Moçambique e China: Parceiros inquestionáveis

A sala estava cheia e o burburinho que se ouvia antes do início da Conferência Parceiros Económicos de Moçambique, em finais de Abril, mais parecia a torre de babel. Organizado por uma instituição bancária e uma revista local, o evento dedicou-se à cooperação com a China, pelo que o mandarim, o português e o inglês confundiam-se em várias filas.

 

 

Texto Marta Curto | Fotos Paulo Alexandre, em Moçambique

 

Com a presença do embaixador em Moçambique da República Popular da China, Su Jian, a Conferência Parceiros Económicos de Moçambique, realizada em Maputo em finais de Abril pela revista Exame Moçambique e o banco Barclays, tornara-se muito mais do que um simples encontro de empresários. Pelo contrário, propunha-se ser um aperto de mãos inequívoco entre os dois Estados, cada vez mais cooperantes e ligados por relações de amizade.

Na verdade, a relação da China com Moçambique é excepcional. Esta frase parece uma utopia, mas não é. Em Maio de 2016, a visita de cinco dias do Chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, à China foi decisiva para as relações de amizade, cooperação e solidariedade entre os dois países. Nessa ocasião, Maputo e Pequim assinaram três acordos de cooperação, nomeadamente respeitantes à capacidade produtiva, à criação de zonas e parques industriais e a acordos entre empresas públicas ligadas ao petróleo. Mas o momento alto da visita foi a assinatura do Acordo de Parceria e Cooperação Estratégica Global, onde foram fixados 14 princípios de cooperação. O acordo baseia-se sobretudo no reforço da capacidade de defesa, salvaguarda da estabilidade do país e formação militar.

Este entendimento tornou Moçambique num caso excepcional da diplomacia chinesa fora da Ásia, já que, até ao momento, só fora assinado com o Congo em África, sendo que os restantes acordos do género foram tidos apenas na Ásia, nomeadamente com Cambodja, Laos, Vietname, Birmânia e Tailândia.

 

 

Por isso, não foi de estranhar a presença na conferência de várias empresas chinesas de renome, nomeadamente o Sogecoa, a China Road and Bridge Corporation (CRBC), e a terceira maior companhia de exploração de petróleo do mundo, a CNPC. Esse foi, aliás, o elemento catalisador e diferenciador do evento: havia empresários chineses e eles queriam comunicar com os moçambicanos.

Logo no início do seu discurso, o embaixador Su Jian afirmou que vários deputados moçambicanos já que lhe haviam dito que realmente a China contribuía muitíssimo para o desenvolvimento do país, mas logo lhe perguntavam “porque falam tão pouco?”. No seu discurso, Su Jian respondeu. “Acho que a conferência de hoje é uma oportunidade para a sociedade conhecer ainda mais do que a China fez em Moçambique, o que está a fazer, o que vai fazer e o como fazer.”

Não havia assim equívocos. Era uma oportunidade de comunicação, de fazer perguntas e sobretudo de ter acesso a uma comunidade que, embora fortemente presente em Moçambique, se mantém fechada sobre ela própria.

 

 

Uma história longa

Foi no século XIX que os primeiros imigrantes chineses desembarcaram em Moçambique. Eram apenas 30 técnicos, vinham da Província de Guangdong e tiveram um papel predominante na construção das linhas de caminho-de-ferro que ligaram Moçambique ao Zimbabué e à África do Sul.

Com comunidades cada vez mais enraizadas, a China começou a penetrar progressivamente no tecido social moçambicano. Diversos restaurantes, templos, clubes e escolas apareceram no início do século XX, destacando-se, na Beira, em 1922, o Clube Chinês – também conhecido por Grémio – e a Escola Chinesa, onde, em 1950, se ensinava mandarim. Na capital do país, o Pagode Chinês abriu portas em 1903 e daria origem a uma Escola Chinesa, e o restaurante Dragão de Ouro, situado onde hoje se ergue o hotel Southern Sun, era tão renomado que a própria praia era mais conhecida pelo nome do espaço comercial.

A amizade com Moçambique seria reforçada também pelo apoio à luta pela independência nos anos de 1960. Aliás a embaixada chinesa foi das primeiras a abrir no Moçambique independente em 1975 e, dois anos depois, era inaugurada a representação diplomática moçambicana na China.

