Lusofonia | Macau aposta no sector da locação financeira

Macau tem "potencial e vantagens" para desenvolver o sector da locação financeira. Segundo Glória Batalha Ung, vogal executiva do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), o tema vai ser debatido ainda este ano durante a 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

“A China tem tecnologia, maquinaria em excesso e muitas outras coisas para exportar, e os países de língua portuguesa, especialmente os países africanos, têm grandes necessidades e não têm capital, então nós podemos alugar estes materiais”, diz Glória Batalha Ung, vogal executiva do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), que acredita que Macau tem “potencial e vantagens” para desenvolver o sector da locação financeira (do inglês leasing).

De acordo com o IPIM, o enquadramento legal diferenciado, os benefícios fiscais para o negócio da locação financeira, a ligação próxima aos mercados financeiros internacionais, o posicionamento geográfico e o papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa são algumas dessas vantagens.

O desenvolvimento deste sector vai ser um dos temas em debate durante a 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que se realiza este ano no mês de Novembro em Macau. Ao longo do evento, o IPIM vai organizar a Conferência dos Empresários e dos Quadros da Área Financeira. “Convidámos especialistas ou profissionais dessa área para virem falar, discutir para nós criarmos este sector. É uma coisa nova”, refere Glória Batalha Ung.

 

Feira exclusiva em 2017

Em entrevista à MACAU, Glória Batalha diz ainda que, este ano, a 21.ª Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa), que se realiza entre 20 e 23 de Outubro, vai receber pela segunda vez a “Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa”. O pavilhão vai voltar a contar com empresas provenientes dos países lusófonos, que terão oportunidade de apresentar no local produtos e serviços oriundos daquele universo geográfico.

Portugal será este ano convidado pela primeira vez como país parceiro da edição da MIF. Glória Batalha Ung admite, porém, que a partir de 2017, a “Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa” vai seguir o próprio caminho, tornando-se numa exposição individual.

“Agora ainda está ligada à MIF porque é uma exposição pequena, mas vai aumentar a dimensão, com mais produtos, mais serviços, mais projectos”, vinca a responsável, sublinhando que o evento, também da responsabilidade do IPIM, deverá realizar-se na mesma altura que a MIF.

Neste novo certame, acrescenta Glória Batalha Ung, vão estar presentes profissionais bilingues de português e chinês para facilitar o contacto entre empresários. “Um empresário chinês que entre num pavilhão para falar com um empresário lusófono depara-se com a barreira linguística, mas poderá recorrer a um profissional bilingue, que vai trabalhar como intérprete ou tradutor”, explica a representante, sublinhando que esta é também uma oportunidade para estes quadros bilingues trabalharem nas relações entre os países de língua portuguesa e a China.

Além de tradutores, estarão ainda presentes no local outros profissionais, nomeadamente consultores da área jurídica. “Por exemplo, quem tem um projecto poderá talvez obter informações sobre a legislação, sobre as tradições, e estes profissionais podem dar aconselhamento para que este projecto avance em determinado país de língua portuguesa”.

 

Mais áreas de exposição na China

O Centro de Exposição dos Produtos Alimentares de Língua Portuguesa, sob a tutela do IPIM, localizado na Casa de Vidro, na praça do Tap Seac, em Macau, recebeu mais de 4000 visitantes nos primeiros três meses de actividade.

O espaço, com cerca de 390 metros quadrados, abriu as portas no final de Março e tem em exposição 800 produtos de 70 empresas. Inicialmente apresentava sobretudo bens alimentares provenientes de Portugal e do Brasil mas, ao longo destes cinco meses, a origem dos produtos tem vindo a diversificar-se, nota Glória Batalha Ung.

Entre Maio e finais de Agosto, acrescenta a vogal executiva, o IPIM convidou ainda nove empresários e fornecedores locais para vender directamente ao público – ao contrário do que acontece neste centro, onde cada produto está associado a um código QR, que remete o interessado para uma plataforma digital de comercialização.

“Temos aqui registados cerca de 70 empresários, mas a maioria é do exterior. Em Macau temos mais de 20 e escolhemos os maiores para durante três dias por semana porem os produtos à venda”, refere Gloria Batalha Ung, realçando que uma das empresárias convidadas admitiu ter vendido ao longo deste período produtos no valor de 80 mil patacas.

Este ano foi também criada uma área de exposição no gabinete de ligação do IPIM em Fuzhou, capital da Província de Fujian. De acordo com a responsável, este pequeno expositor tem cerca de 20 produtos alimentares dos países de língua portuguesa. Por aqui já passaram cerca de 100 visitantes.

Glória Batalha Ung garante que o IPIM vai continuar a instalar áreas de exposição dos produtos lusófonos nos vários gabinetes de ligação que tem espalhados pelo Interior da China, nomeadamente nas províncias de Liaoning, Zhejiang, Sichuan e Guangdong. Este ano a instituição vai ainda abrir outro gabinete de ligação em Wuhan, Província de Hubei.

Através da cooperação com associações comerciais, Glória Batalha Ung espera ainda expandir as áreas de exposição a outras cidades do país. Tianjin, Chongqing, Changsha, Haining e Xangai são exemplos apontados pela responsável do IPIM.

