HENGQIN

Bairro de Macau: a construção de um novo lar

O Novo Bairro de Macau em Hengqin deverá estar concluído até ao final de 2023
O Novo Bairro de Macau em Hengqin, com funções integradas de habitação, saúde e educação, é visto como um projecto pioneiro, visando que os residentes de Macau que optem por viver na ilha continuem a ter acesso a serviços sociais e outros benefícios que têm como referência aqueles disponíveis na RAEM

Texto  Michael Grimes

A CONSTRUÇÃO do Novo Bairro de Macau em Hengqin está a decorrer dentro do previsto e deverá estar concluída até ao final de 2023, apesar dos desafios colocados pela pandemia da COVID-19, garante a Macau Renovação Urbana S.A. (MUR), a sociedade de capitais públicos responsável pelo projecto.

Lojas, um jardim de infância, uma escola primária, um centro de saúde, um lar de idosos e um centro de serviços comunitários irão nascer na ilha vizinha à Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), parte do município de Zhuhai na província de Guangdong, para servir cerca de 4000 fracções habitacionais para residentes de Macau. A construção do Novo Bairro integra o Projecto Geral de Construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, e visa criar um ambiente para viver e trabalhar semelhante ao de Macau.

As obras do Novo Bairro arrancaram oficialmente a 1 de Janeiro deste ano e, segundo a MUR, os trabalhos de implementação dos alicerces dos edifícios através de bate-estacas devem terminar ainda este ano. O próximo passo será a construção da cave dos edifícios, seguida da estrutura principal e dos apartamentos, totalmente mobilados. A atenção irá depois virar-se para as estradas e os espaços verdes do Novo Bairro.

“Sempre que possível”, o empreiteiro irá utilizar elementos prefabricados (ver caixa), não apenas para poupar tempo de construção, mas também para reduzir a pegada ambiental do projecto, sublinha a MUR.

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O Novo Bairro em Hengqin terá 27 torres residenciais, com alturas a variar entre os 19 e os 26 andares. No interior, estarão mais de 4000 apartamentos, sendo que 80 por cento terão dois quartos e uma área a rondar 90 metros quadrados. As restantes unidades terão três quartos e áreas entre 100 e 120 metros quadrados.

O projecto tem como alvo residentes de Macau, tanto permanentes como não-permanentes, com pelo menos 18 anos. Os candidatos à aquisição de uma fracção no Novo Bairro de Macau em Hengqin só podem ser donos de uma unidade residencial em Macau e não podem deter propriedade na cidade vizinha de Zhuhai.

Para comprar as fracções, os residentes de Macau devem “cumprir o procedimento habitual” para a aquisição de imóveis no Interior da China, explicou em Julho passado Peter Lam Kam Seng, Presidente do Conselho de Administração da MUR.

Será dada prioridade no processo de venda a cidadãos de Macau que estejam a trabalhar, viver ou estudar, com uma autorização de residência, em Zhuhai ou numa das outras oito cidades do Interior da China que fazem parte da Região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau: Guangzhou, Shenzhen, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing.

Prioridade aos “talentos”

O projecto irá incluir 200 unidades para arrendamento a profissionais qualificados, permitindo a talentos de Macau “desenvolver as suas carreiras na região da Grande Baía”, diz a MUR, em respostas à Revista Macau. A empresa acrescenta que, ao preparar os requisitos para os candidatos a estas fracções, irá dialogar com os Governos do Interior da China e de Macau para saber que tipo de “talentos” são necessários ao desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin.

O Novo Bairro, com uma área total construída projectada em cerca de 620 mil metros quadrados, vai nascer num terreno com cerca de 190 mil metros quadrados, situado a sul da montanha Hengqin Pequena.

O desenho do projecto “aproveita ao máximo as vantagens naturais” da proximidade à montanha e à Baía de Tai Van para criar um ambiente com ventilação natural e com abundante luz natural, disse a MUR na altura do arranque das obras.

O terreno fica a apenas seis minutos de automóvel do Posto Fronteiriço de Hengqin. Os residentes que comprem um apartamento no bairro serão autorizados a conduzir entre Hengqin e Macau e o projecto irá incluir cerca de 4000 lugares de estacionamento para veículos ligeiros.

Para quem não queira conduzir, será lançada uma rota especial de autocarro a ligar o bairro ao Posto Fronteiriço de Hengqin. Mas o Governo de Macau quer evitar que os mais novos tenham de atravessar todos os dias a fronteira.

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O projecto terá uma escola com admissão prioritária aos residentes da RAEM e oferecendo habilitações académicas equivalentes às de Macau. A escola terá uma área de cerca de 20 mil metros quadrados, incluindo espaços para actividades ao ar livre e instalações para cerca de 12 turmas do ensino infantil e 18 turmas do ensino primário. O projecto tem já em perspectiva a criação futura de instalações para o ensino secundário.

Ao abrigo do Acordo-Quadro de Cooperação Guangdong-Macau, serão implementadas políticas favoráveis para apoiar as despesas dos alunos de Macau que estudem no Novo Bairro. Além disso, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude já incluiu disposições no regulamento do novo fundo da área da educação para apoiar financeiramente as escolas a serem estabelecidas no Novo Bairro.

Será ainda instalado no Novo Bairro um posto de saúde, gerido por uma instituição sem fins lucrativos financiada pelos Serviços de Saúde de Macau, para prestar cuidados de saúde comunitários gratuitos aos residentes de Macau. Já o lar de idosos e o centro de serviços comunitários que estão a ser construídos no local vão, ao mesmo tempo, ter “como referência o nível dos serviços disponibilizados em Macau” e levar em conta as “exigências no Interior da China”, garante o Governo da RAEM. 

O Novo Bairro de Macau em Hengqin em números

27

Torres residenciais previstas

4000

Apartamentos em construção

620.000 m2

Área total construída, quando o projecto estiver concluído