Promoção

“Encontro”: produtos, cultura e cooperação em movimento

O “Encontro” disponibiliza actualmente cerca de 480 produtos provenientes de países de língua portuguesa
Aroma a café de Timor-Leste no ar, turistas a provarem vinhos do Porto e distribuidores de Macau a fecharem negócios com compradores vindos do Interior da China. Tudo isto acontece no “Encontro”, um ponto de venda físico de produtos dos países de língua portuguesa, focado na experimentação dos artigos. Em funcionamento desde finais de 2024, o projecto tem vindo a afirmar-se como uma montra viva do melhor que se produz no universo de língua portuguesa

Texto Vitória Man Sok Wa

Situado na Cave 1 do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o “Encontro” é mais do que um espaço comercial. Criado pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), o projecto visa contribuir para a consolidação de Macau como ponto estratégico entre a China e os países de língua portuguesa – não só através do comércio “puro e duro”, mas também incentivando a experimentação dos produtos disponibilizados.

De vinhos e azeites portugueses a pinturas angolanas e chocolates timorenses, as prateleiras do “Encontro” convidam à descoberta da diversidade dos países de língua portuguesa. Actualmente, mais de 30 fornecedores participam na iniciativa, traduzindo-se em cerca de 480 produtos disponibilizados, número que continua a crescer.

O “Encontro” surge associado ao Pavilhão de Exposição da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, localizado no mesmo edifício. O espaço comercial funciona como um ponto de venda, à consignação, para fornecedores e distribuidores que estejam registados no Portal para a Cooperação na Área Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa, explica o IPIM.

Vários empresários contam à Revista Macau que, frequentemente, visitantes e delegações do exterior que se deslocam ao Pavilhão de Exposição demonstram interesse em provar e comprar os produtos expostos – com a abertura do “Encontro”, tal passou a ser facilitado. Os artigos podem ser adquiridos por consumidores finais – por exemplo, como lembrança –, mas também por empresários do exterior, para teste de mercado com vista a uma possível importação.

De acordo com o IPIM, no futuro, o “Encontro” continuará “a enriquecer a sua gama de tipos de produtos à venda, proporcionando aos empresários e clientes um espaço para vivenciar profundamente os produtos e a cultura dos países de língua portuguesa”.

Degustar, descobrir, negociar

O “Encontro” pretende ser um palco dinâmico, aproximando os produtos dos países de língua portuguesa quer do consumidor curioso, quer do comprador profissional. Foi com esse espírito que, em Março, o espaço acolheu uma série de actividades promocionais ao longo de dois dias, incluindo workshops de artesanato, sessões de degustação de vinhos, demonstrações culinárias e descontos. De acordo com o IPIM, a adesão superou todas as expectativas. As inscrições para os workshops esgotaram ainda antes do início do evento e mais de 600 visitantes, entre turistas e residentes de Macau, participaram na iniciativa, provando produtos, trocando impressões e conhecendo novas marcas de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde e Moçambique.

Desde então, o IPIM tem-se esforçado por levar o “Encontro” para lá das paredes do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Em Abril, o organismo instalou, pela primeira vez, uma loja “pop-up” do “Encontro” – tal decorreu durante a edição deste ano da Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau, no Cotai. A iniciativa permitiu a 20 empresas locais exibirem e comercializarem mais de uma centena de produtos característicos dos países de língua portuguesa e de Macau.

O “Encontro” visa aproximar os produtos dos países de língua portuguesa do consumidor final e do comprador profissional

Em Junho, decorreu uma acção especial no Posto Fronteiriço de Qingmao, que liga o norte da península de Macau à cidade vizinha de Zhuhai, já no Interior da China. Organizado no espaço comercial YoBuy, o evento reuniu 12 empresas locais e mais de uma centena de produtos dos países de língua portuguesa.

Ao longo de três dias, a iniciativa atraiu centenas de visitantes, muitos aliciados pelos sorteios e descontos disponibilizados. Diferentemente dos eventos promocionais anteriores, esta acção teve lugar num centro comercial numa zona residencial. Segundo o IPIM, o objectivo foi não apenas prolongar o papel do “Encontro” para fora do circuito institucional, mas também dinamizar a economia local, estimulando o consumo e aproximando os produtos dos países de língua portuguesa de novos públicos.

A senhora Leong, moradora da zona, disse à Revista Macau que ficou agradavelmente surpreendida com a iniciativa. “Foi uma lufada de ar fresco. Visitei, experimentei alguns artigos e acabei por comprar azulejos portugueses.”

Durante o evento, foi ainda anunciado que o grupo Nam Kwong União Comercial e Industrial, Limitada tem planos para abrir um “Pavilhão Integrado de Países de Língua Portuguesa” em plataformas de comércio electrónico de renome no Interior da China. A medida visa abrir caminho, através de canais digitais, a novas oportunidades de negócio.

Segundo o IPIM, os eventos promocionais promovidos sob a chancela do “Encontro” são avaliados com base em vários indicadores, incluindo o número de participantes, o volume de vendas gerado e o grau de satisfação dos fornecedores e distribuidores envolvidos. O impacto da iniciativa está a ser acompanhado de forma contínua, com o objectivo de reforçar o seu papel enquanto plataforma permanente de promoção e cooperação, é dito.

