Langzhong

Langzhong é, de acordo com a sua página oficial, uma zona com 860 mil habitantes situada na região de Nanchong, no norte da Província de Sichuan, que em 1986 recebeu a designação, por parte do Conselho de Estado, de cidade cultural e histórica. Na língua chinesa essa zona é designada pelo carácter (市) shi, que […]
Langzhong

Langzhong é, de acordo com a sua página oficial, uma zona com 860 mil habitantes situada na região de Nanchong, no norte da Província de Sichuan, que em 1986 recebeu a designação, por parte do Conselho de Estado, de cidade cultural e histórica. Na língua chinesa essa zona é designada pelo carácter (市) shi, que significa cidade ou munícipio, mas que de facto corresponde a uma realidade mais lata, que inclui zonas rurais.
Presentemente Langzhong é conhecida sobretudo devido ao seu centro histórico, a antiga cidade de Langzhong, frequentemente citada como uma das quatro cidades antigas mais famosas da China, ao mesmo nível de Lijiang, na Província de Yunnan, Pingyao, na Província de Shanxi, e Shexian, na Província de Anhui.
Langzhong foi a capital do Reino de Ba, que foi eliminado por Qin Shi Huangdi, o imperador que unificou a China pela primeira vez, no século III a.C. Mais de mil e quinhentos anos depois, no final da dinastia Ming e início da dinastia Qing, Langzhong recuperou alguma importância na região, tendo mesmo sido a capital provisória de Sichuan. Pode-se chegar a Langzhong através do aeroporto de Nanchong, que recebe voos directos de Pequim e Cantão. A alternativa, para quem já está em Chengdu, capital de Sichuan, é apanhar um comboio – há ligações ferroviárias frequentes ao longo do dia – que demora cerca de duas horas a chegar a Nanchong. Daí há autocarros que fazem a ligação com Langzhong em viagens de cerca de hora e meia.
Em termos de alojamento, é possível encontrar no centro histórico de Langzhong desde pensões de baixo custo, com casas de banho partilhadas, até hotéis mais convencionais de três estrelas.

Uma cidade abençoada

 

É uma cidade acolhedora com muito bom feng shui (auspiciosa localização dada pelas correntes do vento e da água), já que rodeada pelo rio Jialing por três lados (sul, oeste e leste) e pelo monte Panlong, a norte, que a protege. Num perímetro maior, as montanhas ao redor têm uma altura ideal pois protegem mas não retiram céu à cidade.
Da parte térrea da torre-pagode Zhongtian, onde no tecto está a bússola de feng shui, o centro da cidade, partem nas quatro direcções as ruas que levavam às portas da muralha. No primeiro andar, encontramos a estátua de Fu Xi, segurando com as duas mãos o bagua por si criado. Segundo uma história mitológica, o primeiro Ancestral da civilização chinesa, Fu Xi, que viveu no início do terceiro milénio antes da nossa era, foi o inventor dos trigramas e terá sido concebido em Langzhong. Nasceu onde hoje é a província de Gansu, mas por três vezes aqui se deslocou. Aos 12 anos, conheceu o lugar de que a mãe lhe falava como sendo um Paraíso, onde a vida fácil e confortável, com um bom clima, contrastando com as condições contrárias do lugar onde nascera e até então vivera. Aqui volta para discutir as noções do bagua. Pela terceira vez regressa para deixar registadas nas paredes das caves a imagem do bagua.

 

Fuxi com os oito trigramas

 

Em 648, um meteorito e um tremor de terra no Sul de Sichuan foram um sinal de alerta para o segundo imperador da dinastia Tang, já que prognosticavam a mudança de imperador, ou de dinastia. O imperador Li Shimin (626-649) muito preocupado, logo mandou chamar os adivinhos, geomantes e astrónomos Yuan Tiangang e o seu discípulo, Li Chunfeng. Este revela, ao analisar todos os dados, que, após três gerações, um futuro imperador vai aparecer num local a 500 km, vindo da família Wu. Ao ouvir tal, o imperador envia cada um destes iniciados na cultura Wu Zhu à procura desse local.
Yuan Tiangang chega a Langzhong e logo se apercebe das características únicas do lugar e, ao subir à montanha Jinping, no outro lado do rio e de frente para a cidade, descobre o Dragão, que desembocava no monte Panlong, sobranceiro à povoação. Mandando escavar parte da encosta cortou o veio do Dragão e assim este monte deixou de poder gerar um imperador. Quando por diferentes caminhos Li Chunfeng aqui chega, ao seguir o Dragão encontra já a montanha a ser cortada e uma fonte a libertar o qi deste. Esta uma história que ouvimos contar no Museu do Feng Shui, situado junto à parte muçulmana da cidade antiga e onde funciona também um hotel.