Tou Tei, o Deus da Terra

No segundo dia do segundo mês do calendário lunar chinês comemora-se o aniversário de Tou Tei, o Deus da Terra, pelo que, neste ano de 2016, a festa cai no dia 10 de Março do gregoriano. Tou Tei, que em mandarim dá pelo nome de Tu Di Gong, deidade penates, que se crê estar em todo o lado, faz parte de um conjunto designado vulgarmente por “deuses locais”. Tou Tei é uma divindade adorada por seguidores da religião popular e por taoistas.

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Texto Fernando Sales Lopes | Fotos Gonçalo Lobo Pinheiro

 

Deus da Terra

Como guardião do Livro do Nascimento e da Morte, Tou Tei está atento a todos os nascimentos e passamentos que ocorrem na sua área de jurisdição, guiando e acompanhando a alma do defunto até às portas do purgatório para o julgamento final, ou tendo, a pedido dos familiares, intervenção no combate à doença nas crianças.

A relação dos crentes com Tou Tei é muito humana. Ansião simpático é tratado com muito carinho, sendo por muitos designado como avô, e de modo mais terno por avozinho. Não sendo uma divindade do panteão principal Tou Tei “funciona” como um intermediário. Um burocrata a quem se pedem e pagam favores.

Este seu estatuto revela-se na maneira como se encontra vestido – uma cabaia vermelha e amarela – quando tem imagem, já que na maioria das vezes é representado pelo seu nome escrito sobre papel vermelho –. Na mão direita transporta um cajado e na esquerda um lingote de ouro.

Contrariamente a outros locais de fixação da diáspora chinesa (nomeadamente no Sudeste Asiático), na China (onde se inclui naturalmente Macau) Tou Tei aparece por vezes junto com a sua companheira Tou Tei Po, num pequeno altar, localizando-se, nesta situação, sempre no exterior.

Por vezes pode acontecer que uma personalidade local que se torne importante pelo seu exemplo de vida, incarne em Tou Tei, ou que em homenagem ao deus da Terra seja edificado um templo pela sua intervenção milagrosa para com um humano exemplar. Esta situação está descrita, por exemplo, numa das lendas em que assenta a construção do Templo de Tou Tei no Patane, em Macau, como adiante referimos.

O Deus da Terra, antes de ser um penates que cuida das famílias de um pequeno bairro, como um oficial da corte, respondendo perante o Deus da Cidade, era efectivamente a divindade da terra, da ἀγρός (agrós), fonte da riqueza e sustento da vida dos homens. Talvez dessa ancestral relação com a terra terá ficado na cultura tradicional o ser oficiado nas cerimónias fúnebres (sepultamento) quando os familiares lhe agradecem a cedência da sua terra para receber o corpo do ente, que assim a ela poderá voltar.

Deuses de bairro, ou deuses locais – também chamados penates, ou lares, na definição ocidental – na imagem do simpático ancião, ou nos caracteres dourados sobre o vermelho que o evocam (土地), no interior ou à porta de cada casa ou espaço comercial, eles são os que “estão à mão” a todo o momento sendo depositários da esperança da realização dos pedidos que lhes são feitos.

 

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Tou Tei na hierarquia burocrática das divindades locais

A complexa estrutura burocrática das divindades locais baseia-se na estrutura mandarínica, tendo no topo o equivalente a um mandarim ou magistrado superior, o Deus da Cidade (Cheng Huang, 城隍), também conhecido como Mandarim Celestial. O Deus da Cidade (ou Deus das Muralhas e Fossos, por superentender nas cidades sedes de circunscrições administrativas, então, muralhadas) é o magistrado espiritual que reporta directamente ao Imperador de Jade, o Senhor do Céu (玉皇 ou 玉帝) divindade suprema, topo do panteão da religião tradicional.

