Cronologia da História de Macau

Beatriz Basto da Silva
Livros do Oriente, 2015


Do início do século XVI ao final do século XX, a nova edição de Cronologia da História de Macau, de Beatriz Basto da Silva, percorre 500 anos de relações luso-chinesas.

Beatriz Basto da Silva

 

Texto Sofia Jesus | Fotos Carmo Correia

 

Há duas coisas que fazem Beatriz Basto da Silva “perder a noção do tempo”: uma é pintar a óleo, a outra é fazer buscas historiográficas. Foi esta última paixão que ocupou a historiadora “de manhã, de noite, em férias e feriados”, ao longo dos últimos quatro anos, quando se lançou no trabalho de reformulação e ampliação da sua obra Cronologia da História de Macau, editada pela primeira vez na década de 1990.

Agora com a chancela da editora Livros do Oriente, que este ano assinala o seu 25º aniversário, a nova edição – a terceira – consiste em quatro volumes que vão do início do século XVI a 20 de Dezembro de 1999 (a edição anterior terminava na Assinatura da Declaração Luso-Chinesa, em 1987), com o último volume dedicado a referências bibliográficas.

Em conversa com a MACAU, Beatriz Basto da Silva conta que a ideia de reeditar a obra ganhou forma quando lhe disseram que a mesma estava esgotada e era “muito procurada”. A investigadora, que desde a última edição vinha recolhendo material que lhe ia chegando às mãos, abraçou o desafio. O trabalho que se seguiu beneficiou de traduções recentes feitas por académicos chineses, bem como de “novas perspectivas” de vários estudiosos, que verificaram que, nesta história luso-chinesa, houve “mais encontro que desencontro”.

 

Busca incessante

Foi em meados dos anos 1970 que Beatriz Basto da Silva começou a trabalhar naquela que viria a ser a sua “obra de vida”. Começou por recolher “verbetes”, “em caixas de sapatos”, e, em 1992, nascia o primeiro dos cinco volumes que compuseram a primeira edição de Cronologia da História de Macau.

O que “deu forças” à autora para arrancar com o projecto foi a sua ligação ao Arquivo Histórico de Macau, de que foi directora. Um serviço “apaixonante” e “gratificante”, comenta.

Convicta de que “na vida de uma pessoa (ou de muitas) não cabe uma História de Macau”, a investigadora optou por criar uma cronologia, certa de que esta “permite balizar a história” e fazer “uma pincelada” de cada época, mostrando que “houve gente que lutou, que cresceu”, que “isto não aconteceu do pé para a mão” nem foi “uma conquista de meia dúzia de pessoas”. “Foi uma gesta luso-chinesa de convergência e divergência, de acordos e desacordos, muito penosa, muito sofrida”, resume, destacando a “transparência” com que portugueses e chineses tiveram de “viver face a face”, numa relação que foi, desde sempre, a de uma “janela de oportunidades”.

Hoje, Beatriz Basto da Silva lamenta que, apesar de “muito bonita” e “única no mundo”, a história de Macau seja desconhecida de grande parte da nova geração. A investigadora – que foi também professora de liceu e directora da Escola do Magistério Primário – critica a falta de manuais específicos da história de Macau nas escolas chinesas locais. Uma lacuna que espera ver suprimida no futuro. De contrário, alerta, “como é que [os jovens] vão respeitar um património que se diz classificado?”

Cronologia da História de Macau

Quatro volumes

Autora: Beatriz Basto da Silva

Editora: Livros do Oriente