 

 

Macau no caminho

A parceria económica reforçou-se em 2000, aquando da primeira Cimeira ministerial China-África, onde foi criado o Fórum de Cooperação China-África. Três anos depois, nascia o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. O Fórum de Macau passou assim a ser a principal plataforma de intercâmbio económico e comercial entre a China e os países de língua portuguesa. Salimo Abdula, presidente da Confederação Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Moçambique, afirmou que “é realmente através de Macau que se fazem os negócios com a China e são regularmente organizadas várias feiras, assim como missões empresariais de ambos os lados”.

“Tanto no Fórum de Macau como no Fórum de Cooperação China-África, a industrialização e o aumento da capacidade de produção têm sido um tópico recorrente”, afirmou Wang Lipei, Conselheiro Económico e Comercial da Embaixada da República Popular da China em Moçambique, confirmado pela intenção do Plano de Acção 2017-2019, definido na Quinta Conferencia Ministerial do Fórum de Macau, onde ficou estabelecida uma série de iniciativas que visam dar maior autonomia a Moçambique. E este propósito reflecte-se também nos números do investimento directo chinês. Segundo dados do Centro de Promoção de Investimentos em Moçambique, até final de 2016, totalizou 5,7 mil milhões de dólares norte-americanos, cobrindo as áreas de montagem de automóveis, agricultura, construção civil, indústria de manufactura, exploração de recursos minerais, entre outras.

 

 

Ajuda ao desenvolvimento

Actualmente, e de acordo com estatísticas do Serviço Nacional da Migração de Moçambique, mais de 10 mil chineses vivem e trabalham em Moçambique, e são, na sua maioria, gestores e técnicos de projectos. Segundo a Embaixada da República Popular da China, a população chinesa em Moçambique tem vindo a aumentar, mas prevê-se que estabilize graças à formação gradual de mão-de-obra local. Actualmente, as empresas chinesas empregam mais de 20 mil moçambicanos.

Esta é, aliás, uma das grandes apostas da China em Moçambique. Segundo Wang Lipei, “o nosso objectivo é ajudar a desenvolver o país”. Esta ideia foi um dos marcos do discurso de Su Jian na conferência. “Moçambique tem sido o país-piloto que dirigiu a nova experiência e sempre o primeiro ensaio da cooperação sino-africana”, referiu.

Em Moçambique foi instalado o primeiro Centro de Investigação e Transferência de Tecnologias Agrárias da China em África. O maior projecto de cultura de arroz da China em África foi também desenvolvido neste país. A ponte Maputo-Catembe, a maior do género em África, com o maior vão suspenso, será entregue este ano. Também em construção está o Centro Cultural Moçambique-China, que é o segundo maior projecto de assistência chinesa no continente africano. Por fim, está previsto o desenvolvimento do primeiro projecto de cooperação tripartida da agricultura em África entre Moçambique, a China e a América.

 

 

Nova estratégia

No seu propósito de tornar Moçambique cada vez mais autónomo, a China mudou um pouco a sua estratégia nos últimos anos. Se anteriormente focava a sua atenção na construção de edifícios e instalações públicas em Moçambique, hoje está mais dedicada ao bem-estar da população e aos interesses e prioridades do governo moçambicano. Não será por acaso que o director-geral da China Road & Bridge Corporation (CRBC), Bai Peng Yu, afirmou que “a nossa empresa foca-se nas metas de investimento do governo moçambicano”. Note-se que a CRBC foi a responsável pelo desenvolvimento da Estrada Circular de Maputo, que permitiu uma maior fluidez do trânsito da capital, e está neste momento a finalizar a construção da ponte Maputo-Catembe.

A título de exemplo desta aposta no desenvolvimento do país, na área da saúde a China está a financiar a construção do Edifício de Pediatria do Hospital Central da Beira e o edifício de residência para médicos moçambicanos e chineses em Maputo. Nas últimas quatro décadas, o governo chinês já trouxe 21 equipas de médicos chineses a Moçambique. No que diz respeito aos transportes, a China ofereceu 72 autocarros em 2011, e está prevista a oferta de outros 80 ainda este ano. Além disso, financiou a construção da Oficina de Manutenção de Autocarros na Matola. Os projectos da Ponte Maputo-Catembe, Estrada Circular de Maputo, Estrada N6, entre outros, beneficiaram de empréstimos em condições preferenciais.