Da sua corte – que engloba magistrados, oficiais, assistentes, investigadores e juízes – fazem parte, entre muitos outros, a vários níveis hierárquicos, o Deus da Terra e o Deus da Cozinha, ou do Fogão Zao Jun (灶君) ou Zao Shen (灶神). Também conhecido em Macau por Chou Kuan, a divindade tem funções especiais que sobressaem em rituais próprios da quadra do Ano Novo Lunar.

Os deuses da Terra e da Cozinha são as mais populares das divindades locais menores, e consideradas as mais antigas do panteão, anteriores mesmo à dinastia Han (前漢,).

No grande espaço geográfico sob a sua jurisdição ele tem a responsabilidade de zelar pelas comunidades, fazer chover, controlar os espíritos maléficos e as inundações, e, ainda, afastar a peste, epidemias, e outras manifestações dos espíritos diabólicos. Quando algo de muito grave e catastrófico acontece na área de protecção, o Deus da Cidade é deposto, e outro espírito é invocado para tornar a deificar a sua imagem.

A mais importante função, e missão, do Deus da Cidade é a de, quando alguém falece, na sua jurisdição, informar o Imperador de Jade, através de um relatório circunstanciado, sobre o seu comportamento (baseado em boas e más acções). Esta informação é coligida pelos seus assistentes directos, a partir dos relatórios elaborados pelos deuses locais – o da Terra (Tou Tei) em colaboração com o Deus da Cozinha da casa do falecido -. Contudo, em Macau, o Deus da Cidade, é figura com pouco significado, contrariamente ao culto generalizado a Tou Tei[i], que assim parece assumir aquela função.

Como divindade local de jurisdição definida, Tou Tei só é venerado pelos habitantes nela integrados. Ele não protege os moradores longe da área da sua habitação, não sendo venerado por forasteiros, ou visitantes, mas apenas pelos locais.

 

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O Tou Tei em Macau

Com origem, pois, nas tradições rurais, o culto ao deus da Terra, no meio urbano, tem em Tou Tei a divindade que protege os moradores e os bairros de Macau, sendo fácil, no dia-a-dia, encontrar em qualquer recanto das ruas e becos um pequeno altar a ele dedicado, onde na prática individual se queimam pivetes e se colocam, por vezes, flores. Ao lado das portas de entrada de casas e estabelecimentos comerciais uma placa em sua honra encimando um recipiente de queima de pivetes, demonstra a importância da crença. As grandes comemorações comunitárias, essas têm lugar no dia do aniversário de Tou Tei (2.º dia da 2.ª Lua) essencialmente em redor de dois templos, de dimensões e “dignidade” bem diferentes, como a própria representação da divindade e o modo como é venerada o demonstram. São eles o Templo de Fok Tak Chi, conhecido pelo templo da Horta da Mitra, na rua Tomás da Rosa, uma perpendicular à Rua do Campo, e o Templo de Tou Tei ou dos Deuses Locais (沙梨头土地庙), vulgo de Sa Kong, no sopé do monte do Patane paredes-meias com o Jardim e Gruta de Camões.

 

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Templo de Fok Tak Chi, ou da Horta da Mitra

Arcos votivos, armados em estruturas tradicionais de bambu, com inscrições a dourado sobre vermelho, avisam da festa e engalanam as entradas para o recinto onde os espectáculos de ópera cantonense, entusiasticamente apreciados são uma constante, alternando ou complementando os banquetes de homenagem aos idosos. Inserido neste espaço está o pequeno Templo de Fok Tak Chi (que numa tradução directa para português será Templo da Felicidade e da Virtude) com apenas uma capela – dedicada aos deuses locais –, e um pátio. No andar superior que se ergue à sua direita situa-se o terraço – palco. É por debaixo deste que se encontra o “altar a Tou Tei” inscrito numa pedra em frente à qual se queimam pivetes em sua honra. Este templo insere-se num espaço urbano característico da zona da Rua do Campo de trânsito contínuo e comércio intenso, do frenesim do mercado e das inúmeras lojas e tendinhas que o rodeiam.

