Cerca de 250 empresários da República Popular da China e dos países de língua portuguesa estiveram reunidos em Junho em Cabo Verde, naquele que foi o oitavo encontro empresarial multilateral promovido no âmbito do Fórum Macau. O objectivo primordial foi a promoção dos laços entre a comunidade empresarial do grupo de países que integra aquele mecanismo de cooperação, numa altura crucial, dado que estará para breve a disponibilização da linha chinesa de crédito que vai potenciar ainda mais o comércio e o investimento multilateral e multissectorial.
Co-organizado pelo Instituto de Promoção dos Investimentos de Macau (IPIM) e pelo Conselho de Promoção do Comércio Internacional (CCPIT) da China, a reunião foi a concretização das acções previstas no protocolo de cooperação entre os organismos de promoção comercial e de investimentos da China e dos países de língua portuguesa, assinado em Outubro de 2003, em Macau.
Segundo Nuno Martins, administrador executivo da Cabo Verde Investimentos (CV Invest), entidade organizadora da Feira de Turismo, trata-se da segunda vez que Cabo Verde organiza o encontro, depois de a Cidade da Praia ter acolhido, em 2008, um certame que constituiu, segundo Nuno Martins, “um espaço facilitador da identificação e de implementação de oportunidades de negócio e da promoção de investimentos entre empresários dos vários países participantes”. “A reunião foi organizada de molde a, entre outros, proporcionar aos participantes oriundos dos outros países a oportunidade de acederem a uma apresentação da realidade, do contexto e das oportunidades de negócio e de investimento ora existentes em Cabo Verde”, sublinhou.
Subordinado ao tema “Investimentos Integrados para o Desenvolvimento Turístico Sustentável”, a reunião do Fórum Macau permitiu ainda aos empresários conhecer o potencial do sector turístico cabo-verdiano. Presentes no evento estiveram empresários de Macau e de outras regiões da China, de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste.
“Estes encontros servem para estreitar laços entre empresários dos vários países, para criarem um ambiente de maior proximidade entre os investidores na perspectiva de alargar o âmbito económico e comercial em todas a áreas possíveis”, explicou Marcelo Pedro D’Almeida, secretário-geral adjunto do Fórum Macau, em representação dos países de língua portuguesa, e um dos participantes do encontro.
Salientando que o encontro de Cabo Verde teve uma importância acrescida pela participação do Banco de Desenvolvimento da China – que vai gerir o fundo de mil milhões de dólares para projectos de investimento nos países de expressão portuguesa -, Marcelo D’Almeida referiu que ao olhar para este tipo de encontros não se pode esperar resultados imediatos, porque os investimentos requerem estudos, vontades e uma grande segurança.
“Os resultados irão chegar e tal como se tem conseguido aumentar, e muito, as relações comerciais entre a China e os países de língua portuguesa, também as parcerias que começam a ser desenhadas nestes encontros irão dar os seus frutos a curto, médio ou longo prazo”, afirmou.
Por outro lado, acrescentou Marcelo D’Almeida, os empresários anunciam resultados concretos, parcerias firmadas e há um trabalho anterior que em muitos casos demora semanas ou meses. “O importante é começarem a conversar e estes encontros são fundamentais para lançar as sementes desse início de conversa, dessa promoção da conjugação dos interesses de todos para um determinado sentido.”
“Neste encontro de Cabo Verde, além do interesse no diálogo empresarial, houve também o interesse em ouvir o Banco de Desenvolvimento da China, está a disponibilizar o fundo de mil milhões de dólares que todos nós, comunidade de países de língua portuguesa, de Macau e da China, vamos poder aproveitar. Vamos poder utilizar essa verba no quadro das necessidades de cada um, do valor e da importância dos projectos e da capacidade dos países em fomentar esta utilização que tem vantagens para todos”, afirmou.
Fundo para prosperar
Os representantes do Banco de Desenvolvimento da China salientaram durante o encontro da ilha do Sal o seu know how em termos de análise e de gestão dos projectos, com base na sua experiência no fundo de cooperação da China para África. Para Marcelo D’Almeida isso “é já uma garantia para as empresas de uma excelente assessoria na estruturação dos projectos, a que acresce ainda a viabilidade económica do fundo para os projectos com incidência no programa definido por todos de forma clara e aberta”.
O fundo de mil milhões anunciado em 2010 pelo primeiro-ministro Wen Jiabao, na conferência ministerial do Fórum Macau, está aberto a um conjunto de áreas da agricultura à pecuária, passando pelo turismo, infra-estruturas, comércio, educação e saúde, recursos naturais e serviços, áreas de interesse abrangentes que podem ser utilizadas na totalidade ou em parte por cada um dos países, cumprindo os requisitos exigidos para a aplicação dos fundos, mas com “vantagens claras e visíveis para todos”, afirma o representante do Fórum Macau.
“Ter uma entidade e um país que coloca à disposição do grupo de países que integra o Fórum Macau uma verba tão significativa é abrir um leque de disponibilidade de desenvolvimento para aqueles que não têm disponibilidade de investimento directo dos Estados em si e por isso, se cada um de nós souber promover e potenciar a utilização do fundo na promoção de parcerias, na concretização de projectos que promovam o desenvolvimento e contribuam para a erradicação da pobreza, estamos a contribuir para o nosso desenvolvimento, para a melhoria das condições de vida das nossas populações, para uma maior união entre estes povos que falam a mesma língua e para a promoção da economia dentro do Fórum Macau, o que em tempos de crise mundial é de extrema importância”, disse.
Marcelo D’Almeida referiu também que esta promoção do comércio, do investimento e das parcerias não seria possível sem a participação de Macau, que assume o papel de ponte, de porta de entrada na China e de parceiro indispensável na aproximação e na junção de forças entre os empresários e os governos. “Macau é o centro difusor e aglutinador de todas estas sinergias, de todos estes encontros. Cada apresentação, promoção ou reunião que é feita e que junta os países que integram o Fórum é mais um passo, pequeno ou grande, mas é mais um passo, que contribui para unir e para reforçar laços de cooperação”, salientou.
A próxima reunião de empresários no âmbito do Fórum Macau tem lugar em 2013 em Timor-Leste.