Teledifusão de Macau quer “acção” na cooperação com lusofonia

Acções concretas no quadro dos acordos de cooperação firmados com os países de língua portuguesa e diversificar conteúdos são ambições da Teledifusão de Macau (TDM) que completa 30 anos de existência.

 

“Um dos objectivos, já efectivamente em curso, é fortalecer e aprofundar os projectos de cooperação com as televisões dos países de língua portuguesa”, disse o presidente da Comissão Executiva da TDM, Manuel Pires, à agência Lusa.

A fase das intenções “já foi”, pelo que é chegada a hora de “concretizar acções e projectos” no quadro dos acordos firmados que “fazem com que a TDM sirva de plataforma para a troca de programas entre a CCTV e outras estações do interior da China e as televisões dos países de língua portuguesa”, apontou Manuel Pires, realçando que o mesmo se aplica no plano dos protocolos com agências noticiosas do universo lusófono.

Além da missão “plataforma”, a TDM, que conta com seis canais de televisão e dois de rádio – incluindo um português em cada suporte –, ambiciona diversificar conteúdos, a fim de dar o seu contributo para a meta governamental de transformar Macau num “centro mundial de turismo e lazer”. “É também muito importante que cumpra um papel dinamizador”, afirmou Manuel Pires, que antes de assumir as rédeas da estação pública, em Março, era subdiretor dos Serviços de Turismo.

“O subsetor do jogo tem enorme preponderância e figura como o maior gerador de receita para os cofres públicos e nisso estamos todos de acordo. Contudo, também estamos todos de acordo que os outros subsectores precisam de crescer, de ganhar mais força e a TDM também pode ter um papel”, devendo “pensar nomeadamente em ganhar mais espaço para conteúdos culturais e de entretenimento”, defendeu Manuel Pires, para quem a data deve marcar o fim de um ciclo e o início de um novo.

Pode “abrir as portas” aos jovens locais interessados no percurso ao nível do cinema e televisão, exemplificou, advogando por uma maior aposta nos documentários e a necessidade de a estação pública ter um papel “mais activo”, com o aumento da sua produção própria.

A TDM debate-se também com a falta de espaço, tendo solicitado ao Governo, há cerca de dois anos, um terreno, com uma área global de cerca de 40 mil metros quadrados, para erguer um ‘campus’ que concentre todos os departamentos da empresa, incluindo a Rádio, actualmente ‘espalhados’ pela cidade.

Com orçamento para 2014 na ordem dos 230 milhões de patacas, a TDM conta actualmente com 680 trabalhadores.

Desse universo, cerca de 60 estão directamente afetos aos canais portugueses de televisão e rádio, excluindo operadores de câmara, técnicos de estúdio e pessoal administrativo, partilhados por todos os canais da empresa, indicou o seu director, João Francisco Pinto. “Houve grandes mudanças na empresa e, obviamente, nos canais portugueses”, onde se verificou “uma grande evolução” que correspondeu à percepção das mudanças por que foi passando a sociedade local”, observou.

“O Canal Macau e a Rádio Macau oferecem hoje um leque variado de programas, nos vários géneros do jornalismo, a reportagem, entrevista, debate, análise, etc.”, destacou João Francisco Pinto, há 20 anos na TDM que “funciona como antena na Ásia para a televisão e rádio pública de Portugal com a troca de programas e de notícias”.

A título de exemplo, referiu, “os canais internacionais da RTP vão, em breve, emitir os documentários produzidos pela TDM ao longo dos últimos anos, com especial destaque para a série sobre gastronomia macaense ‘Ui di Sabroso’.

Em paralelo, a TDM foi também “o primeiro órgão de comunicação social a ter um serviço regular em inglês, criado em Maio de 2003, durante a crise da pneumonia atípica com o objectivo de informar os residentes de Macau que não falam nenhuma das línguas oficiais”, sublinhou, apontando que tal é “o reconhecimento de que o serviço público de televisão tem de ser para todos, incluindo as dezenas de milhares de trabalhadores migrantes e expatriados que vivem em Macau”.

Actualmente, a redacção inglesa da televisão TV produz um telejornal diário e um programa de entrevista semanal, estando prevista para breve, segundo João Francisco Pinto, a criação de novos programas para as comunidades migrantes. “O mesmo esforço está a ser feito na Rádio. Em Agosto de 2012 criamos um programa semanal de uma hora em ‘bahasa’ para a comunidade indonésia de Macau”, o qual “tem sido um grande sucesso”, afirmou.