Viagens pelo Grande Canal

Com 1794 quilómetros, o Grande Canal foi dragado por secções em tempos diferentes e o actual traçado vem do tempo da dinastia Yuan e permitiu viajar de barco entre Hangzhou e Pequim, estando integrado numa rede mais vasta de água que ligou pelo interior, o Sul ao Norte da China
Viagens pelo Grande Canal

A par da Grande Muralha, o Grande Canal (Da Yunhe, como é conhecido em mandarim) fascina-nos pois são duas das maiores obras realizadas por mãos humanas. A imagem que trazemos do Grande Canal é a de um longo corredor de água que tornou possível navegar pelo interior, desde o centro até às capitais que a China teve ao longo da sua história.
Ao viajar pela parte leste da China, muitos são os canais que, ligando rios, servem para o transporte de mercadorias e permitem que se use as suas águas tanto para o regadio como para chegar a muitos locais de difícil acesso que povoam este imenso país. E cada vez que à nossa frente encontrávamos um canal pensávamos estar perante o Grande Canal até percebermos que esta grande estrada de água conta com um sistema complementar que amplia e muito o seu traçado.
O Grande Canal permitiu, a partir do século XIII, viajar de barco entre Hangzhou e Pequim, num percurso que atravessa 4 províncias, 17 cidades e liga cinco grandes rios, que lhe drenam a água: desde o rio Qiantang a Sul, que banha Hangzhou, o Yangtzé (que divide o Norte e o Sul atravessando a China de Oeste para Leste, como uma grande estrada), o Huai, o rio Amarelo (o rio das capitais) e o rio Hai.
A motivação para viajar por esta via ganhou forma com uma notícia do jornal China Daily. Contava esta que, na primeira semana de Setembro de 2004, um raro congestionamento de barcos ocorreu no Grande Canal na zona de Suzhou. Um comboio de barcos, para não colidir com outra embarcação, foi embater num dos pilares da ponte Tingsiqiao, que caiu. Com o desmoronamento desta ponte, de 80 metros de comprimento e cinco de largura, milhares de barcos ficaram impedidos de continuar o seu percurso. Foi a partir daí que procurámos mais informações sobre o Grande Canal. (ver caixa)
Se há 2700 anos, no Período da Primavera-Outono, os diferentes reinos começaram a dragar pequenos canais ligando rios, com fins militares e económicos, o projecto de criar uma via privilegiada paralela ao litoral, pelo interior da China, apareceu durante a dinastia Sui, no início do século VII. Desde então, com os mesmos objectivos, acrescidos com o de transportar os alimentos produzidos nos vales férteis de Jiangnan (sul do rio Yangtzé) até às capitais das diferentes dinastias, o Grande Canal foi sendo ampliado e, por isso, o seu curso por vezes mudado.
Quem maior incremento deu a esta vasta estrada de água, o Grande Canal, foi o imperador Sui, Yangdi, que da sua capital de Leste, Luoyang, navegou por três vezes em magistrais e extensos cortejos, com dois barcos-dragão de vários andares e muitos, mesmo muitos, barcos, que com ele seguiram até Yangzhou. O barco era um palácio flutuante com telhado em cristal de onde pendiam lanternas e as colunas eram gravadas com dragões dourados.
Marco Polo, como mandarim oficial de Kublai Khan, o primeiro imperador mongol da dinastia Yuan, partiu de Pequim e viajou pelo Grande Canal até Yangzhou, onde foi governador. A embaixada de Manuel de Saldanha a Pequim teve lugar em 1670, com partes do trajecto percorrido pelo Grande Canal. Os padres jesuítas foram esperar Manuel de Saldanha a Tianjin para, com o embaixador português, fazerem o último percurso do Grande Canal até Pequim, enquanto lhe ensinavam as regras do cerimonial chinês para ser recebido pelo imperador da dinastia Qing, Kangxi (1661-1722).
Outro registo de uma viagem pelo Grande Canal fala do regresso de Pequim até Macau da primeira embaixada diplomática britânica liderada pelo Lorde Macartney, que ocorreu entre 1793 a 1794. Dos 3000 quilómetros de distância entre as duas cidades apenas uma centena foi por terra e demorou três meses, tendo usado o Grande Canal e os rios que, daí para sul, as ligavam. Meio século depois, esta estrada de água colapsou.
Por outro lado, devido ao desvio para Norte do curso do rio Amarelo em 1855 e à sedimentação do canal pelas areias dos rios, a parte do Grande Canal na região de Shandong ficou desactivada. Com o aparecimento do comboio, outras partes do Grande Canal foram entulhando, fechando assim muitos dos canais.
Mais tarde, com a nova abertura do país ao turismo, realizada a partir de 1978, cresceu novamente o interesse pela exploração desta grande obra de engenharia. Como muito do antigo traçado do Grande Canal estava intransitável, alguns novos canais foram abertos e outros desentulhados.
Em 1981 foi criada pelas entidades turísticas de Wuxi uma viagem entre Suzhou e Yangzhou e outra, desde o lago Tai, até Hangzhou. O barco colocado à disposição do turismo era uma réplica fiel do barco-dragão do imperador Sui, Yangdi. Nos finais dos anos 90, as viagens fazem-se entre Hangzhou e Suzhou e daí até Wuxi e os barcos são já normais barcos de passageiros, com dois andares. Depois, no segundo ou terceiro ano após o início deste século, a viagem deixou de se fazer para Wuxi e apenas se realizava entre Hangzhou e Suzhou, tendo sido interrompida no ano 2007. Cremos nós para ser reestruturada e colocar novos barcos, mais bem preparados para os tempos que correm e aproveitar as belezas e a História do Grande Canal.

