Na terra das oportunidades

Kimberly Johans, jornalista australiana, há ano e meio em Macau

 

Como veio para Macau?

O diário Macau Daily Times estava a dar os seus primeiros passos e o director foi recrutar jornalistas à Austrália para integrar o projecto. Eu vi um anúncio no boletim electrónico da minha universidade e decidi responder. Como nunca tinha trabalhado em jornalismo fora do círculo académico, não pensei que pudesse ser escolhida. Apesar de tudo concorri e fiz figas! O que mais me assustou foi quando alguém me pediu, na semana anterior, para localizar Macau no mapa e eu perdi-me! Na entrevista devo ter parecido uma especialista em estatísticas, já que debitava estatísticas sobre Macau. Isto foi há pouco mais de um ano e meio. A minha mãe e os meus amigos apostavam em como não aguentaria mais de três meses em Macau. Estou há dezoito meses. Um bom número!

Adaptou-se bem?

Sou de Sydney e como cidade não podia ser mais diferente! Em Macau, a humidade intensifica a sensação de calor, embora eu saiba que faz muito bem à pele. Em Sydney a temperatura no Verão sobe muito, mas o clima é seco, aguenta-se melhor esse aspecto. Em Macau temos milhares de pessoas permanentemente na rua! De onde venho, nem mesmo juntando o número de habitantes aos visitantes conseguimos atingir metade dos valores de Macau…

Quais são os desafios que esta cidade lhe oferece?

A Macau de há um ano e meio é totalmente diferente da Macau de hoje. Lembro-me de cobrir eventos em conferências de imprensa onde apenas se falava chinês ou português. Eu ficava desesperada, por não saber como obter informação. Tinha de recorrer a tradutores, já na redacção. Felizmente que esse problema foi ultrapassado.

Hoje sinto-me muito melhor, mas ainda bem que tive esses momentos, porque obrigaram-se a pensar ‘fora do quadrado’.

Agrada-lhe sentir a variedade cultural local?

A abertura de novos casinos e de projectos vários trouxe muita gente de todo o lado, o que contribuiu para aumentar a diversidade cultural de Macau. Não tenho dúvidas em como este aspecto vai continuar a crescer. Pessoalmente, e como vejo que os australianos estão a instalar-se em Macau ‘como pombos’, cada vez mais me sinto em casa!

Eu noto que em Macau, em 18 meses, ou seja, desde que cá estou, o tecido humano e social mudou bastante.

Quais são os pontos fortes desta cidade?

Além da herança cultural e da beleza física, que são certamente razões para as pessoas cá virem, Macau oferece oportunidades para todos os que estão dispostos a agarrar nelas. Devido ao enorme desenvolvimento económico e social, há espaço para toda a gente, especialmente os que têm uma visão e determinação para atingir os seus objectivos. Por vezes sinto que muita gente apenas se concentra no que Macau não tem, no entanto, há tanto que podemos fazer! Eu estou cheia de ideias e apenas necessito de tempo para as colocar em prática!