De bailarina a “Miss Grand Macau”

Será a representante da RAEM no concurso internacional “Miss Grand International”, no Myanmar, entre candidatas de mais de 80 países e regiões. Aos 22 anos, Débora Lopes de Oliveira, bailarina profissional, segue as pisadas da mãe, que participou no concurso de beleza local nos anos 80

Texto Bruna Pickler  

Débora Lopes de Oliveira tem 22 anos e vai representar Macau no concurso de beleza “Miss Grand International”, que decorre este mês de Outubro no Myanmar. Foi escolhida entre as candidatas locais, em duas rondas de audições, tornando-se a “Miss Grand Macau” deste ano. 

É bailarina profissional e a família incentivou a sua participação. A mãe de Débora concorreu a “Miss Macau” no ano de 1985, tendo sido eleita segunda dama de honor no concurso. 

Na cidade de Yangon, estarão representantes de mais de 80 países e regiões. Serão escolhidas as 20 finalistas até ser conhecida a sucessora da peruana María José Lora, eleita “Miss Grand International 2017” no concurso que decorreu no Vietname. 

Débora nasceu em Macau e diz que é um honra representar a região no concurso internacional que pontua os cinco mais importantes a nível mundial. A candidata da RAEM aponta a sua capacidade de trabalho e determinação como características que podem levar a sua participação a sobressair, mas também a sua escolha de carreira profissional. “Comecei a dançar com cinco anos e apaixonei-me pela dança e pelo palco desde então. Fui sempre escolhida para me apresentar nos eventos anuais da escola e com 15 anos deixei Macau para prosseguir estudos em artes performativas em Inglaterra.” 

As artes sempre estiveram presentes na vida familiar de Débora. “O meu avô foi um dos membros fundadores da banda Tuna Macaense e a minha mãe participou na Miss Macau em 1985. O meu irmão foi o primeiro estilista de Macau a aparecer na edição britânica da revista Vogue e a mostrar uma colecção na semana de moda em Londres. Ver todos estes exemplos da minha família levou-me a almejar algo mais e a fazer o possível para concretizar os meus sonhos e espero continuar o legado familiar”, algo que também espera passar aos seus descendentes. “Terão todo o meu apoio, tal como tive dos meus pais, que me deram uma boa base desde criança, algo muito importante. Mas não quero que sejam muito mimados ou protegidos, prefiro ensinar-lhes que devem ganhar experiência e aceitar novos desafios e não se compararem a ninguém, apenas serem eles mesmos”.  

Formou-se em 2017 em Dança Urbana pela Universidade de Londres e juntou-se a um grupo de hip-hop no Reino Unido. “Chama-se MyselfUK Dance e tem-me permitido crescer e tornar-me melhor bailarina e pessoa. Estar num grupo tem-me ensinado muito, não só a dançar”, realça. Tem participado em vários eventos em palcos emblemáticos como o estádio de Wembley, fazendo participações também fora do Reino Unido. 

A responsabilidade de ter sido eleita “Miss Grand Macau” veio acrescentar algo aos planos futuros de Débora. “Quero continuar como bailarina profissional, mas também tornar-me instrutora de fitness, mas agora com este novo papel tenho responsabilidade de promover Macau no plano internacional, algo que, de alguma forma, já tenho vindo a fazer no estrangeiro desde que saí para estudar. As minhas raízes serão sempre de Macau e posso tornar-me uma embaixadora de Macau e viajar pelo mundo”, antecipa. 

Sobre a experiência de concorrer a “Miss Grand Macau”, sublinha o espírito de entreajuda das concorrentes. “Há uma ligação muito forte entre todas as concorrentes que participaram, uma espécie de aliança para nos ajudarmos umas às outras. Ajudamo-nos muito. Isso aconteceu até com as participantes do concurso da ‘Miss Grand Macau’ do ano passado, como na ‘Miss International Macau’. Pessoalmente, deram-me muitos conselhos e partilharam comigo essas experiências que tiveram nos concursos”, contou. 

Sobre a crítica acerca deste tipo de concursos, a “Miss Grand Macau” deste ano não aceita que seja uma carreira superficial. “Este percurso não é para toda a gente. A pessoa que agarre esta oportunidade deve aproveitar para criar alguma coisa, fazer alguma coisa com essa experiência e quem sabe partir para outra oportunidade de carreira.” 

Acredita num estilo de vida saudável e que “a prática faz a perfeição”, algo que aprendeu com o percurso como bailarina. Vê os concursos de beleza como mais do que aparência, mas uma oportunidade de empoderamento das mulheres e de abordar assuntos importantes. “É preocupante pensar que em algumas partes do mundo há mulheres que não têm as mesmas oportunidades. Acredito na igualdade, não só para as mulheres em relação aos homens, mas para algumas minorias que necessitam de maior atenção em relação às suas necessidades”, sublinhando ainda a vontade de trazer esses assuntos à discussão na sociedade. “Ninguém deve desistir de perseguir os seus sonhos e de ser aquilo que quer ser. Somos todos diferentes e devemos ser únicos e dar tudo para sermos a melhor versão de nós próprios.” Nos dias que correm, aposta na influência das redes sociais e também quer usar o seu perfil público para a campanha direccionada às mulheres, que “devem construir a sua independência, tanto financeira como pessoal, e fazerem da união a sua força.” Se não tivesse seguido a dança, Débora gostaria de ter ingressado nas forças de segurança. “Gostava de ter sido polícia porque tenho determinação e vontade de trabalhar para o bem comum”, disse.