Engenheiros debatem cooperação entre a China e países lusófonos

Cerca de 800 pessoas, incluindo 300 do universo lusófono, vão participar hoje e amanhã, em Macau, no 2.º Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa para discutir a cooperação multilateral com a China.

“Esta plataforma dos engenheiros dos países de língua portuguesa foi criada há dois anos em Macau. Juntámos principalmente os engenheiros das nove províncias adjacentes [Região do Delta do Rio das Pérolas], com Hong Kong e Macau, e vamos discutir a cooperação multilateral e o papel dos engenheiros no sucesso desta cooperação, para o desenvolvimento económico e social”, disse aos jornalistas António Trindade, membro do conselho da Associação dos Engenheiros de Macau.

O mesmo responsável destacou a dimensão do congresso, que resulta da iniciativa da classe profissional em Macau, à qual se juntaram empresários, académicos e quadros de entidades de Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Timor-Leste, Brasil, Guiné Bissau, Hong Kong e interior da China. “São 50 oradores, 17 empresas a patrocinar, fora as que vêm sem serem patrocinadoras”, disse.

Portugal não estará representado a nível governamental no congresso, no qual são esperados Gastão de Sousa, ministro das Obras Públicas de Timor-Leste, e José António de Almeida, ministro das Obras Públicas, Construção e Urbanismo da Guiné-Bissau.

António Trindade salientou a actualidade dos painéis, que vão desde as energias renováveis, transportes, tratamento de resíduos e certificação académica e profissional, até à recuperação do património histórico nos centros urbanos. “Vamos ter um forte contingente de pessoas a partilhar a sua experiência”, disse, ao apontar a presença de responsáveis da autarquia de Guimarães e de outras entidades envolvidas no processo de recuperação de património.

António Trindade destacou ainda “as obras monumentais” realizadas nos últimos anos em Macau, onde os engenheiros operam com base numa matriz portuguesa e com agentes económicos externos, oriundos nomeadamente de Hong Kong ou do interior da China.

Por outro lado observou que a cooperação pode ser intensificada entre a China e os países de língua portuguesa. “A China carece de recursos, nomeadamente de engenharia. O desenvolvimento é tal que há sempre coisas para fazer”, sublinhou, frisando que o processo de integração regional de Macau também passa por encontrar formas para aportar recursos à China, que opera com base em diferentes leis e procedimentos.

O 2.º Congresso dos Engenheiros de Língua Portuguesa vai também assinalar os 40 anos da ponte governador Nobre de Carvalho, com uma exposição sobre a primeira ligação entre Macau e a ilha da Taipa, da autoria do engenheiro português Edgar Cardoso.

Na mostra estão patentes ao público os instrumentos utilizados, projectos e fotografias, entre outros elementos que testemunham “a história da cooperação da engenharia entre Macau e Portugal”.