 

 

De barco por Jiangnan

Resolvemos começar em Hangzhou, onde durante 1400 anos o Grande Canal terminava. Chegamos à praça central Wulin, o antigo cais terminal do Grande Canal, onde sabemos sair todos os dias um barco para Suzhou. Compramos para o dia seguinte o bilhete de uma cama, num compartimento de dois beliches já que os para as cabinas de duas camas estão esgotados.

Pedem para chegarmos às cinco da tarde, meia hora antes da partida. Quinze minutos depois da hora estamos a navegar pelas águas do Grande Canal. O atraso deve-se ao arrumar as bicicletas no barco do grupo de cicloturismo.
A viagem é feita à noite pela região conhecida por Jiangnan, que atravessa as terras a sul do rio Yangtzé e que dá também o nome ao canal com 85 quilómetros de comprimento construído na dinastia Qin. Partindo de Hangzhou, passa Huzhou e Tongxiang e, saindo da província de Zhejiang, entra na de Jiangsu onde, em Suzhou, terminará a nossa viagem. Mas o Canal Jiangnan segue por Wuxi, Changzhou e em Zhenjiang encontra-se com o rio Yangtzé.
A noite cai em Hangzhou quando cruzamos a ponte Gongzhen, toda de pedra com três arcos, construída em 1631. Um barco de passageiros passa transportando apenas uma pessoa, o que não é de estranhar já que a neblina e o chuviscar durante toda a tarde retira o prazer da viagem.
Os choupos enfileirados ao longo das margens empedradas são subitamente iluminados pelas lanternas vermelhas de um restaurante que, à borda da água e com estilo antigo, espera clientes. A beleza da paisagem talvez apenas se deva às sombras da noite.
O trânsito de barcos é intenso e todos são de carga, alguns grandes, onde cabem contentores, outros transportando areia, carvão ou toros de madeira. O barco com o casco plano e a proa em U, navega a rasar a borda de água. Na popa do barco, é no topo da cabina-habitação que se encontram as luzes de sinalização, com a verde no lado direito e, no esquerdo, a vermelha, deixando às escuras toda a parte da frente. Antes de se cruzarem com outros barcos, uns em sentido contrário, outros para serem ultrapassados, acendem um holofote para avisar e visualizar o tamanho da embarcação.
Junto a um desvio do canal, uma bomba de gasóleo na margem espera para reabastecer de combustível quem por aqui passa. As águas transportam detritos de esferovite e ramos de árvores. De vez em quando, uma fábrica nas margens tem o seu cais fazendo proveito desta via privilegiada de transporte.
O tamanho em largura do canal vai variando e por vezes permite que quatro barcos cruzem ao mesmo tempo, mas noutros locais a passagem de dois já é apertada.
Cruzamos com um comboio de barcos puxado por um rebocador, onde se situam as cabinas dos trabalhadores, levando atrelados dez longos barcos contentores. Um ligeiro toque no nosso barco faz-se sentir.