 

 

Momento de viragem

Um dos momentos de viragem para uma maior confiança empresarial chinesa em Moçambique foi a visita a Moçambique do presidente Hu Jintao, em Fevereiro de 2007. Segundo o Centro de Promoção de Investimento, o impacto da visita oficial foi tão grande que o investimento chinês em Moçambique passou de cerca de um milhão de dólares norte-americanos em 2006, para 61 milhões em 2007. Foi, aliás, nesse ano criada a Câmara de Comércio Chinesa, que conta actualmente com 45 membros, sendo dez empresas públicas e as restantes privadas, nomeadamente a Sogecoa, a CRBC, a Huawei e a ZTI.

Segundo Guo Manyi, representante da Câmara e vice-presidente da empresa Sogecoa em Moçambique, o número de empresas interessadas em entrar no mercado moçambicano é crescente. “Diariamente recebemos cartas e e-mails com perguntas. Este é um mercado muito atractivo para as empresas chinesas.” Não será por acaso que desde 2000 o valor das trocas comerciais entre os dois países não cessa de subir.

Segundo a embaixada chinesa, há 17 anos o valor do comércio entre a China e Moçambique cifrou-se nos 33,5 milhões de dólares norte-americanos, sendo que 26 por cento correspondiam às exportações de Moçambique. Já no ano passado o valor do comércio chegou aos 1860 milhões de dólares, com os produtos provenientes de Moçambique a representarem 26 por cento nessas trocas.

 

 

No que diz directamente respeito à Sogecoa, presente no país desde 1996 e responsável pela construção de unidades hoteleiras, como o aparthotel Sogecoa, o Hotel Glória em Maputo, e o Golden Peacock na Beira, Manyi afirmou que o que torna Moçambique tão apetecível é o facto de “ser estável politicamente e ter bons incentivos ao investimento. Sentimo-nos bem vindos aqui”. Até agora, a Sogecoa já fez investimentos na ordem dos 500 milhões de dólares norte-americanos em Moçambique.

Respondendo a este crescente interesse de empresas chinesas pelo mercado moçambicano, a seguradora Fidelidade, participada em 85 por cento pelo grupo chinês Fosun, “dispõe em Moçambique de um call center com profissionais que falam mandarim”, como aponta Carlos Leitão, director-geral da Fidelidade Moçambique, empresa também presente em Macau. “A abordagem à comunidade chinesa é feita através de pessoas da própria comunidade chinesa, de forma a ultrapassarmos uma das primeiras barreiras da comunicação que é a língua”, acrescenta.

Mas nem só a língua é um problema. Apesar de rico a nível de recursos naturais, Moçambique ainda é um país bastante pobre no que diz respeito a infra-estruturas básicas. Essa é uma lacuna que Hefeng Dong, director-geral da Africa Great Wall Mining, aponta como barreira. “A falta de energia é por vezes um obstáculo ao desenvolvimento de certos projectos, pois aumenta exponencialmente o seu preço. Já tivemos de desistir de um projecto de uma fábrica de cimento por falta de infra-estruturas no local.” Dificuldades que com o tempo e a vontade de ambos os países se esperam ultrapassadas no futuro.

 

 

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RADAR LUSÓFONO

 

Mais de 300 mil visitas no portal sobre produtos alimentares lusófonos

O Portal para a Cooperação na Área Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa recebeu nos seus dois primeiros anos de existência mais de 300 mil visitantes, segundo o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). O portal, que dispõe de informações sobre mais de 10 mil tipos de produtos alimentares dos países de língua portuguesa e tem quase 14 mil utilizadores inscritos, é patrocinado pelo Ministério do Comércio da China e pelo Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças de Macau, é coordenado pelo IPIM e funciona, em colaboração com o secretariado permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, como parceiro especialmente convidado. O IPIM sublinha que, graças ao portal, várias empresas de Macau conseguem obter informações sobre produtos alimentares dos países de língua portuguesa, contactar fornecedores e aumentar as oportunidades de negócio através do serviço de bolsas de contactos existente naquele portal.

