Instituto Internacional de Macau, 2019
Este livro relembra a vida de mais de uma dezena de personalidades chinesas que se destacaram na história da cidade durante “os seus períodos dramáticos de riqueza e de pobreza”.
O livro Pioneiros de Macau do autor britânico Mark O’Neill relembra a vida de mais de uma dezena de personalidades chinesas que se destacaram na história da cidade durante “os seus períodos dramáticos de riqueza e de pobreza”. Entre os 14 nomes, encontra-se o de Florence Li Tim Oi, primeira vigária da Igreja Anglicana e a única mulher retratada na obra.
Texto de Catarina Domingues
Xian Xinghai, Lou Kau, Lou Lim Ieoc ou Robert Ho Tung são nomes de personalidades históricas que frequentemente relacionamos a Macau. Isto porque a existência destes homens também se perpetuou no espaço público: uma via na zona do NAPE recebeu o nome de Xian Xinghai, músico patriótico e compositor do hino de resistência da China contra o Japão; a casa onde viveu Lou Kau, comerciante, filantropo e “o primeiro rei do jogo de Macau”, tornou-se num museu; Lou Lim Ieoc deu nome a um jardim ao estilo de Suzhou; e Robert Ho Tung a uma biblioteca.
Mas a história da pequena cidade fez-se ainda de outros nomes menos conhecidos do público. O livro Pioneiros de Macau: A história de 14 chineses que ajudaram a construir a cidade, de autoria de Mark O’Neill, relembra alguns deles: Zhan Tian-you, responsável pela primeira linha ferroviária construída na China sem assistência externa; Wong Man-dat, o primeiro fotógrafo profissional chinês em Macau, ou Leung Yan-ming, pioneiro da educação moderna local e activista político.
“Através das suas vidas, o leitor pode obter uma compreensão pormenorizada da história de Macau e dos seus períodos dramáticos de riqueza e de pobreza”, pode ler-se numa introdução à obra, que integra a “Colecção Suma Oriental” do Instituto Internacional de Macau.
Entre as 14 personalidades destacadas pelo jornalista e escritor britânico, de referir Florence Li Tim Oi, primeira vigária da Igreja Anglicana, que apoiou a comunidade de Macau durante a II Guerra Mundial e que no período da Revolução Cultural foi forçada a trabalhar numa fábrica de produtos químicos. É a única mulher retratada no livro. “Na história de Macau, por várias razões, os homens tinham mais oportunidades de trabalhar, de fazer negócio, de trabalhar na igreja ou no governo e, por isso, [as mulheres] tinham um papel menos proeminente na vida pública”, justifica o autor em entrevista à MACAU.
Durante a II Guerra Mundial, Macau foi a única cidade no leste da Ásia que escapou à ocupação japonesa e foram várias as personalidades que se destacaram durante este período, realça a obra. “Foram tempos pouco comuns em Macau, porque a população triplicou. Macau não tinha tido até então tantas pessoas ali a viver e com a guerra na China, Hong Kong, na província de Guangdong, as condições de vida eram extremamente difíceis. Era muito difícil para Macau obter produtos e mercadorias para alimentar as pessoas. E nestas condições excepcionais, claro que sobressaem pessoas excepcionais. Especialmente esta vigária anglicana foi alguém que trouxe mudanças”, acrescenta o autor.
Mark O’Neill, natural de Londres, mudou-se para Hong Kong em 1978, tendo vivido desde essa altura na Ásia e trabalhado em diferentes meios de comunicação social, como a agência Reuters e o jornal South China Morning Post. É autor de 10 obras – a maioria traduzida para chinês – incluindo The Second Tang Dynasty: The 12 Sons of Fragrant Mountain Who Changed China (2014), The Miraculous History of China’s Two Palace Museums (2015) e Israel and China: from the Tang Dynasty to Silicon Wadi (2018).
Pioneiros de Macau: A história de 14 chineses que ajudaram a construir a cidade foi publicado originalmente em inglês, em 2018. A tradução para português é de Fernando Correia.
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Pioneiros de Macau: A história de 14 chineses que ajudaram a construir a cidade
Mark O’Neill
Instituto Internacional de Macau, 2019