 

 

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Especialista na América Latina lidera Fórum Macau

Xu Yingzhen, actual conselheira comercial para a América Latina do Ministério do Comércio, vai suceder a Chang Hexi no cargo de secretário-geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau). Licenciada em língua espanhola pela Universidade de Economia e Negócios Internacionais, em Pequim, Xu Yingzhen ingressou no Ministério do Comércio chinês em 1989. A futura secretária-geral do Fórum Macau foi ainda directora-geral adjunta do Gabinete para os Assuntos das Américas e Oceânia, passando ainda pela Câmara do Comércio da China no Chile. O nome de Xu Yingzhen foi anunciado em Junho, durante uma reunião entre o ministro chinês do Comércio, os embaixadores dos países lusófonos acreditados junto do Governo de Pequim e uma delegação do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

 

Angola no topo da lista de empréstimos chineses

Dos 86,9 mil milhões de dólares de crédito concedido pela China a África entre 2000 e 2014, Angola recebeu 21,2 mil milhões de dólares, 23 por cento do total, seguindo-se a Etiópia, Sudão, Quénia e República Democrática do Congo. Estes números constam de um estudo do China Africa Research Initiative, da universidade norte-americana privada Johns Hopkins. A maior instituição financiadora de Angola foi o Banco de Desenvolvimento da China, seguindo-se o Banco de Exportações e Importações (ExIm) da China. Cerca de 2,5 mil milhões de dólares foram ainda concedidos por outras instituições. O estudo revela ainda que 84 por cento dos empréstimos da China à indústria extractiva africana tiveram como destino a Sonangol, empresa responsável pela administração e exploração do petróleo e gás natural em Angola.

 

Guangdong quer atrair mais capital lusófono

O governador de Guangdong, Zhu Xiaodan, que esteve em Macau em finais de Junho, disse que espera que os investimentos dos países de língua portuguesa venham a aumentar naquela província chinesa. Guangdong “dá muita atenção aos países de língua portuguesa, aos investimentos desses países e também aos dos países latinos e dos países africanos”, referiu Zhu Xiaodan, que esteve em Macau para participar na conferência conjunta de cooperação Guangdong-Macau – a primeira realizada desde a aprovação do 13.º Plano Quinquenal (2016-2020) pelo Governo Central. Zhu Xiaodan falou também da Zona de Comércio Livre de Guangdong, um projecto-piloto em estudo e que deverá integrar três áreas: Nansha, em Cantão, Qianhai, em Shenzhen, e a Ilha da Montanha, num total de 116,2 quilómetros quadrados. “Vamos também aproveitar a vantagem de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. Mediante a cooperação estreita com Macau, iremos também promover este papel de Macau a um nível diferente”, realçou.

 

Instituto Confúcio abre em Coimbra

Foi inaugurado o Instituto Confúcio na Universidade Coimbra (UC), o quarto em território português. Além da divulgação da língua e cultura chinesas, o espaço tem também como objectivo promover a Medicina Tradicional Chinesa, contando com o apoio do governo de Pequim. Para a Embaixada da China em Portugal este é um “passo decisivo” para a promoção da Medicina Tradicional Chinesa no país. “O Instituto Confúcio da Universidade de Coimbra reúne todas as condições para contribuir para a difusão da língua e cultura chinesas, para a melhoria significativa do conhecimento da Medicina Tradicional Chinesa em Portugal e para a qualificação dos profissionais portugueses que a exercem entre nós, bem como para a formação de todos os interessados em aprofundar as relações entre Portugal e a China”, pode ler-se no comunicado de imprensa da UC. No dia da inauguração, o estabelecimento de ensino universitário promoveu um encontro de Institutos Confúcio dos Países da CPLP para debater o ensino do chinês entre os falantes da língua portuguesa.

 

Advogados locais criam parceria com escritórios da RPC e Hong Kong

A firma Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados juntou-se a uma sociedade jurídica do Interior da China e outra de Hong Kong e constituiu o consórcio ZLF. Trata-se da primeira parceria entre escritórios de advogados das três regiões. O novo escritório, localizado na Ilha da Montanha, abriu portas em Julho. “Queremos servir clientes de Macau, dos países de língua portuguesa e posicionarmo-nos para, no futuro, abrirmos em outros mercados”, explicou à MACAU Pedro Cortés, um dos seis sócios da firma. A Ilha da Montanha é uma zona de comércio livre, situada em território chinês, adjacente a Macau. Em 2014 começou ali a operar a Universidade de Macau, numa área delimitada, sob jurisdição de Macau. Já o novo escritório de advogados, que se localiza por trás da Universidade de Macau, vai situar-se em território da República Popular da China. O escritório vai trabalhar na área do direito bancário, direito financeiro, direito da propriedade industrial e da construção.

 

Empresa lusa quer posicionar-se em Macau

A Dois, uma empresa portuguesa ligada à área das tecnologias de informação, esteve em Macau em Julho para fazer uma apresentação da parceria com a gigante chinesa Huawei. De acordo com o responsável pelas Relações Internacionais da Dois, José Silva, a estratégia de expansão da empresa passa agora pela RAEM e outras regiões da Ásia. “O objectivo é vir para Macau, ficar em Macau e a partir de Macau ir para Timor”, disse o responsável à imprensa, sublinhando que a empresa quer “ao mesmo tempo tentar conquistar um pouco a comunidade chinesa em Macau, desde os casinos, banca, seguros, fornecendo produtos de alta qualidade”. Em Macau, acrescentou o responsável, a Dois “pretende também chamar a atenção de alguns investidores para o projecto que nós temos para os PALOP”. A Dois foi criada em 2009 e actua nas áreas de datacenter, networking, infraestrutura, segurança, conectividade, colaboração e internet das coisas.