 

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Agradecimento a Tomás da Rosa

Tomás da Rosa se chama a rua onde o templo se encontra, pois assim o quiseram os moradores como agradecimento ao Governador Tomás de Sousa Rosa, que apoiou a construção do templo, por o anterior – segundo a tradição situado no Tap Seac – ter sido destruído na época da abertura de novas vias púbicas em Macau.

Um acto de pacificação, um estender de mão à comunidade chinesa por parte da administração portuguesa de então, depois de uma época em que em nome da modernidade muitos foram os atentados feitos a locais considerados sagrados por esta comunidade.

Ao entrar-se no pequeno átrio do templo, na parede do lado esquerdo, uma lápide deixou registado, para o futuro, o empenho do governante:

“Havia antigamente na Horta da Mitra um pagode de Deoses Penates, que foi demolido quando nelle se abriram Vias Públicas, Felizmente, Sua Exa. o Governador Rosa, pela caridade e benevolência que o anima, mandou reconstruir este pagode de Deoses Penates no local onde actualmente se acha colocado, e os moradores da Horta da Mitra, gratos por este favor, e não tendo outros meios de testemunhar sua gratidão, mandaram gravar esta inscrição para transmitir aos vindouros a memória deste benefício feito ao povo. Quarta lua do anno 12 de Quon-Su – Maio de 1886”.

 

Tou Tei Miu (Templo dos Deuses Locais)

Erigido num dos mais antigos bairros de Macau onde ainda se encontram muitas casas antigas, e tradicionais actividades de rua que a modernidade torna cada vez mais raras, está o Templo de Tou Tei, que este deus divide com a deusa da Misericórdia, Kun Iam, (觀音) e Buda. Situa-se na Rua da Pedra, no bairro do Patane, por detrás do Jardim de Camões. Contrariamente ao minúsculo templo da Horta da Mitra, este templo budista desenvolve-se por três belos pavilhões com madeiras nobres entalhadas enquadrando os penedos que o separam do Jardim de Camões, onde foram gravadas inscrições de rara beleza. Na sequência das obras de restauração que sofreu ao longo do tempo (com intervenções desde 1996, 2001 e 2004), o templo tem vindo a desenvolver-se no caminho que o liga ao jardim do épico, através da vereda do lado direito entre os rochedos.

 

As Lendas

A sua construção pelos moradores da Ribeira do Patane está ligada a lendas remotas, associadas ao grande espaço da China, ou simplesmente a acontecimentos fantásticos locais, como as que referem, entre outros, Gonzaga Gomes e Leonel Barros. A este respeito escreveu este último:[ii]

“Conta-se que na Rua da Pedra, que em chinês é conhecida por Seak Kai, residia um individuo de nome Lam Mao cujo filho Lam Seng, era muito respeitado pelos residentes do bairro por ser considerado como um modelo de amor filial. Um dia, o pai foi preso e acusado de um crime que não cometera. Perante tamanho desgosto, a sua esposa faleceu dias depois. Consternado com a prisão do pai e o falecimento da mãe, Lam Seng quis pôr termo às vida e decidiu enforcar-se numa árvore, precisamente onde os moradores iam prestar os seus cultos. Por três vezes Lam Seng atou a corda ao pescoço; por três vezes, a corda rebentou.

Subitamente, apareceu na sua frente um desconhecido que se inteirou dos motivos do seu desgosto. Após ter dado alguns conselhos ao desesperado Lam Seng, o homem tirou da algibeira algumas moedas de prata e ordenou-lhe que fosse jogar na lotaria (San Pio).

Lam Seng seguiu o conselho e dirigiu-se à loja mais próxima onde marcou uns números num impresso de lotaria. Nessa mesma noite ganhou algumas centenas de patacas que, naquela época, representavam uma verdadeira fortuna. Com o dinheiro ganho, Lam Seng foi libertar o pai com quem voltou a viver, por muitos anos, em elativa abundância e felicidade.

