EMPREENDEDORISMO

Inovação ambiental chega do Brasil

O Bioblue, produto desenvolvido pela Biosolvit, é utilizado para remover crude
A Biosolvit, empresa brasileira de biotecnologia na área da protecção ambiental, venceu um concurso de inovação e empreendedorismo organizado pela primeira vez pelo Governo da RAEM

VEM do Brasil a empresa vencedora da primeira edição do Concurso de Inovação e Empreendedorismo para Empresas de Tecnologia do Brasil e de Portugal, organizado em Macau, em Outubro. Em entrevista à Revista Macau,  o fundador e director-executivo da Biosolvit, Guilhermo Queiroz, sublinha que a vitória em Macau representou o primeiro passo na aproximação à Ásia, especialmente à China, um mercado que está na mira da empresa, que opera na área da protecção ambiental.

O primeiro Concurso de Inovação e Empreendedorismo (Macau) para Empresas de Tecnologia do Brasil e de Portugal foi organizado pela Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) e teve como objectivo promover o papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. A iniciativa pretende também promover a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como um pilar importante na promoção do desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau como um centro internacional de inovação e tecnologia e na construção de um corredor de inovação científica e tecnológica. No total, 20 projectos de tecnologia e inovação participaram na competição, recomendados por oito incubadoras e instituições de ensino superior dos dois países lusófonos.


“Nós entendemos que [Macau] é o melhor lugar para se fazer negócios para a China”

GUILHERMO QUEIROZ
DIRECTOR-EXECUTIVO DA BIOSOLVIT

Foram apresentadas soluções inovadoras em áreas como a saúde, protecção ambiental e inteligência artificial. O júri, composto por um painel de 10 especialistas, incluindo representantes de investidores, instituições financeiras, investigadores e empresários da área da tecnologia, premiou cinco empresas nesta primeira edição. O primeiro lugar e o prémio de MOP100.000 foram para a Biosolvit e o seu produto destinado à remediação de acidentes com petróleo e derivados, o Bioblue.

“Este prémio é superimportante, porque é a primeira oportunidade que nós temos de conversar com o mercado asiático de forma mais intensa. Nós estamos muito entusiasmados com a possibilidade de ir até Macau e de conversar com potenciais clientes, parceiros, distribuidores e, também, com investidores, porque, em última instância, podemos eventualmente discutir uma possibilidade de expansão para o mercado asiático a partir da China”, refere Guilhermo Queiroz.

Olhos na Grande Baía

Como vencedora do concurso, a empresa brasileira terá a oportunidade de participar em reuniões com investidores institucionais e incubadores do Interior da China e de Macau, assim como de visitar a região da Grande Baía, que faz parte dos planos de expansão internacional da empresa. 

“Nós entendemos que [Macau] é o melhor lugar para se fazer negócios para a China. Primeiro, por questões relacionadas com o ambiente de negócios, que é mais simples”, salienta o empresário. Outras vantagens, enumera, são o facto de o português continuar a ser uma das línguas oficiais da RAEM e de existir “uma grande concentração de investimentos” em Macau que pode proporcionar “algumas oportunidades” à Biosolvit.

O projecto vencedor está relacionado com a protecção ambiental e a sustentabilidade, sendo utilizado para remover crude. “A Biosolvit é uma empresa que nasceu para ser internacional, justamente porque o mundo tem esse problema, que não é localizado no Brasil ou na China, mas está em todos os lugares onde se manipula óleo, petróleo ou derivados. Então, o potencial de expansão internacional é gigante”, explica o fundador da Biosolvit.

De acordo com Guilhermo Queiroz, o Bioblue é considerado o mais eficiente do mundo para acidentes de derramamento de crude. “É um produto natural, feito a partir de biomassa descartada, que é mais eficiente pelo ponto de vista da capacidade de absorção e mais rápido do que os produtos normalmente utilizados no mercado, que são produtos sintéticos. O facto de o produto ser mais rápido a absorver e mais eficiente é muito bom para o meio ambiente, porque significa que nós resolvemos um acidente com o petróleo na metade do tempo e absorvemos muito mais petróleo usando menos produto”, explica o responsável. O Bioblue permite reaproveitar o petróleo absorvido até 95 por cento.

Duas empresas de Portugal, ambas da cidade de Aveiro, arrecadaram os segundo e terceiro prémios do concurso. O projecto da Nu-Rise, na área da radioterapia, e o da Ryapurtech, na área dos biofármacos, receberam prémios de MOP80.000 e MOP50.000, respectivamente. 

Foram ainda atribuídas duas distinções, ambas a empresas brasileiras, no valor de MOP30.000 cada: o Prémio de Maior Potencial de Desenvolvimento na Área da Grande Baía, atribuído ao projecto Bioo, e o Prémio de Transferência de Valor Científico e Tecnológico, ao projecto Pocket Clinic.

O concurso contou ainda com a colaboração do Centro de Incubação de Negócios para os Jovens de Macau, do Banco da China e da empresa Parafuturo de Macau. 

T.A.