Nicholas Torrão, capitão da selecção, veste as cores de Macau desde 2011

Métodos alternativos com balanço positivo

Com a vinda de uma nova equipa técnica, foram introduzidos novos métodos de treino e uma nova mentalidade na selecção de futebol de Macau.

Alguns jogadores que têm estado ao serviço da selecção são unânimes em considerar que “é um orgulho” vestir a camisola verde representativa de Macau. Opinião unânime também sobre o facto de a vinda de um treinador experiente ser um garante de maior qualidade para a equipa.

Filipe Duarte, de 38 anos, joga a central e decidiu abandonar a selecção depois da partida, em casa, diante do Myanmar a contar para qualificação para o Campeonato do Mundo de Futebol.

Fazendo o ponto da situação, Filipe Duarte diz que a selecção “foi evoluindo até à altura do aparecimento da COVID-19 e aí vários jogadores estavam no auge, com cerca de 30 anos de idade”. “Foi pena não ter havido qualquer jogo internacional.”

Além disso, prossegue, “a qualidade da nossa liga também não ajuda a selecção, uma vez que falta competitividade nas provas internas”. O positivo em 2023, que o jogador classifica de “excelente”, foi a série de jogos internacionais que Macau fez.

Sobre a aposta em técnicos do exterior, o defesa é peremptório: “Eles vêm com uma mentalidade completamente diferente. É essencial que tenhamos estes treinadores de fora, acompanhados por uma base de técnicos locais para que estes possam aprender”.

Enquanto uns terminam a sua passagem pela selecção, outros estão no início, como acontece com Vítor Almeida, que só em 2023 começou a jogar na equipa. O também central, de 32 anos, que se estreou no particular com o Myanmar, considera que a mensagem que os técnicos estrangeiros trazem está a ser benéfica para a equipa.

“Nunca tivemos tantos jogos internacionais em tão pouco tempo. É um sinal de que querem dar competição aos jogadores locais”, observa Vítor Almeida.

Experiência e ambição

O avançado Nicholas Torrão, 32 anos, está na selecção desde 2011 e corrobora a opinião de que a “selecção está directamente relacionada com a liga, pouco competitiva, que existe em Macau”.

Nos últimos anos, durante o período da pandemia, Macau perdeu alguns jogadores de uma geração “que podia ter ajudado mais”. Uma geração que tinha 28 anos e agora tem 32 ou 33, “o que é completamente diferente”, frisa Nicholas Torrão.

Com a vinda dos novos treinadores, a selecção disputou “vários desafios internacionais”. “Desde 2011 até agora, fiz cerca de 20 jogos e seis deles em 2023. Nota-se o interesse e o profissionalismo que estes treinadores têm. Trazem, sem dúvida, uma outra visão”, conclui.

Nuno Pereira foi o único futebolista, dos que actuam no exterior de Macau, a ser chamado aos trabalhos da selecção para os dois jogos diante do Myanmar. Nascido no território há 26 anos, o jogador veste a camisola do Imortal Desportivo Clube, no Algarve, e no regresso à equipa considera que Lázaro Oliveira está a fazer um trabalho notável.

“Notei uma diferença, quando regressei a Macau, na maneira como jogávamos, mais pressionante, com maior agressividade e queríamos ter mais posse de bola, o que não acontecia anteriormente, porque a principal preocupação era defender”, salienta.

“Penso que a associação já deu um grande passo ao contratar para seleccionador um treinador em Portugal com muita experiência e ambição, visto que, no pouco tempo de trabalho, já se notam algumas das suas ideias na forma de jogar da equipa. Há uma melhor organização colectiva a defender, com maior pressão na perda de bola e a atacar com mais posse de bola”, explica Nuno Pereira. O empate com o Myanmar, em casa, “já representa sem dúvida um bom resultado, perante equipas asiáticas mais poderosas”, acrescenta o médio.

Sobre o que é possível fazer para melhorar, Nuno Pereira diz que a condição física será fundamental. “As equipas de Macau continuam a ter dificuldade para treinar, por falta de campos, a que se junta a pouca disponibilidade dos jogadores, por causa dos seus trabalhos ou estudos.”

Um outro aspecto “também muito importante”, assevera, “é a parte mental, embora já se note algumas diferenças desde a entrada do novo seleccionador, que quer mudar a forma de pensar e a ambição dos atletas”.