Cursos superiores em Português na China crescem

A oferta de cursos de Português em instituições de ensino superior da China continua a aumentar em face da crescente procura do mercado e sobretudo o crescimento do Brasil e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Os cursos de Português Língua Estrangeira (PLE) nos estabelecimentos de ensino superior na China têm proliferado: de 19 em 2012 passaram para 28 em 2015.

Os dados, que figuram da mais recente edição da revista Portu-nês – uma publicação ‘online’ de Estudos Portugueses na China, que teve o “primeiro número” em 2012 – foram compilados por Liu Gang que lecionou na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, no Instituto Português do Oriente, e no Instituto Politécnico de Macau.

Segundo a revista, para o corrente ano lectivo 2015/2016 estava prevista a abertura de mais três cursos, mas não foi ainda possível confirmar se, entretanto, efectivamente arrancaram.

Esses cursos (bacharelato, licenciatura, mestrado) encontram-se distribuídos por um universo de 28 universidades na China, segundo os mesmos dados, que excluem Macau e Hong Kong devido às diferenças no sistema educativo.

A revista retrata a evolução do ensino do português na China, apresentando o número de estudantes admitidos nas universidades num período que abrange mais de meio século. “Houve uma evolução, um crescimento exponencial do ensino de português na China, sobretudo a partir de 2000 quando começou o curso na Universidade da Comunicação da China em Pequim. Aliás, foi a primeira universidade que abriu o curso de Português em 1960, depois interrompido e só reaberto em 2000”, disse à agência Lusa Liu Gang, radicado em Macau há mais de uma década.

Segundo os dados publicados, em 2005 foram admitidos 103 nos cursos de português nas universidades na China. Em 2007, foram 171 e no ano seguinte 219.

Em 2009 e 2010 o universo de alunos era de três centenas, passando os 400 em 2011.

Embora o crescimento dos cursos de português nas universidades seja “saudável”, porque a concorrência fomenta “melhorias na qualidade do ensino e em termos da oferta”, Liu Gang recorda que este aumento se deve a questões económicas. “Tem que ver com o desenvolvimento económico do Brasil e dos PALOP. Tem vindo a aumentar a procura de intérpretes/tradutores não só mas também por profissionais de língua portuguesa na China”, observa.

Apesar da procura, Liu Gang reconhece que “o português continua a ser uma língua pouco estudada na China”.

Já o corpo docente das universidades que ministram Português contava, no ano passado, com 39 chineses e 18 estrangeiros.

A maioria dos professores nativos chega de Portugal e do Brasil. “Cheguei a ensinar Chinês no Instituto Politécnico de Leiria, ao abrigo de um protocolo de intercâmbio com o de Macau, e alguns dos alunos que acabaram o curso estão [actualmente] a dar aulas de português na China”, recordou.