Ilha do Sal, a porta de entrada no arquipélago da “morabeza”

Ilha do Sal
Considerado sector estratégico para o desenvolvimento sustentado de Cabo Verde, o turismo conheceu nos últimos anos um incremento assinalável. Os hotéis cabo-verdianos encontram-se já entre os mais activos de África. Segundo dados oficiais, a taxa de ocupação média a nível nacional é superior a 60 por cento

 

Ilha do Sal

 

Texto José Sousa Dias, da agência Lusa em Cabo Verde

 

“Morabeza” é uma expressão crioula de difícil tradução para português. Trata-se de um misto de carinho, bem receber e de alegria e bem-estar. No fundo, a “tradiçon” de tratar de tudo, de proporcionar o conforto durante uma estada em Cabo Verde, fazendo com que o turista se sinta em casa. E essa “morabeza” é sentida em todas as ilhas, numas mais genuinamente do que noutras, consoante o grau de desenvolvimento do turismo, área em que muito se tem apostado e que, aos poucos, começa a abranger todo o arquipélago.

Os dados estatísticos da evolução do Turismo em Cabo Verde demonstram que a aposta está a valer a pena. O número de visitantes tem subido consistentemente nos últimos anos, mesmo com a crise internacional. Dados oficiais indicam que, em 2011, o número de turistas aumentou 24,5 por cento face a 2010, com Portugal a manter o terceiro mercado emissor, atrás do Reino Unido e França.

No total, segundo o último Inquérito à Movimentação de Hóspedes (IMH), elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) local, Cabo Verde registou, em termos absolutos, 475.294 entradas, mais 93.463 do que em 2010, o que representa mais de 2,8 milhões de dormidas, um aumento de 485 mil (20,7%). O aumento de turistas tem também correspondência na oferta hoteleira que, em de 2010 para 2011, subiu 9,6 por cento, permitindo incrementar o número de quartos (34,1 por cento) e camas (23,5 por cento), fruto de mais 17 novas unidades hoteleiras, maioritariamente localizadas na Ilha do Sal.

Cabo Verde oferece agora uma capacidade de alojamento de 7901 quartos e 14.076 camas, em que as ilhas do Sal (44,7 por cento) e da Boavista (31 por cento) continuam a liderar o número de unidades hoteleiras, seguidas pela de Santiago (9,6 por cento) e de São Vicente (6,9 por cento). A área do turismo em Cabo Verde já emprega 5178 pessoas, de acordo com os mesmos dados, correspondendo a um acréscimo de 27,6 por cento em relação a 2010.

Sendo este o panorama, não é de estranhar que a aposta em infra-estruturas de base comece a dar resultados. Em apenas sete anos, Cabo Verde passou de apenas um para quatro aeroportos internacionais – Sal, Cidade da Praia, Boavista e São Vicente.

Independentemente da diversificação dos destinos, a Ilha do Sal continua a ser o “cartão de visita”, graças aos hotéis, alguns majestosos outros de charme, que continuam a atrair milhares e milhares de turistas todos os anos e onde acabam por realizar-se os encontros internacionais mais importantes para o país. Com a maior oferta hoteleira das nove ilhas habitadas, com o único aeroporto que garante a aterragem dos maiores aviões, o Sal divide-se entre as localidades de Espargos e Santa Maria, a mais turística e onde se situam as melhores praias.