Loja Social com balanço “positivo”

O Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, António José de Freitas, faz um “balanço positivíssimo” da Loja Social, a celebrar um ano de actividade. Este projecto, que já deu apoio a quase 2500 famílias carenciadas de Macau, tem contado com o patrocínio das operadoras de jogo e outras entidades locais

 

Loja Social_SCM_GLP_06

 

Texto Patrícia Lemos | Fotos Gonçalo Lobo Pinheiro

 

Não são os pobres e os sem-abrigo que mais têm beneficiado com a Loja Social da Santa Casa da Misericórdia (SCMM), cuja primeira edição decorreu em Fevereiro do ano passado. É a “pobreza escondida” que não se qualifica nos programas de apoio social do governo, como o Banco Alimentar – mas está precisada de ajuda – que mais tem ganho com este projecto da Santa Casa. O provedor, António José de Freitas, não podia estar mais contente com os resultados. A adesão foi grande e a distribuição dos cabazes pode muito bem ser prolongada até 2015. Esse é o desejo da SCMM. Por agora, já foi possível angariar patrocínios para a prossecução deste projecto durante o ano de 2014. É graças aos patrocínios de todas as operadoras de jogo – sendo esta a primeira vez que entregam donativos para iniciativas da Santa Casa -, que “temos distribuição mensal garantida na ordem das 200 mil patacas até ao final do ano”.

Até ao início de Dezembro, a Loja Social tinha dado “apoio directo a mais de 2400 agregados familiares”, através da distribuição média mensal de mais de 230 cabazes. Têm sido entregues nos primeiros sábados de cada mês no Centro de Reabilitação de Cegos da Irmandade. “Não se incluem neste número os indivíduos e famílias apoiadas em situações de carência, regularmente, pela Irmandade”, salienta o Provedor.

Existem muitas lojas sociais em Portugal e a de Macau é quase um decalque das demais. “Fizemos alguns ajustamentos.” Ou seja, alimentos e artigos de higiene fazem parte dos cabazes mas não entregamos roupa como em Portugal, “porque é muito barata em Macau”.

Este projecto colmata alguns desequilíbrios sociais advindos do progresso de Macau dos últimos anos, “sobretudo ao nível das rendas e o preço dos bens de primeira necessidade, que aumentaram muito”. Visa assim “acudir a famílias que se debatem com dificuldades financeiras. São agregados que trabalham mas o que ganham não é suficiente para fazer face à carestia da vida”, sublinha Freitas.

A triagem vai continuar a cargo da Associação Geral dos Moradores de Macau e da Federação das Associações dos Operários, que “escolheram 100 famílias cada”, ao que se soma ainda os pedidos directos à Santa Casa que estão a ter resposta. Até agora, os agregados têm sido diferentes todos os meses, à excepção de 20 ou 30 que bisam nas oferendas. Entre os mesmos também estão portugueses e a SCMM dá prioridade a famílias com idosos em casa, deficientes e enfermos, famílias monoparentais “ou as que foram afectadas pelo desemprego de um dos seus sustentáculos.”

No contacto directo, o provedor admite que fica muito satisfeito porque as famílias ajudadas manifestam a sua gratidão: “Ficam felizes porque sentem o calor desta instituição. Sabem que estes cabazes não lhes resolvem a vida, mas aliviam e é um sinal da solidariedade da sociedade que está atenta a este grupo de pessoas”.

Para além da Loja social, a SCMM tem mais projectos em avaliação, como um “intercâmbio de formação de educadores e pessoal de enfermagem”, com base na assinatura dum protocolo com a Santa Casa do Porto. Isto porque é difícil para a SCMM encontrar pessoal especializado para o lar e para a creche em Macau. A instituição pretende ainda abrir um novo infantário de qualidade, com capacidade para dezenas de crianças. É que a procura é muita e a creche não consegue dar resposta. Por isso, já se está a estudar modelos de funcionamento, antevendo-se que o ensino seja em três línguas: português, chinês e inglês.

A SCMM gere um centro de reabilitação de cegos de apoio a 85 invisuais, um lar que acolhe 98 idosos e uma creche com 258 crianças. Orgulha-se ainda de patrocinar o pagamento das propinas de alunos carenciados da Escola Portuguesa de Macau e do Jardim de infância D. José da Costa Nunes.

 

Santa Casa Timeline