A consolidação de laços regionais entre Guangdong, Hong Kong e Macau e a cooperação estreita dos últimos 30 anos de reforma e abertura aprofundaram as interligações económicas, sociais e cívicas entre os três territórios”, lembrou.

 

“Temos de saber cooperar com as outras regiões para nos desenvolvermos adequadamente.” – Henri Tang (Hong Kong)

Agora, o aprofundamento da integração regional e a aceleração do desenvolvimento integral “tornaram-se numa fórmula comum e numa opção imprescindível” para as três partes. Neste sentido, finalizou Lei Ulan, nada deverá ser deixado ao acaso e Guangdong irá trabalhar para promover a cooperação efectiva entre todas as partes.