Recuperação económica

Turismo de Macau faz-se sentir

Sob o lema abrangente “Sentir Macau”, a Direcção dos Serviços de Turismo tem vindo a levar a cabo nos últimos meses diversas iniciativas promocionais no exterior. O objectivo é dar a conhecer ao mundo que a indústria turística local está novamente de portas abertas e pronta para receber

Texto Emanuel Graça

A ideia é simples: o turismo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) está de volta e quer alargar as suas fontes de clientes. Essa é a mensagem que os representantes da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em parceria com a indústria, estão a tentar passar para o exterior, através de uma série de iniciativas e eventos não só na Grande China, mas também em vários mercados internacionais.

Para além de promoções online e presenciais, a DST tem vindo a lançar várias ofertas especiais, no sentido de mover esforços para expandir as fontes de visitantes para o território. A isso somam-se visitas organizadas à RAEM para operadores turísticos, imprensa e influenciadores digitais de diferentes mercados, desde o Interior da China à Coreia do Sul, para que possam (re)descobrir as atracções turísticas da cidade.

Simbolizando a completa reabertura do turismo de Macau ao mundo, foi inaugurada no território, no final de Junho, a 11.ª Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau (MITE, na sigla inglesa), ocupando uma área de exposição de 23 mil metros quadrados. Pela primeira vez desde 2020, a exposição de três dias contou com a participação presencial de operadores estrangeiros, para além de representantes do Interior da China e Hong Kong. Nas palavras da directora da DST, Maria Helena de Senna Fernandes, o evento visou “promover o intercâmbio e a cooperação turística regional e internacional, diversificar as fontes de visitantes e apoiar a recuperação da indústria turística”.

Os dados indicam que a retoma da indústria turística está em curso, desde que Macau reabriu as fronteiras e colocou fim às restrições à circulação de pessoas implementadas desde 2020, fruto da pandemia da COVID-19. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, entre Janeiro e Maio, chegaram a Macau mais de 9,4 milhões de visitantes, um aumento de 205,9 por cento face ao período homólogo do ano transacto. Maio foi o segundo mês consecutivo pós-COVID-19 em que a RAEM registou mais de dois milhões de turistas.

Durante o período do Dia do Trabalhador, ao qual corresponderam cinco dias feriados no Interior da China, Macau recebeu cerca de 493 mil visitantes, entre os quais 376 mil provenientes do Interior da China e 89 mil de Hong Kong. O número médio diário de turistas foi de cerca de 99 mil, registando-se um “grande fluxo de pessoas nos pontos turísticos de Macau, Taipa e Coloane”, sublinha a DST. Em comparação com o mesmo período de 2019, o número total de visitantes correspondeu já a uma recuperação de 62 por cento.

Alargar fontes de visitantes

Na nova fase pós-COVID-19, as autoridades da RAEM não estão apenas preocupadas em estimular um aumento do volume de turistas. Um dos objectivos para o sector turístico local pós-pandemia é que consiga atrair visitantes de geografias mais variadas, reduzindo o foco na Grande China.

De acordo com o Secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, nos primeiros quatro meses do ano, “foi registado um aumento de 2,7 vezes no número médio diário de visitantes internacionais em Macau, passando de 977 em Janeiro para 3630 em Abril”. Segundo declarações do governante em Junho na Assembleia Legislativa, “a capacidade das ligações aéreas internacionais ainda está longe do nível de 2019, todavia, em Abril, o número médio diário de turistas internacionais recuperou para cerca de um quarto do valor registado em 2019, mantendo uma tendência ascendente”. Em Maio, o território recebeu mais de 100 mil turistas estrangeiros, repetindo o resultado de Abril.

Desde a reabertura do território ao turismo internacional, a DST já levou a cabo várias actividades promocionais fora da Grande China, para dar maior visibilidade ao destino Macau. A primeira grande iniciativa do género decorreu na capital portuguesa, Lisboa, em Abril, coincidindo com a visita do Chefe do Executivo ao país. O evento teve como objectivo apresentar as mais recentes novidades de Macau a nível turístico não só junto da população portuguesa, mas também de turistas em visita à capital lusa.

Seguiu-se, em Junho, uma iniciativa similar em Banguecoque, na Tailândia, também sob o lema “Sentir Macau, Sem Limites” e com duração de três dias. Foi a primeira promoção turística de grande envergadura realizada pela DST num mercado internacional asiático no pós-COVID-19. Em 2019, antes da pandemia, Macau recebeu mais de 150 mil visitantes da Tailândia, sendo então o décimo maior mercado emissor de turistas para o território. De acordo com a DST, o país do sudoeste asiático é considerado um “mercado com potencial”.

