Uma oportunidade única para Macau

Na primeira reunião de trabalho do Grupo de Líderes para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que teve lugar em Agosto, em Pequim, discutiu-se a construção de um centro internacional de inovação de ciência e tecnologia, com o Governo Central a apoiar Macau como plataforma na área da medicina tradicional chinesa

Texto Luciana Leitão 

A primeira reunião de trabalho do Grupo de Líderes para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que contou com a participação do Chefe do Executivo da RAEM, Chui Sai On, marcou o arranque de uma nova fase no desenvolvimento da Grande Baía. Preparam-se assim as linhas para que este núcleo de nove cidades do Interior do País e das duas regiões administrativas especiais se venha a transformar num centro de inovação mundial. 

O Grupo de Líderes para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau é constituído pelo Governo Central e liderado pelo vice-primeiro-ministro, Han Zheng. Na primeira reunião de trabalho, de acordo com um comunicado oficial, “debateram-se e analisaram-se os documentos apresentados e estudou-se o planeamento dos trabalhos da próxima fase”. 

A estreia de Macau e Hong Kong 

Tratando-se esta da primeira vez que Macau e Hong Kong fazem parte de um organismo decisório nacional, Chui Sai On referiu em Pequim, segundo um comunicado oficial, que o Governo “está ciente de que terá de aumentar a consciencialização dos interesses gerais e de assumir as suas responsabilidades, devendo agir e coordenar de forma activa”. 

O Chefe do Executivo declarou ainda que a Grande Baía irá trazer à região uma oportunidade única de desenvolvimento. “Dessa forma, Macau empenhará todos os esforços para articular as suas políticas com o planeamento uniformizado das estratégias nacionais”, além de impulsionar o desenvolvimento da diversificação económica e aperfeiçoar as condições de vida da população. 

Chui Sai On anunciou também que, para facilitar o investimento dos residentes de Hong Kong e Macau no Interior do País e acelerar a construção do centro internacional de inovação de ciência e de tecnologia, será lançada em breve uma série de medidas nacionais. 

Em primeiro lugar foram discutidas estratégias para a construção do centro internacional de inovação de ciência e de tecnologia no âmbito da Grande Baía, cuja coordenação vai estar a cargo da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, dirigida por He Lifeng. Neste campo, mencionou-se que “o Governo Central apoia o desenvolvimento de Macau como plataforma na área da medicina tradicional chinesa”.  

Além disso, deverão ser reduzidas, de forma significativa, as tarifas de roaming entre Guangdong, Hong Kong e Macau, sobretudo para as pessoas que viajam com frequência entre estes três locais. 

Depois, serão também criadas facilidades aos residentes de Macau e de Hong Kong que queiram trabalhar e criar os próprios negócios no Interior do País. O Conselho de Estado anunciou a revogação do sistema de autorização de trabalho no Interior do País para os residentes das duas regiões administrativas especiais.  

O papel das regiões 

“É a primeira vez que os chefes do executivo das duas regiões foram incluídos em organismos centrais de tomada de decisão, o que demonstra que o Governo Central está a prestar atenção ao papel de Hong Kong e Macau na Grande Baía”, destaca o jornal China Daily. 

Han Zheng afirmou, nesta reunião de trabalho, que o desenvolvimento da Grande Baía deve utilizar as vantagens do princípio “um país, dois sistemas” e aproveitar os benefícios da província de Guangdong e das regiões de Hong Kong e de Macau, de forma a construir uma região global competitiva. 

Citado pelo jornal chinês, Han Zheng afirmou que a implementação da Grande Baía é uma estratégia nacional planeada e delineada pelo Presidente, Xi Jinping.  

O desenvolvimento deste núcleo urbano, que envolve nove cidades do Interior do País e as duas regiões administrativas especiais, deve obedecer ao princípio “um país, dois sistemas” e respeitar a Constituição nacional e as leis básicas de Hong Kong e de Macau. 

O vice-presidente deixou várias mensagens: as de que se devem utilizar as vantagens integradas de Guangdong e das duas regiões administrativas especiais para transformar a Grande Baía num aglomerado de nível mundial que seja internacionalmente competitivo, favorecendo o desenvolvimento a longo prazo do país, integrando, por exemplo, a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. 

No início de Junho, o Governo de Macau divulgou uma nota em que explicou o projeto da construção da Grande Baía.  Além de Guangdong, Hong Kong e Macau, a região da Grande Baía abrange nove localidades: Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing. Esta região conta com mais de 110 milhões de habitantes. 

Assim, além de estreitar relações entre as regiões da Grande Baía e os países de língua portuguesa, Macau pretende intensificar outros laços com estas regiões chinesas em matérias como o comércio de mercadorias e de serviços, facilidades nas alfândegas e comércio electrónico transfronteiriço, bem como intensificar a promoção internacional da indústria do turismo e da medicina tradicional chinesa.