De exposição em exposição

Denise Ho e Kobe Wong estão na Exposição de Casamento da Ásia na Torre de Macau à procura de opções para o banquete. “Queremos uma coisa pequena, só para a família”, dizem em entrevista à MACAU.

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Texto Catarina Domingues | Fotos Gonçalo Lobo Pinheiro

 

Orçamento: 15 mil patacas. É este o valor que estão dispostos a pagar por um banquete tradicional chinês, ao gosto dos pais. Mas a oferta, lamentam, está acima das possibilidades. “Hoje em dia, as pessoas querem provar algo socialmente aos amigos”, diz Denise, criticando o “desperdício”. “Depois do banquete, vai tudo para o lixo”, nota.

O casal vai acabar por regressar a casa sem negócio fechado.

 

Noivos

 

Nesta exposição de casamento, que decorreu em Abril deste ano, estiveram representadas mais de 50 empresas de Macau, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e do Interior da China. No primeiro dia, Lo Tak Chong, vice-presidente da Associação Comercial da Indústria de Casamento, disse aos jornalistas que, “apesar da contracção económica”, o número de casamentos não se deverá ressentir em Macau – são cerca de 4000 por ano.

O responsável pela organização disse também que espera que o evento possa manter o aumento de 10 por cento no volume de negócios registado no ano passado.

Este ano, os jovens casais estão dispostos a pagar menos pelo grande dia: 10 mil patacas para o programa de pré-casamento e entre 5000 a 6000 patacas por mesa para o banquete, referiu ainda Lo.

 

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Um pouco acima deste orçamento, estão os pacotes da empresa taiwanesa BellaOne. Por 18 mil patacas é possível passar duas noites num hotel de cinco estrelas e fazer a sessão fotográfica pré-casamento em Taiwan. A viagem fica à responsabilidade dos casais.

Só no ano passado, a empresa levou 200 casais da região a Taiwan. Os cenários das ilhas são os elementos que pesam nesta escolha, refere Liz, responsável pelo negócio.

A participar na Exposição de Casamento da Torre de Macau há quatro anos, a BellaOne oferece um leque de serviços focados sobretudo na sessão fotográfica pré-casamento e no banquete, em Taiwan e na Coreia do Sul. “O cinema coreano está muito na moda e as pessoas querem ficar iguais às estrelas do ecrã”, nota.

 

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Hollie Yeung, uma das sócias da The Anabas 3Production, uma empresa de Hong Kong, pagou 60 mil patacas para estar aqui. A empresa de produção, ligada à maquilhagem, fotografia e vídeo, quer “aproveitar o grande mercado que é Macau” e a “falta de profissionais locais” para atrair clientes.

“Uma amiga de Macau ligou-me um dia destes e disse: ‘Hollie, achas que me podes apresentar um maquilhador, porque não há cá muitos’”.

 

Aposta dos hotéis

O vice-presidente do sector das Convenções e Exposições da Sands China, Gene Capuano, estima que a organização de casamentos possa ser responsável por entre cinco a seis por cento das receitas totais do sector das convenções e exposições (MICE, na sigla inglesa) da empresa norte-americana em Macau.

A Sands China organiza por ano cerca de 200 casamentos – na maioria participam entre 250 e 400 convidados. “Fazemos os casamentos de grande dimensão no salão do Venetian e já chegámos a ter entre 1500 e 2000 convidados nesse espaço”, nota Capuano.

 

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Focada sobretudo no mercado local, a empresa aposta também em nichos. “O que teve mais sucesso até agora foi o mercado indiano”, diz o responsável, realçando, porém, a dificuldade que é trazer “centenas de convidados à cidade”.

Os preços dos banquetes, que incluem quarto de hotel e outros serviços extra oferecidos pelas várias propriedades da Sands China na região, podem variar entre as 9000 e as 25 mil patacas por mesa.

Em Macau há cerca de oito anos, Gene Capuano acredita que, com a queda das receitas do jogo, são cada vez mais os hotéis-casinos na região a apostar na organização de casamentos como forma de diversificar as receitas. “Essas empresas só organizavam casamentos e eventos sociais aos fins-de-semana, porque não queriam desperdiçar quartos com clientes que não fossem jogadores.”

 

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Também o Sofitel do Ponte 16 tem como público-alvo os casais de Macau, que compõem mais de 90 por cento dos clientes da unidade hoteleira. Por ano, o Sofitel organiza cerca de 80 casamentos. Guillaume Gallas, director-geral do hotel, acredita que estes números deverão manter-se também em 2016. “Todos os anos abrem hotéis em Macau, claro que a quota de mercado vai sendo cada vez mais pequena e, para nos mantermos, vamos tentando ampliar o negócio, é sempre um desafio.”

Os preços dos menus começam nas 9000 patacas, podendo chegar às 15 mil patacas por mesa. À semelhança da Sands China, também aqui estão incluídos outros serviços para quem celebrar o casamento nesta propriedade. A utilização da limusine, lugares de estacionamento, serviço fotográfico e quarto de hotel são alguns deles.

 

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Guillaume Gallas acredita que empreendimentos como o Sofitel, que dispõem de salões para cerca de 400 convidados, serão sempre uma opção para a população de Macau. “Para os chineses não se trata apenas do casamento, mas é uma questão de face, também para a família e para os amigos e, por isso, geralmente centenas de pessoas são convidadas para um casamento.”

De acordo com o responsável, o sector do casamento corresponde a cerca de 10 por cento das receitas totais do hotel, podendo variar ao longo do ano.

 

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Casamentos em Macau

 

ANO/ NÚMERO DE CASAMENTOS/POPULAÇÃO

1970 – 116 – 248.600

1980 – 1016 – 242.000

1990 – 1794 – 339.500

2000 – 1222 – 431.500

2005 – 1734 – 484.300

2008 – 2778 – 543.100

2010 – 3130 – 540.600

2011 – 3545 – 557.400

2012 – 3783 – 582.000

2013 – 4153 – 607.500

2014 – 4085 – 636.200

2015 – 3789 – 646.800