Se nas primeiras duas horas de viagem o buzinar é constante, depois apenas solta um estridente som ao passar por um conjunto de casas e quando se cruza com o da companhia que faz o trajecto em sentido inverso.
O barco onde viajamos tem dois andares e aproximadamente vinte cabinas, com quartos de banho comuns, a cozinha e um pequeno salão, onde são tomadas as refeições, jantar e pequeno-almoço.
Adormecemos, não sem antes sentirmos mais um toque entre embarcações e, desta vez, a pancada é mais forte.
Chegamos de manhã cedo ao destino, após mais de nove horas de viagem. Às 5h30 o barco aporta na parte sudoeste de Suzhou, junto à ponte do Precioso Cinto (Baodai Qiao) mas só nos é permitida a saída às 6h30. Dois autocarros esperam para nos levar para dentro do centro da cidade.
Baodai Qiao é considerada uma das pontes mais representativas da China e tem esse nome pois foi à custa da venda de um valioso cinto de Wang Zhongshu, governador de Suzhou durante a dinastia Tang, que esta foi construída, entre 816 e 819. Com uma extensão de 317 metros, conta com 53 arcos, tendo três dos arcos abertura suficiente para permitir que os barcos passassem para o Grande Canal. O resto da ponte servia como cais, já que ficava ao nível das embarcações que aí acostavam e facilmente descarregavam as mercadorias.
Continuamos a viagem, agora por terra, pela zona de Jiangnan. Vamos a Wuxi, que vive espartilhada por canais que a enchem de vida. Se na primeira vez que por aí passámos a confusão era grande, com um grande número de barcos em segunda e terceira filas, o que permite adivinhar que muitos deles já dali não saem há muito tempo, servindo simplesmente de habitação a famílias numerosas, o canal está actualmente limpo dessas embarcações. Por um dos extremos da cidade encontramos um extenso lago de água doce, Taihe, local de boas pescarias e onde, nas margens, crescem o arroz e os citrinos que inundam os mercados da cidade. É pelo lago Tai (Taihe) que os barcos chegam até muito próximo de Suzhou.
Seguimos para Changzhou, onde visitamos Yang Cheng, local onde se pode ver o que era uma povoação no tempo da dinastia Zhou. Em Zhenjiang chegamos ao rio Yangtzé e, atravessando-o pela nova ponte, encontramo-nos em Yangzhou. Impossibilitados de percorrer de barco o Grande Canal, desde o rio Yangtzé (Changjiang) até Pequim, preparamo-nos para visitar as povoações ao longo do seu percurso.

 

 

Ao longo do Grande Canal

Recomeçamos a nossa viagem para norte do rio Yangtzé (Changjiang), na cidade de Yangzhou, construída no início do século V a.C. pelo rei Fuchai, do estado Wu, ao mesmo tempo que abriu o Canal Hangou, para atacar o reino Qi. Este tornou-se a mais antiga secção do Grande Canal e liga o rio Yangtzé ao Huaihe. Em viagem para norte, o autocarro passa por Jiangdu e vai ao longo do lago Gaoyou, seguindo por Gaoyou e Baoying para chegar a Huai’an. São 200 quilómetros com a estrada a seguir ao longo do Grande Canal.

