Brasil abraça o “Gigante do Oriente”

A China deverá ser o segundo maior parceiro comercial do Brasil até ao final de 2006

Nos últimos dez anos, as trocas comerciais entre o Brasil e a China aumentaram mais de sete vezes, passando de 1,2 mil milhões de dólares (1994) para 9,1 mil milhões de dólares (2004). A China é já  o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos e da Argentina. A previsões apontam nesta altura para que a China seja o segundo maior parceiro comercial do Brasil até ao fim de 2005, com trocas comerciais na ordem dos 12 mil milhões de dólares. “O nosso desejo é alargar cada vez mais essa parceria”, comenta a propósito o vice-ministro do Desenvolvimento e do Comércio Exterior do Brasil, Ivan Ramalho.

Brasil e China iniciaram relações diplomáticas em 1974. Contudo, as trocas comerciais começaram a crescer apenas a partir de 2001, com a entrada chinesa na Organização Mundial do Comércio (OMC). Actualmente o fluxo comercial entre os dois países aumenta a um ritmo próximo dos 30 por cento ao ano. “O fim das barreiras alfandegárias chinesas beneficiou as exportações agrícolas do Brasil, área em que o país tem grande competitividade”, salienta o economista Fernando Ribeiro,da FundaçãoCentro de Estudos em Comércio Exterior (Funcex), uma das principais instituições de investigação do sector no Brasil.

A lista de produtos comercializados entre os dois países ainda é restrita e concentrada nas mãos de grandes empresas. Soja, óleo de soja, minério de ferro e produtos siderúrgicos representam cerca de dois terços das exportações brasileiras para a China. A China vende, entre outros, máquinas, aparelhos electrónicos e carvão mineral para o Brasil. Actualmente, a balança comercial está em equilíbrio, depois de ter sido favorável ao Brasil, nos últimos quatro anos.

Alargar a rede de produtos

 

Os empresários chineses planificam entretanto alargar o volume e a variedade de produtos vendidos para o Brasil, nomeadamente têxteis, calçados, brinquedos e utensílios de plástico. “São sectores onde a indústria brasileira é deficiente e a indústria chinesa detém tecnologia de ponta”, afirma Titus Liu, director da Câmara de Comércio Brasil – China, instituição que representa cerca de 300 empresas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a China, em Maio de 2004, acompanhado por 350 empresários brasileiros para estimular a aproximação comercial. “A China é o maior importador mundial e o Brasil só detém um por cento deste comércio”, contextualiza Ivan Ramalho. O Brasil quer igualmente atrair investimentos chineses, nomeadamente no sector de infra-estruturas. No ano passado, o Brasil recebeu 20,2 mil milhões de dólares em investimentos directos estrangeiros (IDE), sendo apenas 4,3 milhões de dólares da China. Nesse contexto, o Parlamento brasileiro aprovou recentemente legislação sobre parcerias público-privadas (PPP’s), que oferece incentivos para empresas estrangeiras investirem em infra-estruturas.