 

Estudantes de MBA do Porto em missão na China

Duas dezenas de estudantes de MBA da Católica Porto Business School participaram, em Abril, em visitas e encontros empresariais na China para alargar a rede de contactos e explorar oportunidades para os sectores em que trabalham. O grupo de 24 estudantes frequenta o MBA executivo, destinado a alunos que fazem a formação a par da sua carreira profissional, o qual tem a duração de um ano e meio e contempla duas semanas internacionais. A China surge pela segunda vez no ‘mapa’ do MBA Internacional, que vai na sua 12.ª edição, acolhendo uma das duas semanas internacionais do mestrado executivo depois de ter ocupado um lugar que anteriormente pertencia ao Brasil. O programa incluiu visitas e encontros empresariais em Macau, Hong Kong e em Zhongshan, na Província de Guangdong.

 

Empresas chinesas investiram US$ 52 mil milhões no Brasil em uma década

O investimento efectuado por empresas da China no Brasil cifrou-se em 51,7 mil milhões de dólares norte-americanos no período de 2005 a 2016, segundo dados da publicação Panorama Internacional, da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Estado do Rio Grande do Sul. “Desde 1974, quando o Brasil retomou as relações diplomáticas com a República Popular da China, este país aumentou a sua participação até assumir a posição de principal destino das exportações brasileiras, competindo com a União Europeia, América Latina e Caraíbas”, assinala Robson Valdez, um dos economistas que elaborou a publicação. A China é actualmente o principal parceiro comercial do Brasil e do Rio Grande do Sul, além de maior produtor mundial de arroz e tabaco, segundo maior produtor de trigo e milho e quarto maior produtor de soja, culturas importantes para o Brasil. Para aquele Estado brasileiro, a relação com a China é fundamental, dado que este país é o seu principal parceiro comercial: em 2016, por exemplo 27,5 por cento das exportações estaduais seguiram para a China, com a soja a dominar essa actividade, com quase 80 por cento do total.

 

Grupos chineses interessados na compra de empresas de construção do Brasil

Grupos chineses pretendem comprar grandes empresas de construção civil e participar em leilões para a construção de linhas de caminho-de-ferro no Brasil a fim de aumentarem a sua presença em projectos de infra-estruturas no país, disse o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China (CCIBC). Charles Tang apontou à agência Reuters que os grupos chineses pretendem preencher o vácuo deixado pelas grandes empresas brasileiras que estão a enfrentar dificuldades financeiras e, em alguns casos, problemas relacionados com corrupção. Os grupos chineses, prossegue Tang, dispõem de capacidade para, além de prestar serviços de construção civil, garantir o financiamento para esses empreendimentos, o que “representa uma vantagem competitiva face à maior recessão económica que o Brasil está a registar há décadas, realidade que tem tornado o crédito escasso e caro. Charles Tang mencionou que os grupos chineses estão muito interessados nos projectos de caminhos-de-ferro que o governo federal do Brasil pretende leiloar este ano, caso das linhas Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) entre Ilhéus e Caetité (estado da Bahia) e a Ferrogrão, entre Mato Grosso e Pará. O presidente da CCIBC adiantou o interesse dos grupos chineses em obras de maior dimensão, caso venham a ser aprovadas, como o comboio de grande velocidade entre São Paulo e o Rio de Janeiro e da linha ferroviária transoceânica, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico.

 

Empresários da CPLP e da China reúnem-se em Cabo Verde

Cabo Verde acolhe de 16 a 18 de Junho o encontro entre empresários da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da China sob o lema “Promoção de oportunidades para uma cooperação económica entre a China e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”. O encontro insere-se no quadro do reforço da cooperação económica e empresarial entre a China e a CPLP e visa promover as oportunidades de negócios existentes em cada um dos países. “A ideia é aumentar as trocas comerciais, facilitar encontros, sobretudo de pequenas e médias empresas, de modo a serem identificados novos mercados e explorar as sinergias, aproveitando a plataforma Cabo Verde, que é um país estável, democrático e muito bem situado”, sublinhou Ana Lima Barber, presidente da Cabo Verde TradeInvest. O encontro terá lugar na capital, Praia, e conta com a participação de cerca de 300 empresários da China, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Brasil, Portugal, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Uma delegação de Macau organizada pelo Instituto para a Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) estará presente no encontro juntando representantes do Fórum de Macau e do Pan-Delta do Rio das Pérolas.

