Mio Pang Fei vai representar Macau na Bienal de Veneza

O Museu de Arte de Macau (MAM) assinala a quinta presença de Macau na Bienal de Arte de Veneza do próximo ano. A comissão que coordena a participação de Macau anunciou que Mio Pang Fei foi o artista escolhido para representar Macau na exposição que decorrerá em Veneza de 9 de Maio a 22 de Novembro de 2015.

 

O anúncio foi feito durante uma conferência de imprensa em que estiveram presentes os membros da comissão de selecção: Chan Hou Seng, director do MAM, António Conceição Júnior, consultor de Arte do MAM, e Hsu Hsiu-Chu, directora da Escola de Artes do Instituto Politécnico de Macau.

A exemplo de anos anteriores, coube ao MAM a escolha de um artista de Macau, com notáveis realizações tanto em termos de produção artística como de contributo para a promoção das artes, para representar Macau em Veneza. Para o efeito, o MAM instituiu uma comissão de selecção constituida por três membros, que escolheram um nome de uma lista de cerca de 40 artistas. A escolha de Mio Pang Fei reuniu consenso entre os membros do júri.

Nascido em 1939 em Xangai, formou-se em Belas-Artes, na Faculdade Normal de Fujian (actual Universidade Normal de Fujian). Em 1982 mudou-se para Macau, prosseguindo uma carreira de pintor profissional. Foi docente na Academia de Artes Visuais de Macau (embrião da Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Macau) na Universidade de Artes de Nanjing, no Colégio de Belas-Artes da Universidade de Xangai, e também na Universidade de Wolverhampton, no Reino Unido.

Mio Pang Fei ganhou diversos prémios e reconhecimentos durante a sua carreira artística, incluindo a Medalha de Mérito Cultural, concedida pelo Governo da RAEM em 1999. Participou em mais de 60 exposições em Macau, China, Malásia, Singapura, Japão, Austrália, Portugal e Bélgica, entre outros. As suas obras integram colecções privadas e instituições de todo o mundo.

A exposição de Macau intitula-se Caminho: Aventura de um Artista e apresenta três séries de pinturas e instalação criadas por Mio Pang Fei desde 1960, incluindo as séries, “Margem das Águas” e “Pós-Caligrafia”, que são bem ilustrativas da obra de Mio que se dedica há décadas à investigação e prática daquilo que se convencionou chamar neo-orientalismo, uma abordagem artística que transcende nacionalismos e adopta conceitos de arte ocidentais para reconstruir uma estética oriental.

Esta orientação tem dado à obra de Mio Pang Fei uma dimensão verdadeiramente distintiva: se por um lado, em termos de concepção geral, o seu trabalho se enquadra na categoria contemporânea, uma análise da temática e dos recursos materiais empregues, revela uma identidade cultural autóctone. Por esta razão, o júri decidiu que a obra de Mio representa um fenómeno único no curso do desenvolvimento da arte de Macau, e é merecedora de representar Macau na 56.ª Bienal de Veneza.

A Bienal de Arte de Veneza, que teve início em 1895, é um dos eventos artísticos mais importantes da actualidade, atraindo em cada edição mais de um milhão de visitantes de todo o mundo, numa espécie de peregrinação artística. O MAM participou no evento pela primeira vez, a convite, em 2007, em representação de Macau, China, lançando a partir daí as condições para a divulgação das criações de Macau num prestigiado palco internacional. Sete anos depois, o MAM apresenta na Bienal de Veneza o 14.º artista local.