Para o segundo semestre deste ano, está prevista uma nova série de workshops e outros eventos, centrada em produtos alimentares e bebidas provenientes dos países de língua portuguesa. No final de Junho, decorreu já uma “masterclass” de vinho tinto português.

Iniciativa de sucesso

A F. Rodrigues (Sucessores) Limitada, uma das empresas comerciais mais antigas de Macau, é um dos grupos com produtos disponíveis no “Encontro”. Com um legado de mais de um século na ligação entre Portugal, Macau e o Interior da China, a empresa especializou-se, ao longo das décadas, na distribuição de produtos alimentares e vinhos portugueses de referência.

A F. Rodrigues trouxe para Macau a primeira e única loja dedicada exclusivamente à histórica marca portuguesa de conservas “Porthos”. A empresa-mãe da marca, Conservas Portugal Norte, Lda. — com sede em Matosinhos e fundada em 1932 —, é uma das mais antigas conserveiras de peixe em operação em Portugal. Agora, através do “Encontro”, a F. Rodrigues procura levar a “Porthos” mais longe.

Segundo Angela Rodrigues, directora-assistente da empresa, a entrada no “Encontro” representou uma oportunidade estratégica para o grupo. “Recebemos uma mensagem de correio electrónico do IPIM através do Portal para a Cooperação na Área Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa – já éramos utilizadores registados – e ficámos de imediato interessados”, conta. “A proposta de um espaço que alia a exposição e a venda de produtos de países de língua portuguesa pareceu-nos muito promissora. Trata-se de uma nova forma de comunicar com públicos distintos.”

A responsável sublinha a importância do “Encontro” para elevar a visibilidade dos produtos representados pela F. Rodrigues. “O ‘Encontro’ permitiu-nos alcançar não só residentes e visitantes, mas também delegações e associações vindas do Interior da China”, afirma.

O “Encontro” tem contribuído para criar mais oportunidades, diz Angela Rodrigues, directora-assistente da empresa F. Rodrigues

A empresa participa activamente nas actividades promocionais levadas a cabo pelo “Encontro”, envolvendo-se nas acções de degustação e apresentação directa de produtos, por exemplo, através das conservas “Porthos”. “Ter a oportunidade de contar a história da marca, oferecer uma prova e criar um diálogo directo com o público gera empatia, reforça a confiança e abre caminho a novas colaborações”, sublinha Angela Rodrigues. “Muitos visitantes só se apercebem de que a ‘Porthos’ oferece mais do que as duas conservas clássicas quando passam por este tipo de actividade. Temos uma gama de sabores menos conhecidos, e este contexto convida à curiosidade e à experimentação”, observa.

A empresa já começou a colher frutos da participação no “Encontro”. “Recebemos contactos de comerciantes locais que pediram ao IPIM para nos pôr em comunicação directa. Identificaram possibilidades de colaboração, algumas das quais já estão em curso – nomeadamente com marcas locais e operadores de resorts integrados”, afirma Angela Rodrigues. “Ainda não completámos um ano no ‘Encontro’ e as oportunidades têm surgido de forma contínua. Tem sido surpreendente.”

Outro aspecto valorizado é a auscultação activa do mercado. “Apresentamos os nossos produtos a representantes de várias regiões e países. Essas interacções são extremamente ricas – permitem-nos perceber, por exemplo, que os consumidores do norte do Interior da China tendem a preferir sabores mais subtis.”

Porta para a Grande Baía

Kwok Po Chuen é um dos sócios da Sociedade Fonte do Lilau Limitada, outra empresa com produtos no “Encontro” e que se dedica exclusivamente à comercialização de artigos portugueses, com destaque para os vinhos. Segundo o responsável, a ligação a Portugal tem um lado profundamente pessoal: “O meu sócio é português e eu nasci em Macau. Para nós, os produtos portugueses são também uma forma de preservar memórias e identidade.”

A colaboração com o projecto “Encontro” marcou uma viragem na trajectória da empresa, conta Kwok Po Chuen. Com a visibilidade já alcançada através da iniciativa, a Fonte do Lilau começou a exportar os seus produtos para o Interior da China, sendo hoje a região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau o seu principal mercado.

“O IPIM organiza muitas exposições, incluindo as do ‘Encontro’, e participamos sempre”, sublinha o empresário. “Apesar de termos apenas cinco anos de existência, já somos agentes principais de vários vinhos portugueses na Grande Baía. Mais recentemente, fomos até convidados a expandir o negócio para Xangai. Com a crescente facilitação dos procedimentos aduaneiros e de importação entre Macau e o Interior da China, o mercado chinês continuará a ser o nosso principal foco.”

O responsável valoriza as oportunidades de intercâmbio profissional geradas pelas actividades promocionais. “É importante conhecer empresários de diferentes sectores, trocar experiências e compreender melhor as dinâmicas de cada área. Ganhamos perspectiva e isso ajuda-nos a afinar a nossa estratégia”, afirma.

Para Kwok Po Chuen, o projecto “Encontro” representa uma mais-valia evidente: “Sendo grossistas, trabalhamos sobretudo com empresários e canais profissionais. Mas este espaço permite-nos chegar também ao consumidor final – dar a provar, explicar o produto, criar laços com quem, de outra forma, talvez nunca nos conhecesse.”