Informados do acontecimento, os moradores do bairro viram logo, no desconhecido protector do jovem Lam Seng, um “deus local” que tomou forma humana para vir ao mundo recompensar a edificante piedade filial do seu protegido.

A fim de comemorar a milagrosa aparição, foi aberta uma subscrição entre os moradores com o propósito de edificar o templo que ainda hoje, volvidos tantos anos sobre a lenda, domina o Bairro do Patane.

Para conservar e gerir os fundos daquele espaço de culto, os moradores fundaram uma associação que, entre outros encargos, promove anualmente as festividades tradicionais em honra dos chamados “deuses locais”.

 

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As Festas da Festa de Tou Tei

Se no altar do templo do Patane o idoso deus tem honras de imagem com acompanhamento feminino (Tou Tei Po 土地婆), ele com as palmas das mãos viradas para cima e ela com as mãos nos joelhos, já no da Horta da Mitra, como dissemos, apenas uma placa ao centro do altar (por debaixo do varandim-palco da ópera) lhe assinala a presença.

Contudo, mostrando a importância e o empenhamento dos moradores nas festas ao seu patrono, é na Horta da Mitra que se nota maior actividade quer nas sessões contínuas de ópera cantonense – que enchem permanentemente a rua transformada em sala de espectáculos onde se alinham, e desalinham, cadeiras que a organização disponibiliza e outras que se trazem de casa – quer na quantidade de dádivas, consubstanciadas nos frutos da terra, como os tradicionais molhos de hortaliças, nas frutas, e nos luzidios leitões assados.

A festa de Tou Tei na Horta da Mitra tem um encanto especial pelo complexo urbano onde está integrado o espaço, a azáfama das diversas comunidades entre a calma da escadaria que sobe para S. Januário e o trânsito constante da Rua do Campo, para onde está virado um dos grandes arcos votivos a vermelho e dourado anunciando a efeméride. Os festejos misturam-se com a actividade do bairro, nomeadamente do Mercado da Horta da Mitra e das tendinhas que o rodeiam com cozinhas de rua, bancas de frutas, vegetais, lojas de produtos tradicionais ou de modernos artefactos. Agora mais reduzida, ainda há bem pouco tempo a própria comunidade tailandesa em Macau partilhava o espaço com as suas lojas tradicionais e restaurantes.

 

Ópera – o espectáculo esperado

As diversas representações de ópera Yue – que se popularizou no Guangdong e é a ópera tradicional de Macau – com espectáculos que decorrem ao longo de cinco dias fazem as delícias dos festeiros, principalmente da população mais idosa. Os grandes cartazes dão informações acerca dos artistas convidados com fotografias e dados artísticos. As histórias como em todas as óperas já são bem conhecidas mas o público revive-as como se fosse a primeira vez, enquanto os mais entendidos fixam a sua atenção no desempenho dos artistas e na sua interpretação dos personagens. A ópera representada ou cantada em árias, por profissionais, ou amadores, são ponto alto quer na Horta da Mitra quer no Patane onde a apresentação acontece no pavilhão fronteiro ao templo.

 

Banquetes e lai-si – a partilha

Horta da Mitra

No dia seguinte à data que marca o aniversário da divindade, (dia 3 da 2.ª Lua) antes da dança do Leão e do espectáculo de ópera dá-se início ao corte dos dourados leitões para serem distribuídos pelos vizinhos, juntamente com a galinha e o siu yok, em três sacos que completarão o recheio dos baldes de oferendas, onde para além destes petiscos, se encontram as massas, as bolachas, e o mais que fará a felicidade dos contemplados.

