Brexit é oportunidade para reforçar cooperação com Portugal, diz Lionel Leong

O secretário para a Economia e Finanças de Macau defendeu que a saída do Reino Unido da UE [Brexit] constitui uma oportunidade de reforço da cooperação entre Portugal, China, Macau e Europa.

Em entrevista à Rádio Macau, Lionel Leong Vai Tac afirmou que “a China-Macau-Portugal-UE será uma nova rota a ser explorada para que mais empresas chinesas, juntamente com as de Macau, desenvolvam negócios no exterior”, na sequência do Brexit.

O responsável indicou que tem mantido contactos regulares com o Governo de Lisboa, já que a cooperação com Portugal é fundamental: “É hoje um local onde muitas empresas chinesas querem investir, desejando também muitas delas fazê-lo conjuntamente com empresas de Macau”.

“Recentemente, arrendámos um espaço em Lisboa para servir como centro de incubação de empreendedorismo juvenil, para possibilitar aos jovens empreendedores de Macau e da província de Guangdong, ou a outros de diferentes províncias e cidades chinesas, a criação de negócios no centro Second Home Lisboa. Todos acreditam que a entrada em Portugal significa ter oportunidades de entrar no espaço da UE e no espaço da Lusofonia”, disse.

Lionel Leong acrescentou ainda que o Governo de Macau aposta na vinda de mais empresários portugueses para o Oriente.

“Macau pode prestar serviços de plataforma para que mais empresas dos países de língua portuguesa e de Portugal possam entrar com maior facilidade no mercado chinês, dando-lhes diferentes oportunidades na China”, sublinhou.

Em Junho próximo, Lionel Leong e especialistas e académicos do sector financeiro visitam Portugal para estudar a instalação em Macau da plataforma de serviços financeiros entre a China e os países de língua portuguesa. A delegação deverá incluir autoridades financeiras chinesas.

O responsável disse que o desenvolvimento do sistema financeiro “resultará na mudança do teor do Produto Interno Bruto (PIB)” e “incentivará o desenvolvimento das áreas de seguros e de acreditação”, o que levará ao aparecimento de “mais empresas que prestam serviços profissionais”.

O secretário apontou para a criação de empresas de locação financeira. “Os grandes fornecedores de máquinas e equipamentos de grande dimensão do interior da China poderão dedicar-se à execução de obras de construção de infraestruturas nos países espalhados ao longo de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, ambicioso programa de infra-estruturas liderado por Pequim para reforçar e ampliar as relações comerciais entre a Ásia, a Europa e a África.

Em relação à região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, Lionel Leong defendeu que a influência portuguesa em Macau pode contribuir para uma presença diferenciadora da Região Administrativa Especial chinesa na zona.

“Em Macau coexistem a cultura tradicional chinesa e a portuguesa, encontrando-se ambas num intercâmbio dinâmico. Por isso, estamos convencidos de que, aproveitando esta integração cultural, podemos ter uma singularidade na Grande Baía”, sublinhou.