Primeira publicação luso-chinesa chega às bancas

A primeira publicação bilingue luso-chinesa em Portugal, o jornal Diário de Todos, chegou às bancas em papel, sensivelmente um ano depois de o projecto ter tido início 'online', disse à agência Lusa a directora do periódico.

 

“O projecto teve início com a criação de uma aplicação digital apenas em chinês, concentrada na economia e destinada a empresários, turistas e estudantes com interesse em Portugal”, explicou Helena da Cruz Mouro, acrescentando que a aplicação é “uma espécie de jornal diário com um tema principal e algum espaço dedicado à sociedade, à cultura e ao estilo de vida”.

Considerando que a publicação surge perante “a falta de meios de comunicação em Portugal que conjugassem o luso e o chinês”, a responsável esclareceu que o jornal dá seguimento a uma tradição já antiga, que vem de Macau, onde “há mais de cem anos existem meios de comunicação bilingues”.

Com o objectivo de abordar as realidades portuguesa na China e chinesa em Portugal, as duas partes do jornal não serão, todavia, a mera tradução uma da outra. “A parte direccionada para os chineses tem notícias sobre Portugal e o mundo lusófono, enquanto a dirigida aos portugueses inclui notícias sobre a China, essencialmente de economia mas também de cultura e turismo, e visa um grande e diversificado público: empresários, investidores, políticos, diplomatas, estudantes, professores, turistas”, adiantou Helena Mouro.

Com redação em Lisboa e uma equipa “jovem, composta por dez pessoas habituadas ao ambiente de Macau”, a publicação tem colaboradores tanto na China como em Portugal e está a recrutar profissionais “na área das ciências humanas e económicas, bem como tradutores portugueses e chineses”, revelou a directora do Diário de Todos, que, apesar do nome, começará por ser quinzenal. “O objectivo, porém, é tornarmo-nos um semanário de referência e, dependendo da aceitação dos leitores, virmos a ter periodicidade diária”, declarou Helena da Cruz Mouro à Lusa, contando que o jornal “incluirá sempre uma grande entrevista a uma personalidade de Portugal ou da China”, sendo que, na edição que chega quarta-feira às bancas, o entrevistado é o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.

Helena da Cruz Mouro já colaborou com a imprensa em Portugal e em Macau, território ao qual tem “uma ligação de uma década por motivos profissionais e familiares”, mas nunca encabeçou um projecto como a edição impressa do Diário de Todos.

Considerando que “a componente publicitária será muito importante”, afirmou que “há também a ideia de ir realizando outras iniciativas, como mesas-redondas, seminários e conferências temáticas”, para ajudar a suportar o jornal.

Outra forma de manter a publicação passa por parcerias com outros meios de comunicação, como a já estabelecida com a agência noticiosa macaense na área económica, a MacauHub, e com o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow.

Manifestando a viva ambição de ver o jornal chegar a Macau, a outros países lusófonos e à China, a directora assinalou que o Diário de Todos também se dirige “ao maior bloco populacional que fala chinês: comunidades emigrantes, países como Singapura, onde o chinês é língua oficial”, além “da Indonésia, África do Sul, Índia e Rússia”, mercados a que a equipa está desde já atenta.

Com uma tiragem inicial de 10.000 exemplares e preço de capa de 2,5 euros, o Diário de Todos vai chegar a várias bancas de norte a sul do país e tem já mais uma edição na forja, prevista para dia 17 deste mês.