 

Shanghai Electric Power investe US$ 3 milhões em Moçambique

A empresa Shanghai Electric Power Co vai aplicar 3 milhões de dólares norte-americanos nos próximos 12 meses para garantir a conclusão de trabalhos relacionados com a construção de uma central térmica em Moçambique. A conclusão dos trabalhos, como aponta a empresa moçambicana Ncondezi Energy, é necessária para garantir a obtenção do contracto de concessão, que será feito por decreto governamental. As duas empresas têm estado a desenvolver conjuntamente este projecto em Moçambique, tendo-se a Shanghai Electric Power Co comprometido já com um investimento de 25,5 milhões de dólares em troca de uma participação de 60 por cento na Ncondezi Power Holding 2 Ltd., a empresa que vai deter e gerir a central térmica. Esta central, que numa fase inicial terá uma capacidade instalada de 300 megawatts, deverá ser expandida por fases de igual dimensão até atingir 1800 megawatts, indo a produção ser vendida à estatal Electricidade de Moçambique que a injectará na rede a fim de abastecer a região norte do país.

 

RAEM quer maior dinamismo na plataforma

A Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa alcançou os resultados “primordiais”, sublinhou o Chefe do Executivo da RAEM. Contudo, para Chui Sai On, é necessário “impulsionar” com “maior dinamismo” a construção da respectiva plataforma de serviços pois há ainda “grande volume de trabalho” que necessita de “esforços e colaboração a nível interdepartamental”, segundo refere uma nota oficial. O Chefe do Executivo falava durante a segunda reunião plenária da Comissão para o desenvolvimento da plataforma de serviços sino-lusófona, realizada em Abril. Para concretizar a referida posição de grande relevância na estratégia nacional, foi dada relevância à necessidade de “elevar para um novo patamar” a construção da plataforma de serviços através de uma combinação “orgânica” com a estratégia nacional “Uma Faixa, Uma Rota”. Já o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, disse que o Governo irá continuar de forma “pragmática” os diversos trabalhos, incluindo, intensificar o estudo sobre criação da base offshore de inovação e empreendedorismo juvenil da China e dos países de língua portuguesa, criando melhores oportunidades de desenvolvimento para os quadros bilingues.

 

Embaixada da China em Angola em edifício de raiz

A Embaixada da China em Angola irá ocupar um edifício a ser construído no terreno onde actualmente se encontra o Cine Miramar, em Luanda, dando seguimento a um acordo assinado entre os dois países em 2013. O acordo, assinado pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores e pelo então embaixador da China em Angola, Gao Kexiang, não definia uma localização exacta mas mencionava já um terreno na Boavista, distrito do Sambizanga, para a construção de um novo edifício da Embaixada da República Popular da China. O diplomata chinês justificava nessa altura a mudança da Embaixada para um novo edifício, a construir de raiz, com o facto de as actuais instalações já não condizerem com as necessidades da representação diplomática em Angola.

 

Empresa chinesa conclui colocação de tabuleiro em ponte moçambicana

O tabuleiro da ponte entre Maputo e Catembe será colocado até Dezembro, com a empresa China Road and Bridge Corporation (CRBC) a dar início ao processo em Julho, disse o presidente da Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul, Silva Magaia. Está já a decorrer a instalação da plataforma de trabalho, uma espécie de via suspensa em cordas metálicas, que permitirá aos construtores trabalharem entre as duas torres na preparação do lançamento do cabo que sustentará o tabuleiro no vão de 680 metros sobre o mar. O tabuleiro em metal foi construído na China e o navio que transporta as 57 peças em que foi repartido deverá atracar no porto de Maputo no início de Junho, o que marcará a data para o início da sua montagem. Cada peça tem 12 metros de largura e 26 de comprimento, três metros de espessura e pesa cerca de 125 toneladas. Com conclusão total prevista para o final de 2017, a ponte, com pouco mais de três quilómetros de extensão, terá 680 metros de tabuleiro suspensos sobre a baía, com pilares numa e noutra extremidade. O projecto tem um custo estimado de 700 milhões de dólares norte-americanos e é apoiado por um empréstimo concedido pelo Banco de Exportações e Importações da China.

