ENSINO SUPERIOR

Língua portuguesa dá base a alianças

A Universidade de Macau avançou com o estabelecimento das duas alianças bibliotecárias no âmbito das comemorações dos 40 anos da instituição de ensino superior
Universidade de Macau lança “projecto inédito” de partilha de materiais em português, para aproximar instituições de ensino superior da RAEM a congéneres do Interior da China e da Lusofonia

Texto  Catarina Brites Soares

A UNIVERSIDADE de Macau criou recentemente duas alianças bibliotecárias para promover a partilha de materiais e conhecimento em português entre instituições de ensino superior. A Aliança Bibliotecária Académica para Recursos em Língua Portuguesa entre a Região Administrativa Especial de Macau e o Interior da China, em conjunto com a Aliança Bibliotecária Académica entre a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e os Países de Língua Portuguesa, unem um total de 40 parceiros. O objectivo é crescer.

O número foi escolhido pelo simbolismo para assinalar os 40 anos da Universidade de Macau (UM), mas ambas as alianças estão abertas a mais membros. “Entretanto, já fomos contactados por três instituições do Brasil, de Portugal e de Macau que pretendem igualmente aderir”, adianta Rui Martins, vice-reitor da UM, à Revista Macau.

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O responsável defende que o projecto, lançado em Setembro, é muito importante porque promove os 40 anos da UM pela Lusofonia e China, mas também porque vai criar um acervo partilhado de recursos e meios em português, centrado na Universidade de Macau. “Não existe nenhuma aliança deste tipo entre os Países de Língua Portuguesa, e muito menos entre a China e esses países, pelo que a criação destas duas alianças é totalmente inédita”, salienta. 

Uma das finalidades da iniciativa é promover a utilização conjunta dos recursos e informações disponibilizados pelas bibliotecas das universidades participantes, para prestar apoio e colaborar nos domínios do ensino, da aprendizagem e da investigação académica.

“O principal acervo de informação académica da língua e cultura portuguesas existe na sua maior parte nas bibliotecas das universidades dos diversos Países de Língua Portuguesa”, diz Rui Martins. “Estas alianças têm precisamente como um dos objectivos a criação de uma plataforma digital, mas não só, baseada na Biblioteca da Universidade de Macau e ligada através da internet com todas as outras bibliotecas-membro, que permita o acesso a todo esse manancial de informação, cuja ordem de grandeza é de dezenas de milhões de documentos, físicos ou virtuais”, detalha.


“A criação destas duas alianças é totalmente inédita”

RUI MARTINS
VICE-REITOR DA UNIVERSIDADE DE MACAU

Cada instituição irá contribuir com a disponibilização de recursos bibliotecários, havendo uma ligação em rede (ver caixa). Além do arquivo digital, a parceria também visa a realização conjunta de eventos como conferências académicas, acções de formação e intercâmbios ao nível dos profissionais e actividades das bibliotecas.

Papel pioneiro

Sobre a Aliança com as Universidades do Interior da China, Rui Martins refere que faz todo o sentido a sua criação, dado o desenvolvimento da oferta do ensino da Língua Portuguesa na China nos últimos 20 anos. “Neste momento, são mais de 50 universidades no interior da China e em Macau que o fazem”, sublinha, com a ressalva de que um dos obstáculos apontados por professores e alunos das instituições é a dificuldade de acesso a materiais em português. “Assim, pensámos em criar um projecto-piloto, com 20 universidades – chinesas que oferecessem cursos em português, e de Macau –, que estabelecesse uma Aliança Bibliotecária.”

Desta iniciativa fazem parte a Universidade de Pequim, a Universidade de Tsinghua, a Universidade de Estudos Internacionais de Xangai e diversas instituições de ensino superior locais, entre outras.

Já a Aliança Bibliotecária Académica com os Países de Língua Portuguesa inclui, além da Associação de Universidades de Língua Portuguesa e do Centro Científico e Cultural de Macau, em Portugal, universidades de sete países: cinco de Portugal, cinco do Brasil, duas de Angola, duas de Moçambique, uma de Cabo Verde e outra de Timor-Leste, além da UM e da Universidade de São José, em representação de Macau.

As cerimónias de criação das duas alianças decorreram em Setembro, em formato online

Num vídeo transmitido na abertura da cerimónia de assinatura do acordo de criação da Aliança Bibliotecária Académica com os Países de Língua Portuguesa – que decorreu online devido às limitações ligadas à pandemia –, o reitor da Universidade de Macau frisou que a instituição tem como prioridade promover o ensino do português.

“O português é uma das línguas oficiais de Macau e é um testemunho da história do território e da formação identitária cultural”, sublinhou Yonghua Song durante a cerimónia de assinatura do acordo, que teve lugar durante o XXX Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa, o qual também decorreu em formato digital.

O responsável frisou que a UM tem envidado todos os esforços para se enquadrar no posicionamento confiado pelo Governo Central a Macau como Plataforma de Serviços para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. A par da formação de quadros bilingues chinês-português e de docentes de língua portuguesa, Yonghua Song diz que a UM tem agora outra missão: “Reunir uma panóplia abundante de recursos linguísticos em português”, para partilha com os seus parceiros.