A partir de Huai’an vamos a Chuzhou, que dista 20 quilómetros. Chuzhou é, a partir de 2000, o novo nome da antiga povoação de Huai’na, que, até ao século XIX, era um importante pólo a nível regional, devido à sua localização no Grande Canal.
Visitamos o Museu Memorial de Zhou Enlai e daí seguimos para a casa-memorial de Wu Cheng’en, o autor do livro “Peregrinação para Oeste”. Visitamos o templo tauista da cidade e seguimos para a parte norte, onde, junto à casa museu de Wu Cheng’en, encontramos a antiga cidade de He Xia. Era um antigo local onde passava o Grande Canal e havia um armazém para guardar os produtos que circulavam por esta grande via, assim como um posto alfandegário onde era paga a passagem dos barcos. O transporte de sal fora durante muito tempo um grande negócio por estas paragens.
Depois vamos à entrada sul de Chuzhou, por onde tínhamos passado dias antes e visto a estação de elevação de águas de Jiaoling que, para além de servir para precaver as cheias, produz também energia eléctrica.
Um pouco mais à frente, encontramos a comporta 10, que liga o Grande Canal ao canal que segue para Yancheng. Ela está momentaneamente obstruída, já que o número de barcos em fila formam um comboio que se estende até para além de uma das portas da comporta e interrompe o trânsito que se aglomera em ambos os lados. Esperam um rebocador para continuar. À força de braços e com ajuda de longas canas de bambu e cordas, as manobras permitem puxar os barcos mais para a frente e assim fica livre a passagem para quatro barcos de duas toneladas, mas com os contentores vazios, entrarem para a comporta. Com as portas fechadas vai recebendo a água do Grande Canal que está a um nível um pouco superior e, em dez minutos, os barcos estão na cota necessária para navegar por entre a série de barcos mais pequenos que se preparam para se juntar aos outros no canal de Yancheng. E é nesse ritmo que a manhã se escoa.
Seguimos para Xuzhou, despertados por uma notícia de jornal que nos informa sobre a vontade da cidade de construir um museu do Grande Canal. Num lugar habitado desde o segundo milénio a.C. foi fundada a cidade de Pengcheng pelo reino Chu, no século III a.C.. Esse era o antigo nome de Xuzhou, onde nasceu Liu Bang, que em 206 a.C. se tornou o primeiro imperador Han, com o nome de Gao Zu (206-195 a.C.). E é a partir daí que Xuzhou ganha um estatuto que a eleva a segunda mais importante cidade chinesa, só atrás de Chang’an (actual Xian), a capital. Por isso visitamos o Museu de Terracota da Dinastia Han, que revela os privilégios dados à cidade durante esse período. Nas primeiras décadas do século XX Xuzhou foi palco de muitos confrontos, já que se situava num ponto estratégico. Aí os japoneses perderam dez mil soldados e muitos tanques de guerra.
É na cidade de Jining, já na província de Shandong, que actualmente termina a navegabilidade do Grande Canal. Os barcos estacionados pelos canais vão sendo carregados de carvão e areia para, numa viagem de dias, serem transportados para sul, podendo navegar até Ningbo. Em 2005, o Grande Canal foi prolongado desde Hangzhou até Ningpo, adicionando-lhe assim mais 252 quilómetros.
Entre Jining e Liaocheng, o Grande Canal cruza com o rio Amarelo (Huang He). Depois de Liaocheng, com as águas do Grande Canal a envolver a parte antiga da povoação, passamos por Linqing e Dezhou, onde o Canal conta apenas com um fio de água. Já em Hebei, Cangzhou, o Grande Canal seguia para as municipalidades de Tianjin e Pequim. Esta última secção do Grande Canal foi obra do engenho de Guo Shoujing que, em 1292, pelo Canal Tongxian, ligou a capital ao rio Hai, que atravessa a cidade de Tianjin e atinge o mar em Tanggu.
Chegados a Pequim, procuramos o início do Grande Canal. As águas que alimentam o Grande Canal no seu primeiro lanço nascem nas nascentes de Baifu, a norte de Pequim e depois vão até ao Lago Kunming, no Palácio de Verão, e daí passam ao parque de Behai. Circulam em torno do Palácio Imperial e, por pequenos canais, seguem pelo sul da cidade. É por trás da estação central de caminhos-de-ferro que entram no canal Tonghui.

