Turistas chineses estão a descobrir o caminho até “Pu Tao Ya” (Portugal)

Um turista chinês em Lisboa já não terá de perder a paciência para explicar o significado de "Xin Te La" (Sintra) ou "Ma Fu La" (Mafra): basta mostrar o mapa da Península Ibérica editado pela Sinomaps.

 

É um mapa desdobrável, de 90 centímetros por 60, que custa apenas 15 yuan (2,5 euros) e assinala nas duas línguas os nomes das principais localidades de “Pu Tao Yao” (Portugal), “Xi Ban Ya” (Espanha) e “An Dao Er” (Andorra).

De “Wei Ya Na Bao” (Viana do Castelo) a “Fa Lu” (Faro), estão lá todas as capitais de distrito portuguesas.

No reverso do mapa, por entre várias informações úteis acerca de “Li Si Ben” (Lisboa) e “Bo Er Tu” (Porto), iguarias como “cozido à portuguesa”, “feijoada”, “ameijoas à Bulhão Pato” ou “vinho verde” são mencionadas na língua original.

Fundada em 1954 com o nome de Editora Cartográfica da China, a Sinomaps é responsável por 90% dos mapas publicados na China.

Na livraria Xinhua da rua Wangfujing, uma das maiores de Pequim, com seis andares, os mapas estão logo à entrada, dos lados esquerdo e direito da porta, na secção “Turismo & Geografia”.

Além de mapas, pode comprar-se guias turísticos, um género literário com crescente saída.

Acompanhando o rápido desenvolvimento económico do país, a China é hoje o maior emissor mundial de turistas, à frente dos Estados Unidos.

Segundo estatísticas oficiais, cerca de 109 milhões de chineses viajaram para fora da China continental em 2014, num aumento de 19,5% em relação ao ano anterior.

A maioria fica por Hong Kong e Macau, duas Regiões Administrativas Especiais, mas o Sueste Asiático, Estados Unidos, Europa e Austrália atraem cada vez mais a nova classe média chinesa, numa vaga que beneficia também Portugal.

Em 2014, o número de turistas chineses que visitou Portugal cresceu 49,3%, para 113.200.

Os turistas chineses são também considerados os que mais gastam: só em Portugal, no ano passado, gastaram 54 milhões de euros, quase 20 milhões mais do que em 2013.

Fazer compras é, aliás, uma das suas principais actividades, observou Miguel Cymbron, director de marketing de uma das maiores cadeias hoteleiras de Lisboa. “Os chineses não vão a Portugal para ir para a praia. Nem têm tempo para isso: em média ficam apenas duas ou três noites. Normalmente entram em Portugal através de Madrid e saem também por Madrid”, afirmou aquele gestor.

Miguel Cymbron deslocou-se na semana passada à China, pela primeira vez, para uma série de encontros com operadores turísticos locais, organizados pelo Turismo de Portugal em Pequim, Xangai e Cantão. “Estamos a subir mais de 20% no mercado chinês e, para nós, a China já é mais importante do que os Estados Unidos”, disse.

Há seis meses, Portugal lançou uma campanha de promoção na China centrada na imagem de “C Luo” (Cristiano Ronaldo, em chinês) e o Turismo de Portugal abriu uma representação permanente em Xangai.

“C Luo” é o português mais conhecido na China. O próprio presidente Xi Jinping falou dele quando se encontrou há um ano em Pequim com o homólogo de Portugal, Aníbal Cavaco Silva.

À semelhança do capitão da sua Selecção de futebol, Portugal apresenta-se na China como um país “mundialmente famoso” e “cheio de lugares espectaculares”, numa mensagem escrita em chinês e impressa em cartazes com a fotografia do jogador.