No 5.º dia da 2.ª Lua realiza-se a grande actividade de respeito e carinho para com os idosos, com distribuição de prendas e arroz, sendo os anciãos contemplados com lai-sis, aumentando substancialmente o valor para os nonagenários. A festa é toda ela conduzida no sentido de fazer felizes os idosos proporcionando-lhes bem estrar em todos os aspectos. Privilegia-se o convívio, através das actividades artísticas e da mesa. Na Horta da Mitra a rua passou a ser o lar de toda esta grande família e casa de espectáculos. Em filas de cadeiras frente à varanda-palco assiste-se à ópera, e os banquetes são servidos em mesas enfileiradas pela rua a partir do templo, já que para cima a escadaria impede a colocação de mesas, mas não de zona de serviço, quase até à Rua do Campo.

 

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Templo do Patane – A Grande Panela

No mesmo dia, no Patane, os festejos atingem o auge com os vizinhos membros da associação promotora dos eventos a servirem aos idosos a refeição da Grande Panela. Enquanto decorre o lauto banquete não faltam actividades de entretenimento como dança e canto, com actuações das escolas e de grupos que entoam árias de ópera chinesa, em homenagem aos idosos e anciãos. Cada convidado pode não só comer como também divertir-se durante as comemorações. O pavilhão onde se serve o repasto comporta cerca de meia centena de mesas para cerca de quinhentos convidados todos com mais de 65 anos, idade em que se adquire o estatuto de idoso.

Segundo a organização para além do siu yok (porco assado) o prato preferido é a Grande Panela que supera “o melhor dos jantares chineses”. Mas afinal que pitéu é este para onde vão as preferências de quase todos os presentes? Trata-se de um “cozido” com variadíssimos ingredientes, “mais de vinte” segundo os entendidos na função, entre eles galinha, pato, peixe, cogumelos chineses e diversos tipos de vegetais.

“A maior parte dos convivas são vizinhos, e mesmo os que se encontram fora, por qualquer motivo, voltam sempre para comemorarem o aniversário de Tou Tei”. Na Ribeira do Patane a celebração do avô Tou Tei “proporciona mais felicidade para os idosos do que o próprio Ano Novo Lunar”, o que facilmente se deduz. À saída do lauto banquete um lai-si a cada um dos convivas dá ainda maior brilho àqueles sorrisos transformados pelas memórias. Os banquetes sucedem-se por três dias.

Ainda os festejos não terminaram e já se pensa nas comemorações do próximo aniversário da divindade e, principalmente, como enfrentar as despesas que são notórias pela festa de arromba a que sempre Tou Tei tem direito mas que também ele divide com os anciãos a quem efectivamente a festa é dedicada. Durante o ano com maior concentração nos tempos próximos da data, os vizinhos quotizam-se e as suas dádivas vão sendo recebidas e inscritas num ou vários cadernos assim como de alguns mecenas – empresas também vizinhas no bairro, ou de instituições como o hospital público, no caso da Horta da Mitra – de modo a que os festejos se possam realizar condignamente como esperado.

Em grandes folhas de papel de seda vermelho ou rosa serão inscritos em caracteres os nomes de todos aqueles que contribuíram para que os dourados leitões, assim como os banquetes e a sempre omnipresente ópera cantonense, sejam uma realidade. Expostas ao público as listas de donativos ali estão para que todos possam conferir a transparência da proveniência dos fundos e a sua gestão. O mesmo se passa no Patane com a associação orgulhosa da Grande Panela onde não faltarão todos os ingredientes e o engenho e arte dos cozinheiros que com todo o profissionalismo não desiludirão os convivas. É especial e particularmente para os idosos esta festa do venerando velhinho Tou Tei, o Deus da Terra.

 

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[i] Antes da chegada dos portugueses apenas existiam pequenas aldeias rurais, pelo que não havia qualquer templo dedicado ao Deus da Cidade, crença que só lhe era devida nas províncias e capitais, como defende Keith G. Stevens no seu artigo Chinese Monasteries, Temples, Shrines and Altars in Hong Kong and Macau (Journal of the Royal Asiatic Society Hong Kong Branch Vol. 20 (1980)

[ii] Templos Lendas e Rituais, APIM, 2003, Macau p.p. 25-6