 

 

O Museu do Grande Canal

Em 2007 fomos visitar o Museu do Grande Canal em Hangzhou, mas encontrámo-lo fechado por três dias. Só anos mais tarde, quando aí voltámos, soubemos que faltavam apenas três dias para ser inaugurado.

Preparamo-nos para repetir a viagem de barco no Grande Canal, mas ao chegar ao cais, este está a ser demolido. Os barcos que faziam tal viagem aí continuam ancorados, mas esta agora está suspensa por período indeterminado. Depois apercebendo-nos da movimentação que no cais ao lado se regista, com pessoas à espera e resolvemos indagar. Ficamos a saber da abertura de uma carreira de barco, que, numa curta viagem de dez minutos para jusante, encosta por breves momentos no cais de embarque de Nanxingqiao, um pouco antes de chegar ao templo Sanlang, próximo do terminal sul de autocarros, para voltar ao cais de onde tinha partido. Na viagem passa-se por uma das comportas dos canais da cidade que, apesar de fechada, deixa escorrer água para o Grande Canal e por uma ponte com três arcos e cobertura com um telhado de madeira, que a torna um lugar atraente. Também por cinco yuan, navegamos pelas águas do Grande Canal e somos levados até à ponte de três arcos, Gongchen, construída em 1631, que se encontra junto à praça onde está o museu do Grande Canal. E é assim que voltamos para visitar esse excelente museu, onde foi criado um novo pólo turístico à cidade de Hangzhou. No museu estão expostas miniaturas de barcos, as viagens marítimas ao longo dos séculos e os séculos de construção do Grande Canal, os seus patrocinadores e o modo como foram resolvidos os obstáculos que se apresentaram para fazer desta via uma ligação directa entre a capital do Norte e o resto da China.
Voltamos de barco à praça central de Hangzhou. Wulin terá sido a principal praça da cidade, pois era o local do mercado e do cais terminal do Grande Canal, onde eram descarregadas as mercadorias vindas do Norte, como peles e carvão. Em sentido inverso partiam barcos carregados com cereais e arroz. Na dinastia Xia este lugar tinha o nome Yuhang, pois foi onde de barco (=hang) chegou DaYu, o primeiro imperador da dinastia Xia, escolhido por conseguir controlar as inundações através da abertura de canais.

 

Novos projectos

A ideia do Presidente Mao Zedong em transferir água do caudaloso rio Yangtzé para o Norte da China, que se debate com problemas de seca, é de 1952. O primeiro-ministro Zhou Enlai patrocinou o proje cto para desviar a água do rio Yangtzé a partir de Jiangdu, próximo de Yangzhou e transferi-la para o rio Amarelo e o Haihe (que banha Tianjin), permitindo que barcos de grande porte passassem a poder usar de novo o antigo Canal. O Grande Canal entre Xuzhou e Yangzhou foi dragado e desde 1958 ficou navegável e a partir dos anos 80 do século XX o Grande Canal está navegável até Jining, tendo sido recuperado para aproveitar uma das grandes obras realizadas pelo Homem. Desde 1977, a estação de elevação de Jiangdu, próximo de Yangzhou para além de fornecer energia eléctrica, serve a irrigação e tem cinco comportas para a navegação. O governo de Jiangsu no início do nosso século procedeu à desobstrução do canal que atravessa a província, retirando milhares de pequenas embarcações antigas, muitas delas ancoradas há dezenas de anos que aí apodreciam e alojou em terra as poucas famílias que ainda habitavam nos barcos.

Este projecto é parte de um mega projecto que consta ainda abrir um canal no curso superior do rio Yangtzé para fazer a transferência de água potável para as cidades do Norte da China. Está projectado para começar em 2010 e espera-se que esteja concluído em 2050. Outra parte do projecto refere-se no captar a água do curso médio do rio Yangtzé, servindo para alimentar o rio Amarelo que por vezes se encontra quase sem água, permitindo o regadio dos vales entre os dois rios.
Assim, quando este grande projecto estiver concluído a China terá três grandes canais a ligar o Sul com o Norte e outros tantos rios que correm desde o Oeste para o Leste do país, criando uma vastíssima estrada de água.