Lusofonia no topo de uma montanha chinesa

Projecto ligado à protecção ambiental na Região Autónoma Zhuang de Guangxi inclui espaço dedicado aos países de língua portuguesa e ao ensino do português. O complexo, que vai custar 1,2 mil milhões de yuan, deverá estar concluído em 2020

 

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O complexo turístico Seven Star Crown Ecological Resort vai nascer no topo da montanha Qi Qing na Região Autónoma Zhuang de Guangxi, a poucas dezenas de quilómetros da fronteira com o Vietname, e vai ter presença lusófona.

O projecto, que ambiciona ser um exemplo das boas práticas ecológicas, inclui um espaço dedicado aos países de língua portuguesa. “Penso que estes países têm uma boa imagem ao nível ambiental”, diz o responsável pelo empreendimento, Shi Qing Ping. O empresário de Macau, natural da Província de Fujian, explica que só o espaço lusófono vai ocupar 430 mil metros quadrados da área total do complexo – 1000 hectares. “Este é o maior projecto de desenvolvimento turístico e ecológico de Guangxi, o segundo de toda a China, depois de Henan, e conta com todo o apoio do Governo Central, que determinou a protecção ambiental como uma das estratégias nacionais”, salienta.

 

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As primeiras obras já começaram. E a entrada na lusofonia vai fazer-se pelo arco das Portas do Cerco. Uma réplica deste monumento de Macau, construído na zona norte da cidade em 1871, é a porta de acesso para um mundo ainda desconhecido de Guangxi e que, segundo Shi Qing Ping, tem como objectivo promover as relações económicas e culturais entre os países de língua portuguesa e os países que integram a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Para relembrar Macau e o “papel de plataforma que o território tem desempenhado” entre a China e os países lusófonos está já em construção a escultura de uma flor de lótus de grande dimensão, semelhante ao monumento “Flor de Lótus Desabrochada”, doado em 1999 pelo Conselho de Estado da China em comemoração da transferência de soberania de Macau.

 

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Membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e presidente da Associação de Comércio e Intercâmbios Internacionais de Macau, Shi Qing Ping é o investidor principal, e está no projecto com um sócio de Pequim. Procura neste momento entrar em contacto com potenciais parceiros dos países de língua portuguesa para dar vida ao centro lusófono. “Esse tem de ser o próximo passo”, nota a conselheira das Comunidades Portuguesas, Rita Santos, que visitou o local no final do ano passado. “É um projecto ambicioso e é necessário haver mais contactos com interessados, porque é preciso criar uma imagem que atraia os turistas, não apenas ao nível arquitectónico, mas cultural, gastronómico e dos produtos específicos dos países de língua portuguesa.”

 

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Para o espaço está ainda planeada a abertura de um centro de ensino da língua portuguesa. A ideia é “permitir que estudantes chineses aprendam português e estejam em contacto directo com falantes nativos, e tudo num ambiente ecologicamente saudável”, nota Rita Santos.

De acordo com Shi Qing Ping, o Seven Star Crown Ecological Resort vai ter um custo de 1,2 mil milhões de yuan e, quando estiver concluído, em 2020, vai criar perto de 30 mil postos de trabalho. Além de cinco hotéis de quatro e cinco estrelas, vivendas para arrendar, um heliporto e um lago artificial, o complexo turístico vai ainda incluir espaços dedicados ao lazer, desporto, exposições e à formação na área das indústrias criativas, tecnologia e ecologia.

 

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China avança para central termoeléctrica no Brasil

As empresas estatais chinesas SEPCO Electric Power Construction Corporation e a Hebi Guochang Energy Development Co querem construir uma central termoeléctrica abastecida a carvão no Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, junto à fronteira com o Uruguai. A central, baptizada de Ouro Negro, vai gerar 600 megawatts, passando a ser a segunda maior do Brasil abastecida a carvão, depois de Pecém, em operação no Estado do Ceará, com 720 megawatts.

Os chineses deverão ficar com o controlo da operação – dois terços do capital social, devendo 80 por cento do custo necessário à construção da central ser garantido pelo Banco de Desenvolvimento da China. O projecto de arquitectura e de engenharia pertence ao instituto chinês Northwest Electric Power Design Institute e já foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Eléctrica. Precisa ainda de aprovação ambiental, sem a qual não poderá concorrer aos concursos lançados pelo governo para contratar a construção de novas centrais.

 

Pequim alarga facilidades de investimento

A partir de Junho deste ano, 153 sectores do comércio de serviços de Macau vão ser liberalizados no Interior do País. O Acordo sobre Comércio de Serviços, assinado no final do ano passado por representantes dos governos de Macau e da China, materializou-se no âmbito do CEPA (Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre a China e Macau) e prevê ainda 20 novas medidas para facilitar algumas das áreas anteriormente liberalizadas.

A iniciativa, que tem o objectivo de eliminar ou diminuir medidas discriminatórias no domínio do comércio de serviços entre as duas partes, vai ainda beneficiar quatro novos sectores: transporte de passageiros, serviços desportivos, veterinários, e de apoio ao transporte rodoviário. O Governo Central vai ainda conceder facilidades no acesso ao mercado a 28 áreas, incluindo serviços jurídicos, contabilidade e construção.

 

China debate cooperação com Angola e Moçambique

A definição de áreas prioritárias, como a agricultura, infraestruturas, industrialização e o financiamento destes sectores estiveram em cima da mesa durante um encontro entre os presidentes da China e de Moçambique durante a segunda cimeira dos Chefes de Estado e de Governo do Fórum de Cooperação Económica e Comercial China/África, em Joanesburgo, na África do Sul, no final do ano passado. Este foi o primeiro encontro entre os dois líderes desde que Filipe Jacinto Nyusi tomou posse como presidente moçambicano.

Na ocasião, Xi Jinping realçou que os dois países devem olhar para a relação bilateral de uma perspectiva estratégica de longo prazo e apoiarem-se mutuamente em questões relacionadas com os próprios interesses e preocupações.

Num outro encontro com o líder de Angola, José Eduardo dos Santos, o presidente chinês garantiu que Pequim quer continuar a apoiar o desenvolvimento daquele país, nomeadamente nos sectores industrial, financeiro e de construção de infraestruturas. O presidente da China apelou a um maior intercâmbio em áreas como a educação, cultura, cuidados de saúde, comunicação social, juventude, turismo e recursos humanos.

Já o Chefe de Estado de Angola apontou alguns sectores da actividade económica em que Angola está interessado na cooperação chinesa. O sector financeiro, a indústria petrolífera, a conservação de recursos hídricos e o processamento alimentar são algumas das áreas.