Pivetes (incenso)

Perfume das religiões, fragrância para a cura, madeira das limpezas. O incenso atravessa culturas, religiões e marca o tempo, sobretudo para os budistas chineses

 

Pivetes

 

Agradou primeiro aos sacerdotes egípcios que cultivavam as plantas sagradas. Depois dos árabes extraírem daí conhecimentos e óleos, encantou romanos, russos, budistas, cristãos e até islâmicos. Todos viram nestes aromas fumegantes do Oriente em forma de pivetes, ou incensos, uma força da natureza até para relaxar.

À semelhança dos japoneses, os chineses escolheram como ingredientes principais para os pivetes as madeiras de agara (沈香; chénxiāng) e sândalo (檀香; tánxiāng). Há documentos que comprovam a existência de um comércio esporádico entre Timor e a China a partir do século VII, baseado principalmente na venda sândalo para a fabricação de móveis de luxo, de perfumes e pivetes. Foi também o aroma que guiou os portugueses até à ilha do Pacífico, em 1512, que rumaram à Timor em busca do sândalo.

Já lá vão 2000 anos que na China os pivetes entram na vida religiosa, na vida do dia-a-dia e na medicina. Mas a Índia é a pátria do incenso e, por aí, passa também a Rota do Incenso.

O fabrico de pivetes constituía uma das principais indústrias tradicionais e de exportação de Macau no século XX. Ao longo de anos, além de satisfazer as necessidades do mercado local, Macau fornecia ainda incensos para Hong Kong, o Interior da China, o Sudeste Asiático, a Europa e a América. Hoje em dia, ainda se podem encontrar em Macau pequenas fábricas de pivetes.

Uma das lendas sobre a origem do nome de Hong Kong refere este como um porto de exportação da matéria-prima Heong (pivetes). Em cantonês, esta palavra pode ainda ser interpretada como morte, o que poderá ter a ver com o uso dos pivetes.

 

 

Superstições

•          Nunca acenda um incenso sem um propósito

•          Nunca o apague com sopros

•          Nunca escolha uma fragrância sem ter em causa o motivo de acender o incenso

•          Acender sempre três pauzinhos de cada vez

 

Rota do incenso

A legendária Rota do Incenso é a história de um sucesso comercial de 2000 anos de idade. Naquela época, sem transporte, estradas ou mapas, longas caravanas de camelos atravessavam trilhos difíceis, deslocando-se entre ladrões, saqueadores e obstáculos naturais. Mercadorias preciosas passavam pela rota, que começava no Iémen, no leste, atravessava a Arábia Saudita e a Jordânia terminando em Israel, no porto de Gaza, onde eram carregadas em navios mercantes em direcção à Europa. Lá, as mulheres do império romano podiam desfrutar dos perfumes do olíbano e mirto, dos sabores dos condimentos orientais e dos sais úteis para cozinhar e preservar alimentos. A jornada pelos 2400 quilómetros da Rota do Incenso levava cerca de seis meses. As caravanas de camelo, que incluíam milhares de pessoas, moviam-se a um passo lento, passando por 56 pontos de descanso, onde paravam para cuidar dos animais e recobrar as forças para o próximo dia.