A primeira grande promoção turística de Macau num mercado internacional asiático no pós-COVID-19 decorreu em Junho na Tailândia

Em Maio, e a convite da DST, operadores turísticos de Singapura, Malásia e Tailândia tinham já realizado uma visita de familiarização a Macau, acompanhada de contactos empresariais, com o objectivo de explorar em primeira mão os novos elementos turísticos da cidade. A delegação, composta por mais de 50 representantes, visitou vários pontos turísticos e resorts de grande dimensão, bem como pôde provar a gastronomia típica de Macau.

Entretanto, a DST tem vindo a cooperar com companhias aéreas, plataformas de comércio electrónico e agências de viagens online para oferecer aos visitantes internacionais descontos em bilhetes de avião e alojamento em hotéis durante visitas a Macau. De acordo com o Secretário para a Economia e Finanças, as autoridades locais estão também a negociar formas de cooperação com companhias aéreas que pretendam retomar os voos de e para a RAEM, “de forma a atrair turistas para visitar e prolongar a sua estadia em Macau”.

Parceiros de peso

As seis concessionárias de jogo do território desempenham um papel de relevo na estratégia governamental de diversificação de fontes de turistas para Macau no pós-COVID-19. As operadoras comprometeram-se nos respectivos contratos com o Governo, que entraram em vigor no início deste ano, a executar um conjunto de propostas relativas à expansão dos mercados de clientes de países estrangeiros. A exemplo disso, uma das operadoras levou a cabo em Junho uma acção promocional de três dias em Singapura, tendo-se feito acompanhar por uma delegação de cerca de 200 representantes de Macau, incluindo de várias pequenas e médias empresas.

Do lado das concessionárias, existem compromissos para desenvolver uma panóplia de iniciativas não-jogo: nos últimos meses, sucederam-se os concertos com artistas internacionais como as sul-coreanas Blackpink ou o canadiano Paul Anka. Para os próximos meses, estão previstas actuações do grupo irlandês Westlife, bem como diversos eventos desportivos de grande dimensão, apoiados pelas operadoras locais.

“O Governo da RAEM estimula proactivamente as concessionárias de jogo a iniciar de forma gradual novos planos em prol do desenvolvimento dos elementos não relacionados com o jogo, nomeadamente nos âmbitos de turismo comunitário, eventos desportivos, cultura e arte, e diversões temáticas”, garantiu o Secretário para a Economia e Finanças em declarações em Junho. O objectivo é “aumentar a competitividade internacional da indústria e atrair a Macau visitantes diversificados e de qualidade”, segundo Lei Wai Nong.

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As autoridades locais têm igualmente vindo a retomar a sua participação presencial em fóruns internacionais ligados ao turismo. Em Junho, a directora da DST participou num conjunto de reuniões da Organização Mundial de Turismo, realizadas em Phnom Penh, no Camboja, onde fez um retrato da situação mais recente da indústria turística local desde a plena abertura ao exterior da cidade no início do ano. 

Reactivar mercados 

A aposta em alargar o número de visitantes internacionais para Macau decorre em paralelo com iniciativas dedicadas ao Interior da China e Hong Kong, historicamente as duas principais fontes de turistas para Macau. Também Taiwan tem sido fruto de atenção especial por parte da indústria turística local.

Ainda em meados de Junho, representantes da DST – acompanhados por mais de 30 operadores turísticos e hoteleiros – participaram na 37.ª Feira Internacional de Turismo de Hong Kong e na 18.ª Expo de Viagens de Convenções e Exposições, também na cidade vizinha. O objectivo foi divulgar as últimas novidades referentes ao turismo de Macau junto de compradores, operadores turísticos, clientes empresariais e público em geral.

Entretanto, a DST continua com a iniciativa “Semana de Macau” no Interior da China. A paragem mais recente teve lugar na cidade de Qingdao, na província de Shandong, em Junho. A vertente de promoção de rua do evento, que decorreu durante cinco dias, atraiu 200 mil participantes, de acordo com a DST. Além disso, as transmissões do evento ao vivo através de diversas redes sociais registaram um número acumulado de visionamentos superior a 130 milhões. No mês anterior, a DST, em colaboração com a Air Macau, tinha convidado 46 operadores turísticos do Interior da China para uma visita de familiarização de quatro dias à RAEM.