Educação europeia de mão dada com Macau

No regresso da sua primeira visita oficial à união Europeia, Chui Sai On trouxe na bagagem muitas novidades. Parcerias nas áreas da educação e negócios foram acordadas, com Macau a ter um papel maior nas relações económicas da Europa

 

 

O Governo de Macau vai avançar, em parceria com a União Europeia, com um curso de mestrado em Técnicas de Tradução Português/Chinês. Essa foi uma das certezas que a comitiva oficial da RAEM em Bruxelas trouxe de volta a casa, depois de encontros com altas autoridades europeias entre os dias 8 e 13 de Janeiro.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, sublinhou ao líder do Governo de Macau a disponibilidade da União Europeia para alargar a cooperação para o desenvolvimento com a RAEM.

Num encontro com Chui Sai On em Bruxelas, Durão Barroso salientou que a União Europeia coopera com Macau e pretende apoiar a diversificação do tecido económico do território. “Tive ocasião de trocar opiniões sobre o desenvolvimento económico impressionante de Macau”, explicou Durão Barroso, salientando que Macau tem hoje “um dos melhores desempenhos a nível económico no mundo”, com crescimentos a dois dígitos e um forte excedente de receitas face às despesas feitas.

A conversa, porém, não se restringe apenas à economia. O presidente da Comissão Europeia disse ter tido conhecimento, durante o encontro com o Chefe do Executivo de Macau, do esforço que as autoridades têm feitos para encontrar novos pilares de crescimento. E a União Europeia afirma ter todo o interesse em participar nesta nova fase de desenvolvimento.  “Nós próprios, União Europeia, estamos a trabalhar com Macau nesse sentido e pensamos, por exemplo, que a cooperação na área cultural, na área da Universidade de Macau, que procura uma maior internacionalização, na área de contactos entre populações e no capítulo do intercâmbio de estudantes e investigadores é uma cooperação importante”, afirmou o dirigente europeu.

Com vontade de reforçar a cooperação, Durão Barroso considerou ainda o encontro com Chui Sai On “muito útil” e salientou que este mostrou as “boas relações que há entre a União Europeia e Macau que, aliás, se inserem no quadro das boas relações entre a União Europeia e a República Popular da China”.

Já Chui Sai On classificou o encontro com Durão Barroso como muito positivo, no qual, disse, houve oportunidade de “fazer um balanço” da cooperação realizada e também de perspectivar o futuro.

Em concreto, o Chefe do Executivo de Macau indicou o reforço das “actividades comerciais”, o “ensino superior” e as “actividades culturais, um dos aspectos que Macau está agora a reforçar”, embora tenha também salientado que no ensino superior a cooperação passa ainda pelo intercâmbio de estudantes, docentes e investigadores.

 

 

Amizades históricas

Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, classificou a deslocação a Bruxelas como “um sucesso”, referindo-se às várias áreas e programas de cooperação entre a União Europeia e Macau. Para a secretária, a conclusão positiva da cooperação fica a dever-se, numa primeira fase, à “amizade” com Portugal e à presença do país nas instituições europeias e, depois, também à amizade e forte vontade de colaboração com Macau e a República Popular da China.

Salientando que o projecto de mestrado “está ainda numa fase preliminar” e que “foram pedidas mais informações sobre o programa” que arrancou recentemente em Maputo numa colaboração com Moçambique, Florinda Chan vincou a vontade política da Administração de Macau “proporcionar todas as ferramentas possíveis aos seus cidadãos, para que estes possuam toda a capacidade de desempenhar um excelente trabalho de tradução”.

No caso de Macau, e comparativamente a programas feitos com outros países como Moçambique, Florinda Chan ressalva as diferenças, porque para os tradutores de Macau a importância é entre o português e o chinês, e não entre duas línguas mais próximas como o português/inglês ou português/francês.

“Daremos sempre preferência à qualidade. Por isso mesmo, desde 2006, quando se iniciaram os primeiros cursos complementares de técnicas de tradução com a União Europeia, nunca conseguimos preencher todas as vagas, porque exigimos sempre um grande rigor na avaliação das capacidades dos candidatos”, disse.

Desde o início do primeiro curso complementar foram formados 38 técnicos, dos quais apenas nove não tinham um curso superior de Tradução, mas todos possuem licenciaturas.

Florinda Chan mostrou-se grata às entidades europeias, pela cooperação com Macau, e disse que a visita do líder do Governo a Bruxelas terminou de forma positiva, porque quando há manifestação de vontade de continuar a colaborar, permitindo acrescentar valor à população e aos técnicos de Macau, é sempre um sinal positivo.

Esta foi a primeira visita oficial, desde que tomou posse em Dezembro de 2009, em que Chui Sai On se encontrou com instituições europeias e o Governo belga. Além do encontro com Durão Barroso, o Chefe do Executivo reuniu-se ainda com o vice-presidente do Parlamento Europeu, Libor Roucek, e com o encarregado de negócios em exercício da Missão da República Popular da China junto da União Europeia, Wang Hongjian, e com o encarregado de negócios da Embaixada da República Popular da China na Bélgica, Chen Xiaoming.

Integraram a delegação de Macau, entre outros dirigentes, a secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, e o vice-presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Macau e a União Europeia têm um acordo de cooperação multidisciplinar desde 1992 e, ao longo dos anos, têm vindo a reforçar os diversos programas.