 

Brasil e China discutem inovação tecnológica e Internet

A cidade de São Paulo recebeu, em Maio, a “Chinnovation 2017”, o primeiro encontro entre empresários da China e do Brasil de negócios ligados à Internet, numa organização da Agência de Promoção de Negócios Digitais entre Brasil e China. Dezenas de empresários de grandes empresas com negócios online, analistas financeiros, investidores e gestores de fundos de investimento juntaram-se para apresentar casos de inovação da indústria digital chinesa e para identificar oportunidades de parcerias e investimentos no Brasil. A China, maior parceiro comercial do Brasil desde o início dos anos 2000, é o maior mercado de Internet do mundo, não só em número de utilizadores, mas também como fonte de capital de risco e facturação com comércio electrónico e pagamentos móveis. A China tem actualmente 700 milhões de utilizadores da Internet, comércio electrónico no montante de 3,1 biliões de dólares, 200 milhões de utilizadores que fazem pagamentos no valor de 235 mil milhões de dólares, capital de risco que ascendeu a 100 mil milhões de dólares apenas em 2016, quatro das 10 maiores empresas de Internet do mundo e é sede de quatro das dez maiores iniciativas empresariais com um valor de mercado superior a mil milhões de dólares.

 

Lançado Prémio de Jornalismo da Lusofonia

O melhor trabalho jornalístico sobre Macau vai passar a ser anualmente distinguido com um prémio pecuniário de 10 mil euros, ao abrigo de uma parceria entre o Clube Português de Imprensa e o Jornal Tribuna de Macau (JTM). Dirigido a todos os profissionais da comunicação social dos países de língua portuguesa, o galardão visa incentivar o desenvolvimento da língua portuguesa. A iniciativa está inserida no conjunto de actividades que vão ser promovidas pelo Jornal Tribuna de Macau ao longo deste ano, que em Novembro próximo celebra 35 anos de existência.

 

Empresas chinesas investiram mais de US$ 50 mil milhões nos países de língua portuguesa

O investimento das empresas da China nos países de língua portuguesa ascende a 50 mil milhões de dólares norte-americanos e o valor das empreitadas nesses países excede 90 mil milhões de dólares, segundo informações do secretário-geral adjunto do Fórum de Macau indicado pela China. Ding Tian, que usava da palavra numa sessão sobre oportunidades de negócio nos países de língua portuguesa organizada Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, salientou que as trocas comerciais entre a China e os “oito” totalizaram quase 100 mil milhões de dólares em 2016, continuando a China a ser “um dos mais importantes parceiros” desses países. O secretário-geral adjunto do Fórum de Macau indicado pela China adiantou que Macau tornou-se “uma ponte indispensável entre as partes – China e países de língua portuguesa” devido às suas vantagens singulares.

 

Comércio sino-lusófono sobe 32,6%

As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa subiram 32,6 por cento até Fevereiro, em termos anuais homólogos, para 14,84 mil milhões de dólares norte-americanos. Dados dos Serviços de Alfândega da China, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 10,28 mil milhões de dólares (9,67 mil milhões de euros) – mais 43,74 por cento – e vendeu produtos no valor de 4,56 mil milhões dólares (4,29 mil milhões de euros) – mais 12,97 por cento comparativamente aos primeiros dois meses do ano passado. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com Angola a ocupar a segunda posição.

 

Empresário de Macau lança projecto em Setúbal

A Macau Legend Development (MLD), propriedade do empresário David Chow, reuniu-se com a Câmara de Setúbal, em Portugal, para avançar com o pedido de classificação do empreendimento turístico da zona ribeirinha da cidade como Projeto de Interesse Nacional (PIN). Trata-se de um projeto que inclui um hotel, área comercial e residencial, um pavilhão multidesportivo, um parque de estacionamento e uma marina, e que tem um custo global de cerca de 246 milhões de euros. A empresa de Macau e a autarquia portuguesa assinaram no ano passado um memorando de entendimento para um projeto de turismo, lazer e entretenimento, na zona ribeirinha cidade de Setúbal. A Macau Legend, que tem espaços de entretenimento e de jogo em Macau, anunciou também um acordo não vinculativo com três empresas em Portugal — a Fundo Aquarius, Amorim Turismo e B&G — para constituir uma empresa responsável pelo desenvolvimento do projecto de Setúbal.