O sector das frutas é uma das áreas onde o Brasil quer aumentar as suas exportações para a China

“Vemos o futuro com optimismo”, diz embaixada

A Embaixada do Brasil em Pequim prefere não fazer previsões quanto ao futuro das relações comerciais com a China, mas mostra confiança, face aos números da última década. “Tendo em conta as perspectivas económicas tanto do Brasil quanto da China, vemos o futuro com optimismo”, refere a principal representação diplomática brasileira em solo chinês.

Em resposta à Revista Macau, a embaixada recorda que a China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. Cerca de uma década depois, o Brasil tornou-se o principal exportador de alimentos para o mercado chinês. Segundo dados do Ministério da Economia brasileiro, o comércio bilateral alcançou um valor total de 138,2 mil milhões de dólares americanos no ano passado. “Foi o maior em toda a história”, vinca a embaixada.

Em 2021, Brasília obteve um superavit recorde com a China de 41,5 mil milhões de dólares americanos. “O Brasil é parceiro tradicional de produtos oriundos do agro-negócio e fornecedor confiável de alimentos para o mercado chinês”, releva a embaixada. 

De Janeiro a Novembro de 2021, refere a representação diplomática, o Brasil forneceu cerca de 80 por cento do açúcar importado pela China; 66 por cento da soja; 41 por cento da carne de frango; 40 por cento da carne bovina congelada; e 16 por cento da carne suína. “Temos participação relevante também nas importações de insumos importantes para a manufactura chinesa, como o couro (36 por cento), o algodão (26 por cento) e a celulose (26 por cento). Na indústria pesada e de construção, destaca-se o minério de ferro (21 por cento)”, discrimina a embaixada brasileira em Pequim.

A entidade ressalva que, apesar do sucesso, as companhias brasileiras não devem baixar os braços. “As grandes empresas brasileiras do sector das ‘commodities’ agrícolas e minerais têm uma presença relativamente consolidada no mercado chinês. Isso não quer dizer que não haja competição, e que não precisem de investir na divulgação e em acções de promoção comercial e conquista de novos clientes.”

Quanto às empresas de outros sectores, segundo a embaixada, há “amplo espaço” para alargarem a fatia de mercado ou começarem a vender no mercado chinês – em particular, quando se trata de produtos ou alimentos processados. “Factores como a distância e as diferenças linguísticas e culturais certamente tornam mais difícil esse intercâmbio. Ainda assim, vêm sendo consolidados laços bilaterais que podem favorecer o comércio”, salienta a Embaixada do Brasil na China. “Em termos práticos, em primeiro lugar, é importante fazer com que o consumidor chinês conheça os produtos brasileiros e a sua qualidade.”

A entidade enfatiza que é crucial um trabalho de divulgação comercial constante através de eventos como a Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, na sigla inglesa). “Depois, é preciso uma estrutura logística que permita a distribuição adequada dos produtos. Os canais electrónicos têm um papel fundamental e a China tem a grande vantagem de ser um dos mercados nos quais esses canais estão mais desenvolvidos”, conclui a embaixada.